Condição pode levar à
desidratação e outras complicações se não for tratada adequadamenteFreepik
A diarreia é uma doença de alta prevalência
mundial, responsável por inúmeras perdas de vida entre as crianças. Por essa
razão, apesar de parecer algo não tão grave para uma boa maioria dos pais,
exige atenção. Em sua forma mais aguda causa prejuízos ao organismo da
criança, principalmente quando previamente desnutrida. A médica gastropediatra
e associada da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPR), Cristina
Targa Ferreira, reforça que os pilares do tratamento da diarreia aguda se
apoiam na nutrição e na hidratação, fatores que são por si só capazes de
impedir a morte no episódio agudo, independente das condições que os originaram.
“A diminuição da
mortalidade em crianças abaixo de cinco anos é uma prova de que soluções
simples são capazes de alterações drásticas: queda de 5 milhões de mortes
anuais para 1,5 milhões vêm ocorrendo em pouco mais de 20 anos, tendo a queda
mais rápida ocorrida em período inferior a 10 anos (diminuição em 2,5 milhões
de mortes anuais), e se estabilizando neste patamar”, explica.
O principal responsável
por este dado foi a ampla divulgação da reidratação oral e a prática de
não suspender a alimentação na fase aguda da doença diarreica. Este número
de mortes ainda é muito alto e intervenções devem ser realizadas para que a
doença diminua sua incidência: eliminação da pobreza, higiene ambiental,
aleitamento prolongado, saneamento básico, vacinação universal entre outras
medidas.
No Brasil houve
incremento de várias destas ações, o que determinou a queda da mortalidade pela
doença diarreica de 24,3% em 1980 para 4,1% em 2005.
O que é diarreia aguda?
Segundo o Ministério da
Saúde, as doenças diarreicas agudas se caracterizam pela diminuição da
consistência das fezes, aumento do número de evacuações, com fezes aquosas; e
em alguns casos há presença de muco ou sangue (disenteria).
A médica explica que não
existe um conceito universalmente aceito que defina a diarreia aguda; ao
contrário, dentre as várias tentativas de definição incluem-se as baseadas na
consistência das fezes e/ou no número diário de evacuações, as que se referem
ao volume de perda de água, as que incluem presença ou ausência de febre e
vômitos. Um conceito mais abrangente, publicado em uma revisão sobre as
recomendações do tratamento da diarreia aguda, traduz o que representa esta
doença de modo mais abrangente, incluindo etiologia e complicações: “o episódio
diarreico que apresenta as seguintes características: início abrupto, etiologia
presumivelmente infecciosa, potencialmente autolimitado, com um curso de menos
de 14 dias, com aumento de volume e/ou frequência das fezes e perda de
nutrientes fecais (principalmente água e eletrólitos) aumentados”.
“É importante salientar
que a diarreia aguda é uma doença autolimitada, tendo, portanto, um período
aproximado de duração. Assim, é importante caracterizá-la pela duração de até
14 dias. Aqueles quadros que superam este período são chamados de diarréias
persistentes”, acrescenta.
São considerados fatores
de risco para contrair a doença e também para complicações: desnutrição,
pobreza, ausência de saneamento básico, desmame precoce, contaminação fecal dos
alimentos, idade precoce (antes dos seis meses) e a presença de
imunodeficiências. Devem ser consideradas algumas causas não infecciosas que,
de forma esporádica, se associam à diarreia aguda: alergia ao leite de vaca,
deficiência de lactase, uso de laxantes e antibióticos. Podem ocorrer sintomas
inespecíficos como náusea, vômitos e febre associados à diarreia.
Tratamento
A orientação mais
importante aos pais é procurar o médico pediatra quando a diarreia persistir. A
proposta de tratamento da diarreia aguda fundamentalmente repousa sobre dois
pilares:
(a) prevenção e
reposição das perdas fecais de água e eletrólitos, feita através da hidratação;
(b) proporcionar aporte
proteico e calórico, feito principalmente pela realimentação precoce, que evita
a piora e, em alguns casos, a instalação da desnutrição. A hidratação é sempre
a primeira medida.
Marcelo Matusiak
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