Tema da campanha mundial é a importância ao acesso e cuidados com o diabetes
A campanha mundial “Novembro Diabetes Azul” de 2022
traz o tema “Acesso aos Cuidados com o Diabetes”, alertando sobre os riscos da
doença, a importância da prevenção e oferece alternativas para as dificuldades
enfrentadas pelos pacientes. A professora de Medicina do Centro Universitário
de Brasília (CEUB) e endocrinologista Isabella Santiago oferece dicas e alerta
que a informação pode salvar vidas. De acordo com dados do Atlas do Diabetes
2021, a doença atinge 10,5% da população mundial com idade entre 20 e 79 anos.
No Brasil, são 15,7 milhões de casos registrados em 2022. O país está em 6º
lugar do ranking mundial.
Com cuidados que exigem uma rotina rigorosa na vida
do paciente com diabetes, o sucesso do tratamento está relacionado às tomadas
de decisão. Nesse sentido, além de ter um acompanhamento médico adequado, com
medicamentos, medição de glicemia, exercícios físicos regulares, alimentação
balanceada e apoio psicológico, o paciente precisa buscar informação e educação
de qualidade para combater o problema de saúde.
Professora de Medicina do Centro Universitário de
Brasília (CEUB), a endocrinologista Isabella Santiago explica que o diabetes
pode ser assintomático na maioria dos indivíduos, a depender dos níveis de
glicose no sangue, sendo muitas vezes subdiagnosticado. A hiperglicemia pode
ocasionar excesso de urina, sede excessiva, aumento do apetite e, em alguns
casos, a perda de peso. Também aumenta o risco para infecções, principalmente
as urinárias. “Em situações mais graves o paciente pode apresentar náuseas,
vômitos, dor abdominal, confusão e sonolência. O diagnóstico precoce é
fundamental para prevenir complicações agudas e crônicas”, ressalta.
Histórico familiar de diabetes, excesso de peso (principalmente se houver
aumento da circunferência abdominal), sedentarismo, hipertensão, alteração do
colesterol, síndrome dos ovários policísticos e história de doença
cardiovascular são alguns dos indicativos para o desenvolvimento da doença
crônica. No caso do diabetes tipo 2, é considerada a maior probabilidade com
pessoas com idade superior a 45 anos.
Isabella Santiago explica a diferença entre as
classificações da doença do tipo 1 e 2. O diabetes tipo 1 corresponde a 5 a 10%
dos casos e costuma surgir na infância ou adolescência. Ocorre principalmente
devido à uma destruição autoimune das células beta, que são responsáveis pela
secreção de insulina. “O paciente com diabetes tipo 1 apresenta um quadro de
deficiência completa de insulina. Portanto, o tratamento com insulina é
necessário desde o início do diagnóstico”, frisa.
Já o diabetes tipo 2 ocorre por uma deficiência de
insulina ou por uma resistência à ação desse hormônio nos tecidos periféricos.
É o tipo de diabetes mais comum (90% casos) e se manifesta com maior frequência
em adultos. Segundo Isabela, frequentemente o diabetes tipo 2 vem acompanhado
de outras doenças, como obesidade, hipertensão e elevação do colesterol.
Pacientes com diabetes tipo 2 podem necessitar do uso de insulina quando a
glicemia está muito elevada, durante situações de instabilidade clínica ou
quando o controle glicêmico não é atingido mesmo com uso de várias medicações
orais.
A especialista alerta sobre a importância da
informação sobre outros tipos de diabetes, não tão comuns: o diabetes
gestacional, diabetes autoimune do adulto (LADA, em inglês latent autoimmune
diabetes in adults) e o MODY (Maturity Onset Diabetes of the Young), que ocorre
por alterações monogenéticas. “Todos os indivíduos, independentemente de terem
diabetes ou não, devem praticar exercícios físicos de forma regular e manter
uma alimentação saudável a fim de prevenir diversas doenças crônicas”, alerta
Isabella.
Principais complicações
O prolongamento das altas taxas de glicose no sangue pode causar sérios danos à
saúde, como a retinopatia ou nefropatia diabética, entre outros – o que pode
ocorrer quando a circulação sanguínea é deficiente e a glicemia não está bem
controlada. Segundo o farmacologista, professor dos cursos de Medicina e
Enfermagem do CEUB, Danilo Avelar, o bom controle da glicose, somado à
atividade física e medicamentos que possam combater a pressão alta e o aumento
do colesterol e a suspensão do tabagismo, são medidas imprescindíveis de
segurança.
Ele alerta ainda que o excesso de glicose pode causar
danos ao sistema imunológico, aumentando o risco do paciente contrair algum
tipo de infecção. “Isso ocorre porque os glóbulos brancos, que são as células
responsáveis pelo combate aos vírus, às bactérias, e a outros micro-organismos
ficam menos eficazes com a hiperglicemia. O alto índice de glicose no sangue é
propício para que fungos e bactérias se proliferem em áreas como boca e
gengiva, pulmões, pele, pés, genitais e local de incisão cirúrgica”, explica.
Prevenção e controle
O especialista do CEUB alerta que pacientes com histórico familiar de diabetes
devem ser orientados a manter o peso normal, controlar a pressão arterial, não
fumar, evitar medicamentos que potencialmente possam agredir o pâncreas e
praticar atividade física regular. Já os pacientes com diabetes devem ser
orientados a manter um bom controle da glicemia, seguindo corretamente as
orientações dos profissionais de saúde, realizar exame diário dos pés, para
evitar o aparecimento de lesões, manter uma alimentação saudável e fazer uso
dos medicamentos prescritos e praticar atividades físicas.
Danilo acrescenta que o papel do profissional da
saúde e da população que tem entendimento sobre o diabetes é apoiar, orientar e
traduzir as informações em saúde para a linguagem do paciente, orientar quanto
aos cuidados necessários, estilo de vida e facilitar as escolhas alimentares.
“É imprescindível a presença profissional em todos os níveis de atenção em
saúde para pessoas com diabetes. Diabetes ainda é considerada uma condição
clínica que não tem cura, mas que tem tratamento. E bom tratamento! Quem seguir
as orientações devidas, tende a ter uma vida mais saudável do que pessoas que
não têm esse diagnóstico!”, finaliza.
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