Criadores de aves ou pessoas que trabalham diretamente com aves devem ter mais atenção, recomenda
Com a confirmação da primeira morte por gripe
aviária no mundo, surgem dúvidas na população sobre a doença e a forma de
prevenção. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vítima foi uma
mulher de 56 anos, de Guangdong, na China, no dia 16 de março. Especialista em
doenças infecciosas e parasitárias e professor de Medicina Veterinária do
Centro Universitário de Brasília (CEUB), Lucas Edel explica os mitos e verdades
sobre o vírus H3N8, responsável pela doença.
O que é a gripe aviária e como
ela é transmitida?
LE: A gripe aviária é uma doença causada por um vírus da influenza,
especificamente do grupo A. A transmissão pode ocorrer por meio do contato
direto com as secreções respiratórias de aves infectadas. Essas secreções podem
contaminar ração, água, vestimentas, sendo veículos para transmitir o vírus a
outros animais ou pessoas.
Qual é o vírus responsável
pela gripe aviária e como ele age no organismo humano?
LE: O vírus responsável pela gripe aviária é o H3N8, que pertence ao grupo A da
influenza. Esse vírus pode infectar animais e humanos. No organismo humano, ele
pode causar sintomas inespecíficos de quadro respiratório, como febre acima de
38 graus, dor de garganta, tosse seca, secreção nasal e dor abdominal.
Quais são os riscos de seres
humanos serem infectados pela gripe aviária?
LE: Existem dois subtipos do vírus da gripe aviária: de baixa e alta
patogenicidade. Ainda não está muito claro sobre o risco de infecção em
humanos, mas sabemos que há possibilidade, principalmente em locais onde não há
vigilância e controle da doença. No Brasil, já existe um plano de contingência
nas fronteiras (aéreas, marítimas e terrestres), e ainda há ações de vigilância
dentro dos municípios nos territórios sendo conduzidas pelas secretarias
estaduais de agricultura, orientadas pelo Ministério da Agricultura.
Como os surtos de gripe
aviária são controlados e prevenidos em humanos?
LE: Na verdade, já existe um plano de contingência com estratégias para
situações em que não há casos e também para possíveis registros de surtos de
gripe aviária. Ações de vigilância ativa em aves, vacinação de aves, abate
preventivo de aves infectadas e medidas de biossegurança nas granjas são
algumas das medidas utilizadas para controlar e prevenir a doença em humanos.
Quais são os grupos de pessoas
mais vulneráveis à gripe aviária?
LE: Ainda não sabemos com certeza, mas a Influenza de uma forma geral costuma
se manifestar de forma mais grave em pessoas com algum tipo de imunossupressão.
Idosos e crianças, que têm sistemas imunológicos em declínio e em formação,
respectivamente, podem ser considerados grupos de maior risco.
Quais são as precauções que
devemos tomar para evitar a infecção pela gripe aviária?
LE: No momento, não há recomendações diretas para a população, mas sim para
criadores de ou pessoas que trabalham diretamente com aves. É importante seguir
medidas de biossegurança, como lavar bem as mãos após o contato com aves,
evitar o contato com aves doentes, utilizar equipamentos de proteção adequados
e garantir a limpeza e desinfecção de ambientes e equipamentos relacionados à
criação de aves.
Como a gripe aviária pode
afetar a indústria avícola e a economia em geral?
LE: O impacto negativo da detecção de Influenza aviária é que pode gerar uma
condição no mundo de falta de vigilância e controle dessa doença. Isso pode ter
repercussões significativas na economia regional, nacional e internacional. Por
exemplo, se for detectada influenza aviária em uma granja com duas mil ou cinco
mil aves, todas as aves precisam ser abatidas, o que pode causar um peso
econômico considerável. Além disso, a detecção de Influenza aviária no Brasil,
sendo um dos principais exportadores de carne de aves do mundo, pode levar à
suspensão das exportações dessa carne.
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