Cirurgião
cardiovascular explica quando sintoma deve ser motivo para uma consulta médica
É claro que nem todo inchaço dos membros inferiores
indica uma doença do coração. Mas, quando o assunto é insuficiência cardíaca
congestiva ou doença do coração fraco, como popularmente é conhecida, o edema
nos pés e nas pernas é um sintoma evidente. Segundo números do DataSUS: 200 mil
pessoas foram internadas e mais de 22 mil morreram por insuficiência cardíaca,
apenas em 2018 no Brasil.
Para o cirurgião cardiovascular e membro da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, Dr. Elcio Pires Junior, a
doença do coração fraco nem sempre é diagnosticada no início porque os
pacientes demoram a relacionar os primeiros sintomas à problemas no coração, o
que causa o agravamento da doença.
“A insuficiência cardíaca acontece quando o coração
não consegue bombear sangue o suficiente para todo o corpo. Sendo assim, nem
todos os tecidos são irrigados corretamente e como consequência passam a
acumular fluido, principalmente nas pernas e nos pulmões. Contudo, antes desse
sintoma aparecer, é comum que o paciente sinta apenas cansaço e falta de ar.
Sinais que podem ser facilmente confundidos com desgaste natural da idade,
quando na verdade é o coração dando indícios de que algo não está funcionando
bem”, explicou.
Nos casos de doença do coração fraco, os pés e as
pernas incham porque o sangue que flui do coração chega aos membros inferiores,
mas não em quantidade o suficiente para retornar. Sendo assim, é comum que a
pessoa perceba um edema frequente e prolongado, podendo ou não ser acompanhado
de outros sintomas, como: dificuldade de dormir devido à falta de ar, sensação
de cansaço ou falta de energia, abdômen inchado ou mole, tosse com catarro,
falta de apetite, confusão mental e memória afetada. Tudo isso porque a
irrigação do cérebro e do sistema respiratório são as mais prejudicadas.
As causas mais comuns para a insuficiência cardíaca
congestiva estão correlacionadas a outras doenças cardíacas preexistentes, como
uma sequela pós infarto do miocárdio, por exemplo. Podendo ser também
consequência de doenças tais como: cardiomiopatia, miocardite, valvulopatias,
endocardite, doença arterial coronariana e doença cardíaca congênita. Além de
ser uma complicação de condições crônicas que são consideradas fatores de risco
como diabetes e pressão alta.
“Eu sempre oriento que todo inchaço prolongado e
recorrente nas pernas precisa ser investigado. Até mesmo aqueles que são
habituais em mulheres grávidas, por exemplo. Isso porque o edema nos membros
inferiores geralmente pode esconder uma condição de problemas vasculares ou
cardiovasculares, como é o caso da insuficiência cardíaca congestiva. A minha
recomendação é que o paciente observe quando e com que frequência esses
inchaços aparecem e sempre passe em consulta médica. Somente um exame clínico
poderá confirmar ou descartar alguma doença”.
Na consulta, o médico fará os exames físicos e se
for necessário encaminhará o paciente para outros especialistas ou para exames
complementares, como: ecocardiograma, eletrocardiograma, teste de esforço e
radiografia. Caso a doença seja confirmada, o tratamento adotado irá depender
do tipo de insuficiência diagnosticada. Quando a doença está relacionada à
pressão alta o caminho para um coração mais forte e saudável é a união entre os
medicamentos e as mudanças nos hábitos de vida. Reduzir a ingestão de sódio, deixar
de fumar e ingerir bebidas alcoólicas, emagrecer e diminuir o nível de estresse
fazem parte do plano de tratamento.
Já quando a origem do problema está na falta de
sincronia das câmaras do coração, que não conseguem bater ao mesmo tempo, a
solução pode ser o implante de um marca-passo: dispositivo que envia impulsos
elétricos ao coração para ajudar no sincronismo e facilitar o bombeamento do
sangue, o que consequentemente contribui para a uma melhor oxigenação de todo o
organismo. Quando a insuficiência é causada por uma válvula, a opção pode ser a
substituição da mesma por meio de cirurgia. Em último caso, quando a doença é
grave e irreversível, o transplante é uma conduta a ser considerada.
“O que vale ressaltar quando falamos de
insuficiência cardíaca congestiva é que, apesar de ser uma doença grave, é
perfeitamente possível reabilitar esse coração de maneira que ele trabalhe bem
novamente com um tratamento adequado e precoce. Na maioria dos casos, o
paciente tem uma melhora considerável em sua qualidade de vida. O importante,
sempre e para todas as pessoas, é cuidar da saúde do coração mantendo hábitos
saudáveis e fazendo check-ups periodicamente. Assim é possível detectar
qualquer anormalidade antes que se agrave”, concluiu o especialista.
Elcio Pires Junior - coordenador da cirurgia
cardiovascular do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro - Rede D'or - Osasco, e coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital Bom Clima
de Guarulhos. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Cardiovascular e membro internacional da The Society of Thoracic Surgeons dos
EUA. Especialista em Cirurgia Endovascular e Angiorradiologia pela Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo. E atualmente é cirurgião cardiovascular pela
equipe do Dr. André Franchini no Hospital Madre Theodora de Campinas.
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www.instagram.com/drelciopiresjr
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