Especialistas em
creator economy e segurança de dados pontuam que creators estão
mais expostos e destacam quais as formas de se proteger no ambiente digital
A segurança de dados foi ganhando cada vez mais
importância à medida que os negócios digitais avançaram. Hoje, muitas empresas
elencam o vazamento de dados e o hackeamento de contas como um dos pontos mais
sensíveis de suas operações. Tal preocupação se justifica visto que o Brasil
figura em sexto lugar entre os países com o maior número de vazamentos de
dados. De acordo com levantamento da Surfshark, empresa de privacidade e
segurança virtual, milhões de brasileiros têm suas informações expostas todos
os anos no ambiente on-line.
São diversos os profissionais que podem ser impactados
pelo vazamento de dados, entre eles estão os criadores de conteúdo. É o que
destaca Luiz Menezes, fundador da Trope,
martech especializada em soluções de negócios para marcas com foco na geração
Z. Segundo o especialista, a visibilidade que esse perfil atrai nas mídias
sociais o torna um alvo bastante visado por hackers.
“Faz parte do negócio do creator ter muito tempo de
exposição nas redes sociais, seja por meio da gravação de stories, publicação
de posts ou transmissão de lives. Sem contar com a questão de precisar, muitas
vezes por exigência dos jobs, marcar onde está e o que está fazendo em tempo
real. Tudo isso implica em uma massiva exposição que pode comprometer não só a
segurança digital, mas também a física”, diz.
Luiz também destaca que o grande volume de
mensagens e e-mails, uma vez que o correio eletrônico dos criadores de conteúdo
precisa ficar exposto em todas as suas redes, também é um fator que
potencializa os riscos. “Entre e-mails com propostas comerciais, mensagens de
fãs e interação com seguidores, facilmente o creator pode clicar em um malware
e, em questão de segundos, ter suas contas invadidas e sua segurança
comprometida”, explica.
Sob o ponto de vista da creator economy, Luiz
ressalta que as maiores implicações caso um creator perca o acesso de suas
plataformas está justamente em perder também sua principal ferramenta de
trabalho. “São diversas as ocorrências em que empresas precisaram interromper
sua operação devido a ataques cibernéticos, como foi o caso da Renner, que em
2021 foi vítima de um sequestro digital (ransomware). Na ocasião, centros
de distribuição, lojas e setores internos da empresa foram comprometidos”, diz.
“Com os creators, que também tocam seu negócio de forma digital, não é
diferente, visto que toda a cadeia produtiva da criação de conteúdo fica
comprometida resultando, muitas vezes, no congelamento e até mesmo cancelamento
de contratos”.
Para Giovanna Baldino, COO da Pato Academy, empresa
com foco em desmistificar hacking e tecnologia através de educação, os cuidados
que um criador de conteúdo deve ter para se blindar de ataques cibernéticos
seguem, em suma, a mesma lógica de segurança que devem ser adotadas por todas
as pessoas presentes no ambiente digital. No entanto, ela também destaca que a
exposição dos “profissionais da internet” exige um cuidado ainda maior quando
comparado a pessoas anônimas.
“Criadores de conteúdo estão em muitas redes
sociais simultaneamente e têm conteúdos sensíveis em todas elas. Então, o fato
de eles estarem mais expostos no geral, automaticamente aumenta os riscos
envolvidos, já que não são apenas uma ou duas contas a serem geridas e sim
várias”.
Depender das redes sociais para trabalhar significa
ter atenção redobrada. Giovanna diz que cuidados simples, como não passar o
login para outras pessoas, não fazer downloads em sites suspeitos, colocar
senhas diferentes para cada plataforma, e utilizar a autenticação de dois
fatores, de preferência com aplicativo autenticador e não telefone celular, são
essenciais para evitar o vazamento de dados e o hackeamento de contas.
Atentar-se ao recebimento de e-mails e mensagens
suspeitas também deve ser uma prioridade. Giovanna explica que há
características que podem trazer indícios de que determinado contato não é
confiável. “A complexidade do email e os erros de português acabam sendo
bastante comuns em malwares. Após o recebimento da mensagem, vale sempre
pesquisar o nome do remetente no LinkedIn ou outras redes sociais para checar a
autenticidade. E claro, desconfiem de propostas que parecem boas demais para
serem verdade. Na maioria das vezes, de fato, não são”, diz.
De acordo com Giovanna e Luiz, ao perceber que foi
vítima de um ataque hacker, o creator deve imediatamente contatar o setor de
suporte da rede comprometida. No caso da Meta, por exemplo, o canal para o
suporte do Instagram e Facebook pode ser acessado neste link. Contudo, o
especialista pontua que neste momento os profissionais esbarram em um dos
principais problemas das plataformas. “O fato de não haver equipe suficiente
para atender as demandas dos criadores de conteúdo que têm seus perfis
comprometidos é uma reclamação recorrente na comunidade. Algumas plataformas
dispõem de suporte para este tipo de ocorrência, mas é uma minoria dado o
tamanho da creator economy”, pontua.
Além de contatar a plataforma e as autoridades,
quando necessário, avisar a audiência e também os clientes e parceiros que
podem ter tido informações vazadas é fundamental para tentar minimizar os
danos.
Diante do grande número de pessoas que perdem suas
contas diariamente, a Polícia Civil de São Paulo chegou a publicar em sua conta
oficial do Instagram um passo a passo para ajudar usuários que tiveram seus
perfis hackeados a recuperarem suas contas. Todas
as orientações podem ser consultadas aqui.
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