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segunda-feira, 10 de abril de 2023

Saiba como conduzir e em que casos a diarreia pode causar um quadro mais grave em crianças

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Condição pode levar à desidratação e outras complicações se não for tratada adequadamente


A diarreia é uma doença de alta prevalência mundial, responsável por inúmeras perdas de vida entre as crianças. Por essa razão, apesar de parecer algo não tão grave para uma boa maioria dos pais, exige atenção. Em sua forma mais aguda causa prejuízos ao organismo da criança, principalmente quando previamente desnutrida. A médica gastropediatra e associada da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPR), Cristina Targa Ferreira, reforça que os pilares do tratamento da diarreia aguda se apoiam na nutrição e na hidratação, fatores que são por si só capazes de impedir a morte no episódio agudo, independente das condições que os originaram.

“A diminuição da mortalidade em crianças abaixo de cinco anos é uma prova de que soluções simples são capazes de alterações drásticas: queda de 5 milhões de mortes anuais para 1,5 milhões vêm ocorrendo em pouco mais de 20 anos, tendo a queda mais rápida ocorrida em período inferior a 10 anos (diminuição em 2,5 milhões de mortes anuais), e se estabilizando neste patamar”, explica.

O principal responsável por este dado foi a ampla divulgação da reidratação oral e a prática de não suspender a alimentação na fase aguda da doença diarreica. Este número de mortes ainda é muito alto e intervenções devem ser realizadas para que a doença diminua sua incidência: eliminação da pobreza, higiene ambiental, aleitamento prolongado, saneamento básico, vacinação universal entre outras medidas.

No Brasil houve incremento de várias destas ações, o que determinou a queda da mortalidade pela doença diarreica de 24,3% em 1980 para 4,1% em 2005.


O que é diarreia aguda?

Segundo o Ministério da Saúde, as doenças diarreicas agudas se caracterizam pela diminuição da consistência das fezes, aumento do número de evacuações, com fezes aquosas; e em alguns casos há presença de muco ou sangue (disenteria).

A médica explica que não existe um conceito universalmente aceito que defina a diarreia aguda; ao contrário, dentre as várias tentativas de definição incluem-se as baseadas na consistência das fezes e/ou no número diário de evacuações, as que se referem ao volume de perda de água, as que incluem presença ou ausência de febre e vômitos. Um conceito mais abrangente, publicado em uma revisão sobre as recomendações do tratamento da diarreia aguda, traduz o que representa esta doença de modo mais abrangente, incluindo etiologia e complicações: “o episódio diarreico que apresenta as seguintes características: início abrupto, etiologia presumivelmente infecciosa, potencialmente autolimitado, com um curso de menos de 14 dias, com aumento de volume e/ou frequência das fezes e perda de nutrientes fecais (principalmente água e eletrólitos) aumentados”.

“É importante salientar que a diarreia aguda é uma doença autolimitada, tendo, portanto, um período aproximado de duração. Assim, é importante caracterizá-la pela duração de até 14 dias. Aqueles quadros que superam este período são chamados de diarréias persistentes”, acrescenta.

São considerados fatores de risco para contrair a doença e também para complicações: desnutrição, pobreza, ausência de saneamento básico, desmame precoce, contaminação fecal dos alimentos, idade precoce (antes dos seis meses) e a presença de imunodeficiências. Devem ser consideradas algumas causas não infecciosas que, de forma esporádica, se associam à diarreia aguda: alergia ao leite de vaca, deficiência de lactase, uso de laxantes e antibióticos. Podem ocorrer sintomas inespecíficos como náusea, vômitos e febre associados à diarreia.


Tratamento

A orientação mais importante aos pais é procurar o médico pediatra quando a diarreia persistir. A proposta de tratamento da diarreia aguda fundamentalmente repousa sobre dois pilares:

(a) prevenção e reposição das perdas fecais de água e eletrólitos, feita através da hidratação;

(b) proporcionar aporte proteico e calórico, feito principalmente pela realimentação precoce, que evita a piora e, em alguns casos, a instalação da desnutrição. A hidratação é sempre a primeira medida.

 

Marcelo Matusiak

 

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