Professora da Faculdade Anhanguera aponta as diferenças entre a Varíola, doença erradicada na década de 1980, e a Varíola dos Macacos, que tem registrado casos pelo mundo
Com a redução do número de casos e
internações, e tendo a pandemia de Covid-19 sob relativo controle, as pessoas
puderam respirar um pouco mais aliviadas. Até que começaram a surgir no
noticiário informações sobre casos de Varíola dos Macacos.
Mas afinal de contas, que doença é
essa? A coordenadora do curso de Biomedicina da Universidade Anhanguera,
Alessandra Furtado Nicoleti, explica que a varíola foi erradicada (ou seja, não
existe mais entre a população) na década de 1980 depois de uma grande campanha
internacional de vacinação promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Os registros apontam que a varíola
vitimou mais de 300 milhões de pessoas pelo mundo, antes de ser declarada
erradicada. É considerada umas das mais devastadoras moléstias que a humanidade
já enfrentou, matando mais até do que as duas grandes guerras mundiais somadas
e do que a gripe espanhola”, diz.
A varíola é causada pelo vírus Orthopoxvirus variolae e a transmissão acontecia de pessoa para pessoa, a partir da inalação de gotículas contendo o vírus, eliminadas ao tossir, espirar ou falar, ou contato direto. Os sintomas eram similares aos de uma gripe comum, mas quando o vírus se instalava no organismo pelo sistema linfático, começavam a aparecer manchas, que evoluíam para pústulas e bolhas de líquido e pus. Ao estourarem, as bolhas podiam deixar marcas na pele para o resto da vida do paciente.
Na época do surto de varíola, como não havia cura, a recomendação era esperar o organismo do paciente reagir e combater o vírus. Havia dois tipos de varíola: a varíola major, tipo mais radical da doença, que levava 30% dos doentes à óbito; e a varíola minor, um tipo mais leve que levava a óbito apenas 1% dos doentes.
“Como a doença foi erradicada, o Brasil
não oferece mais a vacina em seu calendário do SUS desde a década de 1970. Mas
quem tomou a dose naquela época ainda tem algum tipo de proteção contra as
Varíola dos Macacos”, explica a especialista.
VARÍOLA DOS MACACOS
A Varíola dos Macacos é uma zoonose silvestre viral (transmitida aos seres humanos a partir dos animais) que ocorre em regiões como as florestas da África Central e Ocidental. A doença é causada pelo vírus Monkeypox, que pertence ao gênero Orthopoxvirus, e foi observada inicialmente em macacos em um laboratório em 1958, na Dinamarca.
Os sintomas da Varíola dos Macacos são
semelhantes aos da Varíola, mas com menor gravidade: febre, dores de cabeça, musculares e nas costas, linfonodos inchados,
calafrios e exaustão, além de lesões na pele que se desenvolvem primeiramente
no rosto e depois se espalham para o corpo. Essas lesões se assemelham à
catapora ou à sífilis até formarem uma espécie de crosta, que depois cai.
A transmissão da doença se dá a partir
do contato com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e objetos e
materiais contaminados, como roupas de cama.
O possível surto foi identificado
primeiro em pacientes do Reino Unido que não tinham viajado para regiões endêmicas,
e a OMS ainda não identificou a fonte de transmissão desses novos casos. Como
surgiram casos em outros países, isso pode significar que está havendo
transmissão comunitárias em tais nações.
“As transmissões atuais têm acontecido por meio de contato físico entre pessoas sintomáticas, então, ficam valendo as recomendações de, identificados sintomas que possam indicar a doença, o paciente deve procurar imediatamente o serviço de saúde para receber tratamento adequado e cumprir as medidas sanitárias necessárias para evitar a propagação”, finaliza Alessandra.
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