Mês marca campanha de conscientização sobre EM. Doença neurológica autoimune atinge cerca de 40 mil brasileiros, conforme estimativa
Agosto é marcado como o mês de conscientização da Esclerose
Múltipla, doença neurológica, crônica e autoimune que atinge cerca de 40 mil
brasileiros, conforme estimativa da Associação Brasileira de EM (ABEM). Na EM,
as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, o
que provoca lesões cerebrais e medulares.
A doença é mais comumente registrada entre os 20 e 40 anos de
idade, com os pacientes tendo sintomas como fadiga, problemas de coordenação e
equilíbrio, além de espasticidade (rigidez de um membro, como as pernas). Os
quadros podem levar a dificuldades motoras, sensitivas e até mesmo cognitivas.
Por isso, os surtos podem levar a uma perda de autonomia e qualidade de vida.
Ainda sem conhecer as causas e também sem cura, os tratamentos
disponíveis são voltados para a inibição do processo inflamatório e redução das
crises ao longo do tempo. Para garantir estes objetivos, a Terapia Ocupacional
(T.O) pode ser uma importante aliada para os pacientes com Esclerose Múltipla.
“A Terapia Ocupacional trabalha com a conservação de energia,
porque é o esforço excessivo que pode ser muito prejudicial para os pacientes.
O nosso desafio é fazer o exercício, porque é preciso manter as atividades, mas
sem levar à exaustão. O objetivo é manter e preservar ao máximo as funções”,
explica a terapeuta ocupacional Syomara Cristina, que tem mais de 30 anos de
experiência.
Segundo ela, atividades que podem parecer muito simples, como
escovar os dentes ou fechar um botão de roupa, podem ser um trabalho árduo para
um paciente com Esclerose Múltipla. Contudo, o acompanhamento de um terapeuta
ocupacional pode garantir mais autonomia ao paciente.
“Nas crises, o corpo vai ficando sem força e rígido, muitas vezes
até com tremor. O T.O oferece dispositivos e técnicas que ajudam o paciente
a entender como conservar energia e reconectar corpo e mente nas funções. É
preciso fazer o movimento fluido e suave, e isso acontece com preparo
cognitivo, ou seja, antecipação desse movimento”, complementa Syomara.
Métodos utilizados
Diferentes métodos são utilizados pela Terapia Ocupacional para o
acompanhamento de pacientes com Esclerose Múltipla. Entre eles, de acordo com
Syomara, está o Perfetti. “Ele faz com que o paciente entre em conexão com o
próprio corpo, o que muitas vezes é perdido por conta da EM. Às vezes, a pessoa
não tem noção de como está sentada, por exemplo. Com o Perfetti, treinamos o
paciente para que ele faça o movimento mais próximo do normal possível. É um
treinamento árduo, exaustivo cognitivamente, mas que tem apresentado bons
resultados nos pacientes”, afirma.
Outro método também bastante utilizado é o Bobath, que trabalha
com adaptações, e a Terapia da Mão, que consta em alongamentos passivos que,
com a evolução, também passam a ser ativos.
“Muitos pacientes pensam que é força, mas costumamos falar no
consultório que não é força, é jeito. Com os exercícios, é possível entender
que, com jeito, com antecipação, entendendo a trajetória, entendendo todo o
movimento do corpo, não é preciso força, mas sim o movimento fluido e suave”,
reforça Syomara.
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