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quinta-feira, 6 de abril de 2023

Pesquisa do CEUB analisa efeitos do Lúpus na autoimagem e autoestima

Medidas para o bem-estar psicológico e qualidade de vida de mulheres devem fazer parte do combate à doença

 

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença crônica que exige cuidados contínuos e prolongados, mas ainda é pouco discutida na sociedade. Como os sinais e sintomas (manchas e feridas na pele) estão relacionados à aparência, o Lúpus, que afeta principalmente mulheres, tem reflexo direto nos aspectos emocionais e nas relações sociais. A dificuldade em lidar com as mudanças no corpo e os efeitos colaterais dos medicamentos podem levar a isolamento e depressão – alerta pesquisa de estudantes de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB).

Para entender o cenário do LES, os pesquisadores João Victor Machado e Marina Fiúza analisaram 31 artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais no período 2015 a 2022 que utilizassem a temática da autoimagem e da autoestima às pessoas com lúpus. "Em muitos artigos, pacientes relataram sentir-se envergonhados, ansiosos e com baixa autoestima devido às lesões na pele e mucosas, aumento de peso e queda de cabelo, associados aos distúrbios da imagem corporal”, apontam os pesquisadores.

O estudo também revelou que as pacientes sentem dificuldade em aceitar as mudanças em sua aparência, o que pode levar a sentimentos de isolamento e depressão. O tratamento, por sua vez, pode afetar ainda mais a autoestima das pacientes, devido aos efeitos colaterais dos medicamentos, como ganho de peso e queda de cabelo. Outros fatores apontados são os que pioram a qualidade de vida de quem convive com a enfermidade: idade avançada, pobreza, menor nível educacional, questões comportamentais, manifestações clínicas e comorbidades.

“Com esse estudo, contribuímos para uma compreensão mais ampla e profunda sobre o impacto do LES na vida das mulheres afetadas pela doença”, destaca o estudante João Victor Machado. Segundo Marina Fiúza, também autora do estudo, apesar de o Lúpus ser mais comum do que se imagina, pouco se sabe sobre a doença no Brasil. "Tendo em vista uma melhor qualidade de vida dessas pessoas, é de extrema necessidade agir para minimizar os malefícios da doença e o desconhecimento da população em geral", frisa.

Dentre as estratégias de enfrentamento aos impactos causados na autoimagem das pacientes, a bibliografia propôs uma série de cuidados multidisciplinares que incluem recomendações de uso do protetor solar, preferência para gravidez nos períodos de remissão da doença, contraindicação de álcool e drogas, prática de atividade física regular - sempre respeitando o período de crise. Alternativas também foram citadas, como o uso de maquiagem especial para as pacientes e grupos de apoio para promover a autoestima das atendidas.

A orientadora da pesquisa, Dra. Phaedra Castro, professora de Medicina do CEUB, destaca que, mais do que o acompanhamento de parâmetros clínicos e laboratoriais, o cuidado de condições crônicas deve considerar as diferentes perspectivas da vida do sujeito. "Dessa forma, a individualização das orientações por meio do desenvolvimento de planos terapêuticos específicos para cada pessoa se mostra mais efetiva, promovendo tanto resolutividade como qualidade de vida", completa a docente. 

 

Sobre o Lúpus


De origem autoimune, o Lúpus age no sistema imunológico e começa a atacar tecidos saudáveis em vez de combater infecções e doenças. De acordo com relatório divulgado pelo Ministério da Saúde, o LES é uma doença rara e sua incidência no Brasil é de aproximadamente 3,4 casos para cada 100.000 habitantes. A doença é mais comum em mulheres do que em homens, com uma proporção de cerca de 9:1. A doença geralmente afeta jovens adultos, com a maioria dos casos diagnosticados entre 15 e 45 anos de idade.


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