Rodrigo Salvetti,
professor de Geografia do Ceunsp, explica a crescente dos impactos ambientais e
formas de evitar as tragédias
O que antes não era tão
comum no Brasil, vem acontecendo cada vez mais: os desastres ambientais. Neste
ano, o caso mais recente envolveu os diversos escorregamentos de massa no
Litoral Norte de São Paulo, disparados pelas fortes e volumas chuvas de verão.
De acordo
com o professor de Geologia no curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Nossa Senhora do
Patrocínio (Ceunsp), Rodrigo Salvetti, é
necessário entender os motivos dessas tragédias ambientais estarem acontecendo.
“Primeiro,
é preciso compreender que eventos naturais, como inundações, chuvas intensas,
terremotos e deslizamentos de terra fazem parte da dinâmica natural. Esses
cenários ocorrem desde a formação do planeta, moldando o relevo e provocando a
formação de solos e sedimentos. Estes são ocasionados pela ação do gelo, água,
ventos, ou pelos processos de movimentação tectônica que acontecem no interior
do planeta”, destaca o geólogo.
Salvetti
explica que autoridades e especialistas têm conhecimento sobre as
possibilidades desses fenômenos acontecerem. “As áreas onde essas tragédias
ocorrem são conhecidas. Geólogos mapeiam os locais suscetíveis a terremotos,
enquanto os profissionais da defesa civil conhecem os espaços com potencial
risco de deslizamento e inundação. No entanto, o ser humano eventualmente acaba
por ocupar essas áreas de risco, ficando vulneráveis a ocorrência dos desastres
quando acontecem esses eventos naturais”.
Em áreas de
terremotos, como o que ocorreu na Turquia recentemente, o professor reforça que
nesse cenário, fica evidente que as leis de construção de prédios resistentes a
terremotos não foram seguidas, o que promove o desabamento dos edifícios em
eventos de maior intensidade.
Rodrigo
ressalta ainda que as mudanças climáticas, observáveis no Brasil, ocorrem em
uma escala mundial, devido ao aquecimento da atmosfera
pelo acúmulo de gases estufa, em geral, provenientes da queima de combustíveis
fósseis e vegetais. “Quanto mais aquecido o planeta, mais intensa e dinâmica
será a formação de tornados, furacões e nuvens de tempestade. Com isso, se
tornam mais frequentes os eventos climáticos extremos globalmente”.
Para
modificar esse cenário dos impactos climáticos, Salvetti reforça que é preciso
uma mudança de atitude da população e das autoridades mundiais.
“A
redução das emissões de gases estufa precisa ser imediata e significativa para
que as mudanças climáticas aconteçam com menor intensidade. Isso significa a
adoção de novas fontes de energia limpas e renováveis, a interrupção ou
diminuição da queima de combustíveis fósseis e de desmatamento das grandes
florestas. Entretanto,
no atual cenário, mesmo que essas medidas sejam tomadas, acredita-se que as
mudanças já não poderão ser revertidas, e que precisaremos nos adaptar a essas
novas condições climáticas e, sobretudo, nos preparar para os eventos
climáticos mais intensos no futuro próximo”, indaga.
Outro fator
preponderante para evitar esses desastres, de acordo com o professor do Ceunsp,
é as autoridades locais planejarem e fiscalizarem a ocupação de áreas de risco,
removendo as pessoas das áreas mais suscetíveis a eventos de perigo. “As leis
ambientais existem e devem ser respeitadas. Com o uso das ferramentas de gestão
e planejamento urbano, é possível evitar que a dinâmica natural afete de
maneira mais contundente as populações. Além disso, a fiscalização é o
mecanismo mais efetivo para evitar ou minimizar as perdas materiais e humanas
diante da ocorrência dos desastres naturais”, finaliza.
Ceunsp
Nenhum comentário:
Postar um comentário