Queda de 34% na
realização de consultas e exames entre 2019 e 2020 gera revés no setor, que
deixa de identificar doenças que podem levar à cegueira
Entre os inúmeros impactos da pandemia da Covid-19,
especialistas da Rede de Hospitais São Camilo SP alertam para o aumento de
problemas na visão, que vão desde uma Síndrome do Olho Seco até um glaucoma ou
catarata.
“Muitos problemas relacionados à saúde ocular são
evitáveis a partir de um diagnóstico precoce. O que ocorre agora é que
enfrentamos atrasos nesse sentido, gerando um aumento nos riscos de perda da
visão no médio e longo prazo”, destaca a oftalmologista da Rede Renata Rabelo.
A partir de um monitoramento realizado pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM), entre 2019 e 2020, houve queda de 34% nos
atendimentos oftalmológicos e, segundo a especialista do Hospital São Camilo
SP, mesmo após o período mais crítico da pandemia, a procura por consultas e
exames segue abaixo do esperado.
É o que mostra um levantamento feito pelo Conselho
Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Embora tenha sido observada uma tendência de
recuperação no primeiro semestre de 2021, o volume de consultas ainda está
muito abaixo do período pré-pandemia. Os dados desta análise, realizada junto à
rede pública, mostram que, enquanto o primeiro semestre de 2019 registrou mais
de 5,2 milhões de consultas oftalmológicas, o mesmo período em 2021
contabilizou 4,8 milhões.
Os dados, divulgados pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), indicam ainda que mais de 2,2 bilhões de pessoas sofrem com
problemas de visão em todo o mundo, sendo que, deste total, um bilhão de casos
seriam evitáveis ou passíveis de correção, como erros de refração não
corrigidos ou catarata.
“Por mais que a tecnologia tenha evoluído tanto no
tratamento de doenças oftalmológicas nos últimos anos, é fundamental que haja a
identificação em estágios reversíveis”, finaliza Dra. Renata.
Acompanhamento periódico
De acordo com a especialista, além da pandemia,
outros fatores também prejudicam a saúde ocular da população. “Muitas pessoas
não consideram importante fazer um acompanhamento periódico da visão, ou não
seguem as recomendações médicas quando entendem que ‘enxergam bem o
suficiente’, e aí um problema que poderia ser facilmente resolvido fica muito
mais grave no futuro”, alerta.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope
Inteligência, 10% dos entrevistados alegaram nunca terem realizado uma consulta
oftalmológica, percentual que chega a 21% entre a população de 18 a 24 anos.
“A perda da visão leva a uma redução na qualidade
de vida desses pacientes. Por isso é tão importante mudarmos essa cultura
através de ações de conscientização, sobretudo considerando que algumas doenças
oculares não apresentam sintomas”, defende a oftalmologista.
Segundo ela, a primeira consulta idealmente deve
ocorrer entre os 3 e 4 anos de idade, momento em que as estruturas dos olhos já
estão mais maduras. A partir daí, o médico poderá avaliar a periodicidade
adequada para cada caso.
Já na fase adulta, a recomendação é de seja feita
uma avaliação oftalmológica anual, podendo ser mais frequente em casos de
histórico familiar de doenças oculares ou sintomas que indiquem alguma
alteração na visão.
“Além disso, quando há lacrimejamento frequente nos
olhos, coceira, inchaço ou vermelhidão, visão turva, duplicada ou dificuldade
de enxergar objetos de perto ou de longe, deve-se procurar um oftalmologista
que irá realizar os exames necessários”, esclarece a médica do Hospital São
Camilo SP.
Por fim, outros sintomas que podem indicar
problemas na visão são: dores de cabeça frequentes, aumento da sensibilidade à
luz, dor atrás dos olhos, necessidade de fechar os olhos para focar melhor em
um objeto, dificuldade de enxergar à noite ou necessidade de esfregar os olhos
várias vezes ao dia.
@hospitalsaocamilosp
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