De acordo com Alvin Toffler, escritor e futurista,
“Os analfabetos do século XXI
não serão aqueles que não podem ler e escrever, e sim aqueles que não conseguem
aprender, desaprender e reaprender.”
Está cada vez mais evidente
que sem essas habilidades não há como sobreviver em meio a tanta volatilidade.
Nosso prazo de validade está cada vez mais curto. Sem flexibilidade,
simplesmente quebramos!
Confesso que tenho um pouco
de resistência para lidar com o termo desaprender
e isso está totalmente relacionado com meu estilo comportamental e valores.
Sabendo disso, comecei a ler várias matérias sobre este assunto e são essas
reflexões que compartilho com você agora. Aliás, fica a dica: quando você
perceber que está resistente, incomodado sobre algum assunto, não fuja dele;
seja curioso e procure ler, pesquisar mais sobre isso em diferentes fontes de
informação.
Normalmente, eu busco criar
conexões com a prática, enxergar sentido e utilidade para o que está sendo
proposto de novo em relação a qualquer assunto, especialmente quando se trata
de novas abordagens para o desenvolvimento humano. Talvez você não seja assim e
está tudo bem, mas eu, definitivamente, não sou o que chamam de “early
adopter”.
A primeira questão que me
intrigou foi: como podemos desaprender algo? Ou ainda, como posso ensinar
alguém a desaprender? A não ser que existam danos em certos sistemas cerebrais,
na prática os registros estão lá mapeados nas infinitas conexões neurais que
possuímos.
No livro Liderança Tranquila,
utilizando fundamentos de neurociência, David Rock nos fala que a forma como
lidamos com o mundo é fruto de conexões que estão solidamente incorporadas em
nosso subconsciente. Diz-nos também que é mais fácil criarmos novos hábitos do
que eliminarmos hábitos antigos. Ou seja, é quase impossível desconstruir nosso
sistema de conexões.
Pedir para alguém desaprender
é o mesmo que pedir para essa pessoa tirar do automático o que já existe,
desconstruindo suas conexões.
Se queremos mudar o
desempenho de outras pessoas, certamente não conseguiremos bons resultados
insistindo em buscar o que há de errado na forma como ela pensa e resolve os
problemas. Não adianta dizer para ela esquecer tudo o que aprendeu e fez até
agora e adotar aquilo que achamos que é o certo.
Precisamos de uma nova
abordagem para a qual a maioria de nós não está capacitado: aperfeiçoar o
pensamento das pessoas.
Não existe transfusão ou meio
de implantar os seus pensamentos (ou verdades) na mente de uma pessoa e esperar
que isso funcione. Ela própria precisa criar suas novas conexões, caso
contrário continuará sempre voltando ao seu antigo modus operandi, aquele para o qual seu
cérebro está programado para economizar energia.
Desaprender é, então, a
capacidade de deixar para trás a sua antiga abordagem, substituindo-a por uma
mais recente e mais adequada ao novo contexto, e que faça parte das novas
conexões que você mesmo criou a partir de estímulos internos e externos.
Portanto, desaprender não é esquecer!
A visão de mundo e crenças de
cada pessoa está diretamente ligada ao nível de esforço necessário para que ela
possa reavaliar, aceitar novas visões, questionar verdades e fazer novas
escolhas. Cada um tem um tempo de resposta diferente e precisamos aprender a
lidar com isso.
Melhorar o desempenho de
outras pessoas é ajudá-las na transição de um mundo de certezas para um mundo
incerto, por meio de novas perguntas, aperfeiçoando o pensamento delas.
Você deve ser capaz de criar
um ambiente em que as pessoas tenham mais chances de aprender com tudo e com
todos, de confrontar seus próprios valores com os dos demais, de rever crenças
e escolhas, de fazer perguntas mais desafiadoras, de não ter respostas para
tudo.
Atenção! Suas perguntas podem
ser libertadoras ou opressoras, podem criar pontes ou fechar portas. Assim
sendo, avalie se a abordagem com seus liderados envolve os seguintes aspectos:
Pensamento crítico: capacidade de questionar, observar,
testar e aplicar.
Colaboração: enxergar o seu papel no todo e,
principalmente, como você completa o trabalho do outro e vice-versa.
Comunicação: conectar pessoas e seus
conhecimentos, trazer clareza, transparência e inclusão para ampliar os
horizontes e as perspectivas.
Criatividade: vencer o medo de errar, abrir-se para
experimentar novas abordagens.
Quando notar que seus
liderados estão atuando com autonomia, individualmente ou em grupo, pensando de
forma criativa, adaptável e flexível, entendendo como planejar, construir e
incluir a colaboração de colegas nas suas entregas, poderá dizer que sua
abordagem está dando certo.
Por que o que tem feito não
está funcionando? Sabemos que, frente às mudanças, a primeira tarefa do líder é
mudar o pensamento das pessoas, porém a maioria dos líderes foi ensinada a
mudar processos, e não pessoas.
Aperfeiçoar o pensamento das
pessoas requer novas habilidades e a primeira delas é saber que, para agir de
forma comprometida, as pessoas precisam pensar por si mesmas.
Depois desta reflexão,
consegui assimilar melhor como podemos “desaprender” alguma coisa nesta vida.
Espero que eu tenha
contribuído para “aperfeiçoar” o seu pensamento.
Leila Santos - Coach de líderes e empresas há mais de 20 anos, atende clientes com renome no mercado como Grupo WLM, L’Occitane, Grupo Boticário, Sephora, Itaú, Biolab, Pfizer, Roche, Astellas, Ache, AstraZeneca, Farmoquímica, Fitec, Pierre Fabre, Uni2, Gencos, dentre outras. Atua com foco no cliente corporativo, sempre valorizando e investindo em profissionais e empresas que já estão preparados para essa mudança de cultura e mindset. https://leilasantos.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário