Desde o último dia 6 de julho, a internet 5G está disponível em solo nacional. Brasília, que por muitas décadas representou a cidade dos novos idos, foi escolhida para estrear esta que é a mais moderna conexão de internet, podendo ser até 100 vezes mais veloz do que a habitual. Para termos ideia do tamanho do avanço, um filme que levaria cerca de 35 minutos para ser baixado na conexão 4G não demorará mais que 21 segundos se descarregado com conexão em 5G.
Noutras palavras, estamos a reduzir a latência, que significa o tempo gasto entre o comando e a resposta. Aquele círculo que transmite a ideia de que o conteúdo está sendo carregado está com os dias (ou segundos) contados. Vantagens em tempos de transformação digital no mundo corporativo poderão ser percebidas especialmente na qualidade das videochamadas e na exibição de conteúdos, como cursos, palestras e workshops.
Outro
impacto positivo poderá rapidamente ocorrer no mercado da Internet das Coisas.
Nossos assistentes, como a Alexa, já atendem a comandos de voz com extrema
precisão. Agora, imagine um único comando de voz reduzir a iluminação da casa,
trancar as portas e ligar o aquecedor.
Da
geladeira que poderá informar que o leite está quase no fim e ela mesmo
encomendá-lo no supermercado, até as janelas do quarto que poderão ser fechadas
ao menor sinal de chuva, tudo poderá ser automatizado. Tudo mesmo.
Outros
setores que podem vivenciar rapidamente a revolução da 5ª geração da internet
são a telemedicina e o agronegócio. Médicos poderão fazer consultas online com
muito mais qualidade, bem como procedimentos especializados, como endoscopias e
ultrassonografias, além de realizar cirurgias complexas com extrema
conectividade, velocidade e estabilidade.
Já
o agronegócio poderá beneficiar-se do 5G e, consequentemente, aumentar a
disponibilidade de alimentos. Imagine que uma plantação de tomates poderá, sem
intervenção humana, ter iniciada sua colheita a depender dos sinais de
maturidade. Satélites, drones e colheitadeiras conseguirão estar conectados e
comunicar-se entre si.
Porém,
se o mar é azul, a navegação deve considerar as muitas correntes e, mais uma
vez, os riscos podem estar à altura das oportunidades.
Se
em alguns anos tudo poderá ser controlado à distância, ou ainda, por voz, a
inovação inspira muito mais cuidado com a segurança das redes. Bandidos
virtuais poderão invadir sua casa sem que para isso precisem ir até ela, já que
uma conexão sem segurança significará uma residência sem fechaduras.
Estamos
a falar de obrigatória revisão do uso de algoritmos e de criptografia. No
Brasil, ainda se trata estas questões com determinada irresponsabilidade, e
todos os dias dados pessoais vazam numa escala aparentemente incontrolável, com
especial preocupação para aqueles que estão em posse dos poderes públicos.
Não
estaremos a falar de informações pessoais sensíveis sendo vendidas na internet,
mas de hábitos de consumo e comportamento de famílias inteiras à disposição de
estelionatários, assaltantes e sequestradores.
A
notícia da chegada da internet 5G é ótima.
Mas é preciso manter os olhos bem
abertos sobre o comportamento de quem, por lei, tem a obrigação de nos proteger.
Edmar
Araujo - presidente executivo da Associação das Autoridades de Registro do
Brasil (AARB). MBA em Transformação Digital e Futuro dos Negócios, jornalista.
Membro titular do Comitê Gestor da ICP-Brasil.
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