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segunda-feira, 18 de julho de 2022

5 razões que explicam o déficit na formação de talentos em TI no Brasil

Especialistas explicam que a concorrência com o mercado estrangeiro é um dos principais fatores para a perda de profissionais no país

 

Considerada uma das “profissões do futuro” por analistas do mercado, a área de tecnologia está em ascensão. Porém, estima-se que até 2030 a falta de profissionais chegue a 1 milhão no Brasil, de acordo com estudos da McKinsey. As razões vão desde o aumento da demanda, passando por desafios na formação até a competição com o mercado estrangeiro, que absorve parte dos talentos do país. 

“Esses motivos estão relacionados entre si e precisamos ter um olhar macro na busca de soluções, considerando o ponto de vista de estudantes e colaboradores, das empresas, das universidades e do poder público”, defende Felipe Matos, cofundador e CEO da Sirius Educação, escola brasileira especializada na formação e capacitação na área de tecnologia. Especialistas explicam como acontece essa falta de profissionais e quais caminhos podem ajudar a superá-la.


1 - Demanda aumentada

O mercado de trabalho de tecnologia está em ascensão na medida que a internet e ferramentas digitais se popularizam. Os desafios trazidos pela pandemia também aceleraram a digitalização das empresas. No estado de São Paulo, o crescimento de 671% das vagas no setor foi registrado em 2020 pela plataforma Catho. Já a procura por serviços terceirizados de TI registrou um aumento de 142% em 2021, segundo um levantamento da empresa de suporte FindUP.

“O mercado, que já disputava por profissionais qualificados de TI, passou a precisar deles em maior número. Com a chegada da pandemia e a necessidade de mais procedimentos remotos e digitalização das empresas, a demanda deu um salto”, explica  Manoel Valle, presidente da Associação Brasileira de Provedores de Serviço de Apoio Administrativo (Abrapsa), entidade sem fins lucrativos que reúne empresas com o interesse comum de promover a terceirização de processos de negócios no Brasil.


2 - Formação abaixo da demanda

Outro motivo determinante para este déficit é a formação aquém da demanda. Em comparação a outras profissões, os estudantes brasileiros ainda optam mais por carreiras em outras áreas. No Brasil, há 11 estudantes de administração e direito para cada estudante de tecnologia, segundo estudo realizado pela McKinsey, enquanto que nos Estados Unidos e China, a proporção (em torno de 3 a 5) muda expressivamente. “Estamos vendo um crescimento na transição de carreira para o ramo e mais profissionais interessados no setor. A tendência é que esse número continue aumentando, mas ainda há muito trabalho a ser feito para o gap ser superado”, analisa Matos.


3 - Profissionais mais exigentes

Em um cenário de vagas de sobra, os profissionais disputados tornam-se mais exigentes ao escolherem onde trabalhar. Essas condições vão além da remuneração. Os candidatos estão em busca de qualidade de vida, de empresas com a cultura alinhada ao seu estilo de vida e com perspectivas de crescimento. “Esses trabalhadores e trabalhadoras, relacionados ao fenômeno que chamamos de Futuro do Trabalho, têm novas preocupações. O bem-estar, melhores condições de trabalho, jornadas menores e a busca por significado em sua ocupação são prioridades”, esclarece Arnóbio Morelix, cofundador e CIO da Sirius Educação.


4 - Mercado estrangeiro 

O êxodo de talentos para o exterior é outro fator que agrava esta carência. Profissionais de Tecnologia da Informação que dominam outro idioma, em especial o inglês, estão migrando para empresas estrangeiras e se inserindo no mercado de trabalho global. “Há muitos desafios para as empresas brasileiras conseguirem reter esses funcionários, principalmente com o aumento da empregabilidade remota após a pandemia e diante da concorrência com a remuneração em uma moeda estrangeira e mais valorizada”, comenta Manoel Valle.


5 - Papel das empresas

Para desenvolver projetos de digitalização e inovação nas empresas, contar com colaboradores que dominam tecnologia é primordial. Para superar este problema, que afeta diretamente as companhias, um dos caminhos é a recapacitação, ou seja, identificar no quadro atual de empregados quais possuem interesse em adquirir novas habilidades e investir na formação. Outra estratégia importante é estreitar laços com parceiros, como aceleradoras, startups e universidades, para atrair jovens que já estão seguindo esse caminho.

“Faltam profissionais e cada vez mais pessoas sabem disso. Com o tempo, é provável que esse gap diminua consideravelmente, com estudantes que estão começando agora se formando futuramente. O problema é que as empresas não podem esperar por esse movimento. A área está desfalcada neste momento e algumas soluções imediatas são necessárias”, completa Morelix.

Sirius Educação estudantes no campo de trabalho, formando suas competências também baseadas na demanda do contratante.

 

Associação Brasileira de Provedores de Serviço de Apoio Administrativo – ABRAPSA

 abrapsa.org.br.

 

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