Rodrigo Salvetti, professor do curso de Biologia do CEUNSP, explica como as mudanças ambientais interferem na saúde humana e o que precisa ser feito
Causas e impactos ambientais vêm sendo pautas
evidentes na atualidade. Diversas são as mudanças que estão acontecendo com os
desmatamentos, devastação de biomas, secas e inundações alternadas, poluição
atmosférica, crimes socioambientais, aquecimento global, mudanças climáticas e
outros. Mas o que muitos não imaginam é que as mudanças ambientais no planeta
podem afetar a saúde humana.
Segundo Rodrigo Salvetti,
professor do curso de Biologia do Centro Universitário N. Senhora do Patrocínio
(CEUNSP), as mudanças climáticas estão alterando o modo como os eventos
meteorológicos atuam sobre a superfície da Terra. “De maneira simplificada, o
aumento de calor na atmosfera, causado pelo lançamento de poluentes, já está
afetando os equilíbrios climáticos. Isso significa que as chuvas estão mais
irregulares, que as ondas de calor e de frio estão mais intensas, e que existe
potencial maior para eventos climáticos extremos, como tornados, furacões,
chuvas torrenciais, dentre outros. Ou seja, a vida em geral, e não só dos seres
humanos, é afetada por essa condição”.
Salvetti reforça que essas
mudanças afetam a saúde humana de várias maneiras. Com as ondas de calor, o ar
mais quente e seco pode desencadear problemas cardíacos e respiratórios. A
falta de umidade prejudica a lavoura e o gado, causando escassez alimentar, e
os eventos climáticos exacerbados podem causar prejuízos materiais e humanos
devido as enchentes, ventanias e deslizamentos de terra.
“Vale ressaltar que a baixa
umidade do ar pode desencadear problemas respiratórios pelo ressecamento das
mucosas nasais. O próprio material particulado presente no ar tende a aumentar
em períodos de seca, promovendo a proliferação de bactérias e vírus, e a
inalação de partículas poluentes que são causadoras de doenças pulmonares. No
frio extremo, abaixo de 10 graus, é possível termos doenças associadas a
hipotermia, enquanto em temperaturas muito altas são comuns os casos de
insolação, desidratação e até problemas cardíacos”, aponta o biólogo.
O docente ressalta ainda que,
os impactos ambientais e o desenvolvimento da sociedade vêm refletindo no
surgimento de novas doenças, assim como suas disseminações. “Esse avanço tem
levado ao aumento expressivo das áreas urbanas e isso tem duas consequências
principais: o acúmulo de pessoas em um único lugar gera uma demanda maior de
recursos naturais, como água, comida e produtos em geral, além de produzir uma quantidade enorme
de resíduos que precisam ser descartados, e a segunda, é que se as áreas
urbanas crescem, consequentemente as áreas rurais e de proteção ambiental
precisam ser desmatadas e transformadas em espaços urbanos. Esses fatores
contribuem para uma maior pressão nos ecossistemas da Terra, que precisam
fornecer cada vez mais recursos para o ser humano, provenientes de locais cada
vez menores”.
“O desmatamento e o uso de
agrotóxicos fazem com que o homem tenha contato com animais, bactérias e vírus
que estavam restritos a natureza e que agora estão cada vez mais próximos das
áreas urbanas. Isso propicia o aumento de casos de doenças antes erradicadas ou
então desconhecidas. Além disso, o aumento da temperatura média da Terra está
causando o degelo das áreas polares, o que pode liberar microrganismos presos
no gelo a milhares de anos nas águas e solos, cuja interação com o ser humano é
desconhecida”, avalia Rodrigo.
Por fim, o professor de
Biologia do Ceunsp aponta que não tem mais como mudar o cenário dos impactos na
sociedade, e que as mudanças climáticas são uma realidade incontornável.
“Chegamos, infelizmente, em um ponto sem retorno. O que resta é minimizarmos ao
máximo as mudanças climáticas, reduzindo a emissão de gases estufa e o
desmatamento, recuperando áreas impactadas para tentarmos, de alguma forma,
reduzir o consumo desenfreado de recursos. Não é fácil. Isso tudo passa por
questões políticas, econômicas e, principalmente, culturais. É preciso tornar o
modo de vida mais sustentável, descobrir e utilizar novas fontes de energia,
substituir as formas de consumo por alternativas menos impactantes. É uma lição
de casa para esta e as próximas gerações”, finaliza.
Ceunsp
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