Durante muito tempo, a arquitetura das instituições de ensino muito se assemelharam às estruturas fabris do século XIX. Numa perspectiva tecnicista, a função da escola era formar sujeitos disciplinados (no sentido restrito do termo), obedientes, pouco questionadores e igualmente pouco reflexivos.
A premissa de disciplinar
corpos e mentes acabou determinando as estruturas físicas e simbólicas do
espaço escolar. Crianças enfileiradas, sinal sonoro idêntico ao da fábrica,
tablados em sala de aula, evidenciando as hierarquias nas relações, currículo
escolar rígido como uma linha de montagem fordista do início do século XX.
Apesar dos saudosismos de alguns, esse modelo de escola tinha muitos problemas:
pouco espaço para reflexão, criação e exercício da criatividade. A apropriação
da técnica era mais importante do que aprender a pensar, refletir e a
solucionar problemas.O desenvolvimento de habilidades comportamentais, emocionais
e o trabalho em equipe não tinham espaço no currículo.
Hoje entende-se que todos os
espaços da escola são importantes para a formação de crianças e jovens. Neste
sentido, os ambientes precisam ser inspiradores e motivadores, proporcionando o
desenvolvimento pleno dos estudantes. A escola, na qual as crianças e
adolescentes passam boa parte do seu dia, mudou radicalmente. São espaços em
que se revelam sonhos, desenvolvem a criatividade, estimulam o
autoconhecimento, definem destinos, moldam personalidades.
A maioria dos edifícios
escolares, porém, ainda é pensada em termos quantitativos, com espaços
projetados considerando mais a metragem quadrada e menos o seu potencial para o
desenvolvimento de habilidades, competências e maximização das aprendizagens
significativas. O interior das salas de aulas, os espaços de convivência, as
mobílias, dentre outros, precisam se adequar às necessidades dos alunos,
visando buscar uma melhoria no aprendizado. A arquitetura e a pedagogia
precisam estar atreladas, desde a concepção do projeto arquitetônico até sua
execução. É de suma importância que os ambientes escolares dialoguem com a
proposta pedagógica de cada escola.
A arquitetura e a
configuração dos ambientes de aprendizagem influenciam diretamente no desenvolvimento
das crianças e jovens. É importante que haja um diálogo entre arquitetura e
proposta pedagógica, para a formação de um cidadão global. Benefícios
pedagógicos devem motivar as novas instalações. Atual é estar conectado com o
mundo, evidentemente, em constante transformação.
Durante esse mais de um
século e meio de existência, a história do Arquidiocesano se mistura com a
história da cidade de São Paulo. O colégio está em constante transformação,
atualização e modernização, sendo conhecido e reconhecido pela excelência
acadêmica e pela tradição aliada a um constante processo de inovação e
transformação.
Uma instituição com 164 anos
de atividade contínua e ininterrupta, precisa estar pautada em pilares sólidos:
ensino de qualidade, ética e uma formação transformadora para crianças e
jovens. Uma formação ancorada na excelência acadêmica, no desenvolvimento de
habilidades comportamentais e emocionais, com princípios cristãos, que fazem a
diferença na vida de cada um e no mundo, contribui para que os alunos alcancem
seus sonhos mais sublimes e mais elevados.
Afinal, suas vidas e sonhos
não cabem dentro de uma caixa de concreto.
Prof. Everson Caleff Ramos -
diretor geral do Colégio Marista Arquidiocesano, localizado em São Paulo (SP).
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