Ginecologista e obstetra, Dra. Evelyn
Prete esclarece as dúvidas sobre a gestação de mulheres acima de 40 anos e
revela detalhes do acompanhamento e atenção na gravidez tardia
No dia 19 de setembro, a atriz e bailarina Claudia Raia movimentou a internet ao anunciar sua gravidez aos 55 anos de idade. A atriz brasileira, que é mãe de Enzo Celulari (25) e Sofia Raia (19), compartilhou a notícia com seus seguidores no Instagram, ao divulgar a novidade em um vídeo com a participação de seu marido e pai do bebê, o ator e cantor Jarbas Homem de Melo (53). Em virtude disso, o tema ficou entre os trending topics da web e vem levantando questionamentos e dúvidas sobre a gravidez tardia. “Não existe idade certa para engravidar. Entretanto, os óvulos de mulheres acima de 40 anos são considerados menos propícios para a fecundação, além do risco maior de aborto natural e outras intercorrências”, explica a ginecologista e obstetra Evelyn Prete.
Estabilidade financeira, carreira e novas técnicas de controle de fertilidade são os principais fatores que favorecem e encorajam a gestação na idade avançada. “Não é regra, mas é preciso alertar que, na gravidez madura, os riscos que o bebê tem de desenvolver algum tipo de síndrome ou má formação congênita aumentam consideravelmente”, revela a médica, que é especialista em medicina fetal pela Conceptus.
Segundo a obstetra, sócia e proprietária da clínica Alve Medicina, localizada na cidade de Guarulhos, além dos riscos para o bebê, as chances da mulher desenvolver algumas doenças crônicas durante a gravidez tardia também se agravam. “Diabetes mellitus, pré-eclâmpsia e hipertensão são as principais enfermidades que ocorrem, com maior frequência, na gravidez madura”, explica. Dessa maneira, é essencial que a gestante disponha de assistência e acompanhamento médico específico durante todas as fases da gestação, do pré-natal ao parto e também no pós-parto.
Com o objetivo de esclarecer os principais temas e cuidados sobre a
gestação na idade avançada, Evelyn elenca alguns assuntos importantes que toda
mulher deve saber para uma gestação saudável. Confira, a seguir:
Idade versus fertilidade
A idade afeta, diretamente, a natureza fértil da mulher. Além do número
de óvulos diminuírem conforme os anos passam, os remanescentes também
envelhecem, aumentando o risco de alterações genéticas e dificultando a
fertilização pelos espermatozoides. Segundo a médica, para mulheres saudáveis,
entre 20 e 30 anos, a chance de gravidez é de uma a cada quatro mulheres,
enquanto a gestação após 40 anos é de apenas uma para cada dez. “É importante
citar que a fertilidade do homem também diminui conforme a idade, porém, não
como a feminina”, revela a ginecologista.
Pré-natal diferenciado
A importância de realizar o pré-natal é essencial para acompanhar a
saúde da mãe e do bebê, em todas as fases da vida. Porém, quando se trata de
uma gravidez madura, os riscos da mulher já ter ou desenvolver doenças crônicas
são maiores. “O pré-natal da gestação tardia deve ser ainda mais meticuloso e
prudente. Em decorrência dos possíveis problemas, a gravidez madura exige um acompanhamento
específico e de caráter preventivo, visando a saúde da mulher e do bebê”,
sugere a obstetra.
Maior probabilidade de gêmeos ou múltiplos
Muitas mulheres que possuem dificuldade para engravidar, seja por idade
ou qualquer outro fator, recorrem a reprodução assistida e este método
intensifica as chances de uma gestação gemelar ou múltipla - como foi o caso da
cantora e apresentadora Ivete Sangalo, que também engravidou tardiamente, aos
45 anos, das gêmeas Helena e Marina, hoje com quatro anos -, visto que são
colocados mais de um embrião para aumentar as possibilidades de fecundação.
“Ainda que concebida de forma natural, na gravidez tardia também há um aumento
da probabilidade de uma gestação gemelar ou múltipla. Isso se deve ao fato de
que, a partir de certa idade, os óvulos tendem a ovular de forma irregular,
podendo ser de forma dupla e até mesmo tripla, o que aumenta as chances”,
esclarece.
Climatério e menopausa
Termo médico utilizado para definir o período entre a fase fértil e a
menopausa, o climatério é causado pela diminuição dos hormônios sexuais e
corresponde à transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva da mulher,
conhecida como menopausa. Segundo a especialista em medicina fetal, ainda que
as chances de engravidar durante o climatério sejam menores, em decorrência da
baixa fertilidade, a ovulação ainda ocorre, mesmo que irregular e com menos
efetividade. “Já na menopausa, que corresponde ao último ciclo menstrual, é
necessário utilizar algum método de reprodução assistida, como a fertilização in
vitro e até mesmo a ovodoação”, explica.
Possíveis síndromes e malformações congênitas
Segundo a especialista em medicina fetal, na gestação madura, há uma
probabilidade maior de alterações genéticas e/ou malformações congênitas. “Uma
das principais alterações genéticas é a Síndrome de Down, causada por uma
divisão celular atípica durante a divisão embrionária”, comenta. A médica
também alerta para a importância de realizar o ultrassom morfológico durante o
pré-natal. “Esse exame permite identificar possíveis malformações, além de
verificar os batimentos cardíacos, idade gestacional e o sexo do bebê”,
finaliza.
Evelyn Prete - formada em Medicina pela Universidade Cidade de São Paulo, com
residência em Ginecologia e Obstetrícia pela Maternidade Jesus, José e Maria de
Guarulhos, uma das maiores em volume de partos do estado de São Paulo. Passou
por estágios nos hospitais Pérola Byngton e Unifesp e, atualmente, é
especialista em Medicina Fetal pela Conceptus, além de sócia-proprietária da
clínica Alve Medicina, em Guarulhos e realiza atendimento de ginecologia,
obstetrícia e medicina fetal na Unimef Conceptus – Unidade de Medicina Fetal,
no bairro do Paraíso, em São Paulo.
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