13 de julho é o Dia Mundial do TDAH ou Transtorno
de Déficit de Atenção e Hiperatividade, um transtorno neurobiológico de causas
genéticas que aparece na infância e acompanha o indivíduo por toda a sua vida.
Esse transtorno é um dos mais estudados em todo o mundo por conta das
consequências apresentadas nos estudos que apontam sérios e graves prejuízos
que ele causa em todas as áreas da vida da pessoa.
Um indivíduo com TDAH tem muito mais chance de não
completar o ensino médio, caso não tenha um sistema educacional inclusivo. Ele
tem mais possibilidades de transferências, reprovações e expulsão da escola.
Consequentemente, possui menor tempo de formação, sendo que o abandono escolar
no ensino superior é frequente, inclusive o início e abandono de vários cursos.
No trabalho, pessoas com TDAH são demitidas com
muito mais frequência, e geralmente por justa causa, sendo que a maioria acaba
migrando para o trabalho informal.
Pessoas com TDAH também sofrem muito mais
acidentes, inclusive de carro, e com sequelas mais graves.
Socialmente esses indivíduos têm grandes prejuízos
que não se resumem à inconstância nas amizades, mas também ao número de
divórcios que são 2,5 maiores quando um dos parceiros têm o transtorno.
A impulsividade também traz graves prejuízos no
crédito, já que o número de pessoas com TDAH que se endividam pela dificuldade
em manejar suas finanças é 40% superior, sendo inclusive desaconselhado pelos
psicólogos e psiquiatras que uma pessoa com TDAH tenha cartão de crédito.
Na adolescência, o TDAH requer uma atenção especial
pois as meninas têm mais casos de gravidez precoce e, tanto meninas quanto
meninos, têm maior incidência de vícios, principalmente em álcool e drogas.
Segundo as estatísticas, a incidência do TDAH gira
em torno de 5% da população, sendo que algumas pesquisas apontam números muito
superiores. No Brasil são 6 milhões de pessoas com o transtorno, mas esse
número está aquém da realidade.
Com causa hereditária, 80 % das pessoas com TDAH
têm mãe, pai ou ambos com o mesmo transtorno e 18 % possuem outros parentes
como tios e avós acometidos pela doença. Mesmo sem diagnóstico anterior muitas
pessoas acabam constatando que tem TDAH ao se depararem com o diagnóstico do
filho.
Por ser um transtorno invisível, ou seja, que não
deixa sequelas aparentes, é fácil uma pessoa com o TDAH ser classificada como
preguiçosa, irresponsável, esquecida, desmotivada, depressiva, negativa, etc.
Como consequência do transtorno teremos ainda baixa estima e a chamada Síndrome
do Impostor.
Para agravar a situação, 80% dos portadores de TDAH
possuem comorbidades, sendo que 50% têm mais de uma, piorando os sintomas e
prejuízos no dia a dia. As comorbidades mais comuns são Transtornos de
Aprendizagem (discalculia e dislexia com maior incidência), Transtorno Opositor
Desafiador e Depressão.
Diante de todos esses fatores é fundamental a
divulgação do que é TDAH e de seus sintomas permitindo ao indivíduo a
conscientização que o que ele acha que ele É na verdade é o que ele TEM.
O TDAH não tem cura mas existem tratamentos que
trazem melhoria de vida em todas as áreas.
Em 2021 foi aprovada a lei 14.254 que dispõe sobre
o acompanhamento integral das pessoas com TDAH e transtornos de aprendizagem.
No final de junho foi aprovado no Senado Federal o projeto de lei 4.254/19 que
institui em agosto a Semana Nacional de Conscientização sobre o TDAH,
aguardando a sanção presidencial. Por fim, tramita na Câmara dos Deputados o
projeto de Lei 2630/21 que quer classificar como pessoa com deficiência para
todos os efeitos legais quem tem TDAH.
Diante dos problemas que acometem um indivíduo com
TDAH é fundamental a divulgação e esclarecimento sobre o transtorno e suas
consequências para permitir que sociedade busque o tratamento e a
melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.
KEILA CHICRALLA - Neuropsicopedagoda, Keila Cricralla é pós-graduada em Neurociências
Pedagógicas e em Educação Especial. Especialista em Funções Executivas, também
possui doutourado em Direito;
@keilachicrallaoficial
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