“Setembro
em Flor”, é o mês dedicado à campanha de divulgação e alerta para os tumores
ginecológicos, com ênfase aos tumores de colo de útero, vagina, vulva,
endométrio e ovário. Juntos, tais tumores representam quase 40% das causas de
câncer em mulheres.
O câncer
de colo uterino figura como primeiro ginecológico e o terceiro, no geral, em
incidência no país, responsável por 300 mil mortes ao ano em âmbito mundial.
Merece destaque o fato de estar associado ao vírus do HPV na totalidade
dos casos, sendo um tumor com ótimas chance de prevenção por meio do
acompanhamento regular com ginecologista, e também com a vacinação do HPV
(disponível em rede pública para meninos de 11 a 14, meninas de 9 a 14 anos e,
mais recentemente, imunossuprimidos de 9 a 45 anos), e também em rede
particular sem restrição de idade.
A vacina também
previne contra outros tumores ginecológicos um pouco menos frequentes: de
vagina, vulva, entre outros como orofaringe, pênis e ânus. Países como a
Austrália, que realizaram a vacinação em massa, principalmente em idades antes
do início da vida sexual, estão praticamente eliminando o câncer de colo de
útero, enquanto nações em desenvolvimento ainda registram números crescentes de
casos e mortes devido às dificuldades de acesso.
O câncer
de endométrio é o segundo ginecológico em prevalência. Está associado ao
envelhecimento, mas causas preveníveis como diabetes, hipertensão e obesidade
também se vinculam à doença. Mulheres com mais tempo de menstruação ao
longo da vida e as que nunca tiveram filhos também têm aumento de risco
Esse
tumor também pode ter participação genética em 20% dos casos, mais comumente em
pacientes com síndrome de Lynch. O principal sintoma que merece atenção é
sangramento uterino anormal (maior volume ou maior tempo), ainda mais de risco
quando na pós-menopausa.
O câncer
de ovário é o menos frequente entre os três principais, porém o de
comportamento mais agressivo. Também pode estar associado a alterações
genéticas em cerca de 20 % dos casos, principalmente mutações envolvendo o gene
BRCA. Atividade física e dieta equilibrada são hábitos protetivos, assim como
no caso de câncer endometrial. A doença costuma ter uma apresentação mais
silenciosa, com dificuldade de os sintomas serem percebidos pela paciente:
distensão e ou inchaço abdominal, desconforto depois das refeições e dores
infraumbilicais podem fazer parte do quadro. Sintomas novos e distintos não
podem passar batidos e merecem avaliação junto ao médico especialista.
Infelizmente, 75% dos casos já se apresentam com doenças mais avançadas, sendo
o câncer ginecológico de maior letalidade. Todavia temos vitórias recentes
contra esse câncer em termos de possibilidades, com aprovação de órgão
regulador de droga oral para uso após cirurgia e quimioterapia, tanto em
cenário inicial como em recorrência, sendo mais um forte aliado no combate à
doença.
O conhecimento
molecular desses tumores e o surgimento de novas terapias têm melhorado
significativamente os resultados do tratamento da doença avançada. Mas o
intuito da campanha “Setembro em Flor” prioriza também chamar a atenção das
mulheres para as alterações corporais, realizar os exames preventivos,
fazer o acompanhamento regular com o médico ginecologista, buscar uma mudança
de hábitos, como também divulgar a vacinacão e o compartilhamento de
informações, a fim de melhorar a prevenção e garantir a detecção em estágios
mais precoces.
Felipe Leonardo Estati - oncologista, integrante do corpo
clínico do OncoCenter Dona
Helena, serviço de
oncologia do Hospital Dona Helena, em Joinville.
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