Por ser rara e haver desinformação, a gravidez ectópica gera complicações que poderiam ser evitadas
Segundo a FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia), a gravidez ectópica (fora do útero) acontece em 2%
de todas as gestações do mundo, mas o risco de mortalidade materna é 90 vezes
maior que uma gestação normal e o risco de o bebê falecer é de 95%.
Por ser rara e haver desinformação, a gravidez ectópica gera
complicações que poderiam ser evitadas. Para esclarecer as principais dúvidas
sobre essa condição, o Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa
Casa/SP, Membro da FEBRASGO e Especialista em Perinatologia pelo Instituto de
Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, e em Infertilidade e Ultrassom
em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO, e médico nos hospitais Albert
Einstein, São Luiz e Pro Matre; listou pontos essenciais:
O que é a gravidez ectópica
Segundo ele, em uma gestação normal, um óvulo fertilizado passa
pelas trompas de falópio e chega ao útero, local em que se implanta e começa o
processo de formação do bebê. “Já na gravidez ectópica, o óvulo fertilizado se
implanta fora do útero, geralmente nas trompas de falópio. Quando isso
acontece, a gestação não evolui, pois não há possibilidade de um embrião se desenvolver
nesta região”.
Possíveis causas
- Infecção: se uma das trompas de falópio estiver infeccionada,
ela pode ficar inteiramente ou parcialmente fechada. Sendo assim, o óvulo
fertilizado não consegue chegar ao útero
- Tecido cicatricial: o óvulo pode ter dificuldade de atravessar a
trompa de falópio se o tecido cicatricial de uma infecção ou de uma cirurgia
estiver bloqueando o percurso
- O formato das trompas de falópio: algumas mulheres podem ter um
problema congênito nas trompas, como o crescimento acima do comum. Nestes
casos, o óvulo fertilizado pode ter dificuldades para chegar ao útero
Probabilidade de uma gravidez ectópica
- Mulher com mais de 35 anos de idade
- Histórico de gravidez ectópica anterior
- Histórico de cirurgia abdominal
- Histórico de doença pélvica inflamatória
- Gravidez após laqueadura ou com uso incorreto do DIU
- Fumante
- Histórico de endometriose
Sintomas
É possível notar sintomas diferentes de uma gestação normal,
principalmente entre a 4ª e 12ª semanas. Os sintomas são:
- Dor aguda na pelve, no abdômen ou até nos ombros e no
pescoço
- Sangramento intenso ou leve
- Desconforto ao urinar ou defecar
- Fraqueza, tontura ou desmaios
Diagnóstico
Os seguintes exames solicitados pelo médico podem identificar a
gravidez ectópica:
- Exame pélvico para avaliar dor, sensibilidade ou identificar
massas no abdômen
- Ultrassom para confirmar se a gestação está desenvolvendo no
útero
- Teste de urina ou de sangue para medir o nível do HCG, hormônio
da gravidez. Se estiver abaixo do normal, será necessário investigar uma
possível gravidez ectópica
Tratamento
Envolve a interrupção da gravidez por meio das seguintes
opções:
- Medicamento específico para absorção do tecido da gravidez
ectópica
- Cirurgia minimamente invasiva, como uma laparoscopia, para
remoção do tecido remanescente da gravidez ectópica e reparação da trompa de
falópio afetada
- Remoção total ou parcial da trompa de falópio, caso tenha havido
alargamento ou rompimento
- Monitoramento médico e checagem do nível de HCG, garantindo que
o tecido ectópico tenha sido completamente removido
“Daí a importância de fazer o pré-natal adequadamente. Ao menor
sinal de problemas adversos de uma gestação normal, acione seu médico
imediatamente”, alerta Carlos Moraes.
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