15 de setembro é o
Dia Mundial de Conscientização Sobre Linfomas
Dia 15 de setembro é o Dia Mundial de
Conscientização Sobre Linfomas que são um tipo de câncer que se originam no
sistema linfático. Temos motivos para comemorar esta data. Mas também temos que
refletir sobre a acessibilidade aos tratamentos disponíveis para pacientes do
sistema público e àqueles que dispõe da medicina privada. É fato que os avanços
nas pesquisas e nas terapias recentes conferem um melhor prognóstico,
expectativa e qualidade de vida aos pacientes diagnosticados com linfoma. Mas
não para todos os pacientes, infelizmente. Ainda há uma grande diferença em
acessibilidade às novas terapias entre pacientes SUS versus privados, o que
pode conferir uma menor chance de resposta aos pacientes que não tem acesso a
essas terapias inovadoras. Essa é a realidade!
É importante que todos conheçam as características
dos linfomas assim como as formas de tratamento e chances de cura. Primeiramente:
o que é sistema linfático? É a rede composta por linfonodos e tecidos que
produzem as células (linfócitos) responsáveis pela defesa do nosso organismo
com a produção de anticorpos. Assim, os linfomas – o tipo de câncer – são
divididos em linfomas Hodgkin (LH), que representam dois tipos; e linfomas não
Hodgkin (LNH), que representam mais de 80 tipos de linfomas.
O linfoma Hodgkin é uma doença curável, na maior
parte dos casos, apresentando uma taxa de cura de mais de 85%. O tratamento
clássico inicial é a poliquimioterapia (múltiplas drogas) com ou sem
radioterapia associada, que está disponível no SUS e no ambiente privado. Para
os pacientes que sofrem recaídas ou que não respondem ao tratamento inicial as
opções utilizadas no SUS são a poliquimioterapia e o transplante de medula
óssea. Em âmbito privado, nos casos de recidiva (retorno da doença), existe
ainda a opção da imunoterapia que podem ser medicamentos (anticorpos
monoclonais) com alvo específico para um componente que há nas células do linfoma
induzindo o sistema imune a reagir contra ele; ou medicamentos inibidores do
ponto de controle imunológico, que aumentam a resposta imunológica do corpo
contra as células cancerígenas.
Já os linfomas não-Hodgkin, com o avanço da
medicina, a chance de cura tem chegado em 60-70%. Pode ser feito com
quimioterapia, associação de quimioterapia com imunoterapia (anticorpos
monoclonais) ou radioterapia. Para os pacientes que sofrem recaídas ou que não
respondem ao tratamento inicial, as opções utilizadas são a poliquimioterapia,
imunoterapia e transplante de medula óssea. No SUS são poucos os tipos de LNH
que possuem acesso aos anticorpos monoclonais. Em ambiente privado mais tipos
de LNH tem acesso aos anticorpos monoclonais e existe ainda disponível uma
maior variedade desses anticorpos monoclonais. Em âmbito privado, há também a
possibilidade de terapias-alvos para alguns tipos de linfomas (medicamentos que
visam especificamente as alterações celulares que causam o linfoma).
Realizada no Brasil em âmbito de pesquisa clínica,
recentemente foi aprovada pela Anvisa a imunoterapia com células CAR-T
(linfócitos T com receptores antigênicos quiméricos) que são linfócitos
retirados do paciente processados em laboratório adquirindo a capacidade de
perseguir e eliminar as células do linfoma ao serem reintroduzidos no paciente.
Logo deve ser incorporada como possibilidade de tratamento disponível em âmbito
privado, apresentando boa resposta em pacientes com LNH refratários.
Receber um diagnóstico de linfoma é difícil, dolorido.
São muitas informações a serem processadas. Há uma ansiedade gigantesca em
receber essa notícia e não saber como será o tratamento, como a vida seguirá a
partir dali. Como especialistas, podemos garantir que os tratamentos estão
evoluindo, a cada dia. Vemos diariamente melhores respostas em nossos
pacientes. Entretanto, para nós, médicos, ver a disparidade de tratamento entre
SUS e privado nos causa impotência e tristeza em não poder proporcionar as
terapias disponíveis para aqueles que precisam do sistema público. De todo
modo, é nossa missão insistir na esperança. E buscar formas de lutar para que
todos tenham acesso aos melhores tratamentos.
Lorena
Bedotti Ribeiro - médica hematologista e integra o Grupo SOnHe – Oncologia e
Hematologia. É especialista em Hematologia e Hemoterapia pela Unicamp e em
Transplante de Medula Óssea pela USP-RP. Atua como médica assistente do
transplante de medula óssea no Hemocentro e no Hospital de Clínicas da Unicamp,
em Campinas-SP.
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