Uso de inteligência artificial pode diminuir a subnotificação de diagnósticos
A capacidade de lidar com dados em escala nunca vista antes
tornou-se urgente durante a pandemia de Covid-19 e será ainda mais importante
no pós-pandemia. Nesse contexto, o crescimento exponencial no número de exames
de imagem de tórax (especialmente radiografias e tomografias computadorizadas)
realizados nos últimos meses trouxe uma importante matéria-prima para os
médicos: a identificação incidental de doenças pulmonares subnotificadas, entre
elas o câncer o pulmão.
O Brasil tem atualmente cerca de 30 mil novos diagnósticos de
câncer de pulmão a cada ano, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer
(Inca). O número é três vezes menor do que o dos Estados Unidos, apesar da
população americana apresentar uma prevalência de tabagismo semelhantes à
nossa. Como explicar essa diferença?
O tabagismo é sempre apontado como um dos vilões entre os fatores
de risco. Estudos também apontam que principalmente mulheres jovens que nunca
fumaram passaram a ter esse tipo de câncer graças a questões genéticas. Mas o
médico Felipe Marques da Costa, pneumologista da BP – A Beneficência Portuguesa
de São Paulo, adiciona um componente extra nessa equação: “O Brasil tem um
problema sério de subdiagnóstico de câncer de pulmão. Esse é o primeiro
problema a ser enfrentado e que explica essa diferença entre os dois países”,
explica ele. “Nesse contexto, a inteligência artificial pode ser o grande ativo
nessa luta pelo diagnóstico do câncer de pulmão, principalmente em países sem
programas estruturados de rastreio de nódulo pulmonar. É necessário inovar,
utilizando a inteligência artificial para identificar lesões e catalisar a
jornada do paciente”, explica o médico.
Diagnóstico de nódulo incidental
A BP iniciará em breve testes com inteligência artificial para o
diagnóstico de nódulo incidental em raios-X e tomografias computadorizadas de
tórax realizados por outros motivos que não para detecção da doença. São
pacientes que chegam à instituição para um tratamento, como, por exemplo, uma
cirurgia para a correção de uma fratura e, ao realizar exames de imagens
durante o pré-operatório, descobrem uma neoplasia de pulmão.
“O papel da inteligência artificial é levantar um alerta de que
algo pode estar errado (o chamado
red flag)
em um exame. Ao invés de analisar 10.000 exames, o filtro indica 100 deles que
podem ter anormalidades, diminuindo por 100 a demanda e permitindo que o
especialista se dedique àqueles casos selecionados”, afirma o médico da
instituição.
De acordo com Felipe, em um futuro próximo, os algoritmos poderão
ser aprimorados e treinados para ajudar a acelerar os trabalhos dos
radiologistas e indicar quem são os pacientes com lesão pulmonar suspeita de
câncer de pulmão que devem ser conectados a um time de especialistas que pode, inclusive,
ser acionado por telemedicina, caso o paciente esteja distante. “Não é a
substituição do homem, mas um serviço de alerta dentro de um sistema de saúde
que auxilia a conduzir com mais segurança o paciente, um sistema de “airbag” para a cadeia de
saúde. Aqui na BP a inteligência artificial acelera passos, traz segurança e o
grande beneficiário é o paciente”, conclui o especialista.
BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
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