Especialistas destacam importância do diagnóstico por meio de raios-x e tomografias
A síndrome do
desconforto respiratório agudo (SDRA) é uma complicação respiratória associada
muitas vezes ao agravamento de alguma infecção viral. Segundo artigo publicado
recentemente na revista científica The Lancet1, por especialistas dos Estados
Unidos e da Alemanha, em decorrência da pandemia da COVID-19, o número de casos
aumentou consideravelmente desde o ano passado, o que destacou os desafios
associados a síndrome, incluindo a alta mortalidade.
Identificada nas
radiografias de tórax por imagens opacas em ambos os pulmões, o artigo explica
que a SDRA é mais comum do que se acreditava inicialmente. Em 2016, um estudo
com 459 pacientes na unidade de terapia intensiva (UTI) de 50 países apontou
que 10% desses pacientes e 23% dos pacientes em ventilação mecânica se
encaixavam nos critérios da doença, além de terem apresentado alta taxa de
mortalidade hospitalar (35%-45%).
Com a pandemia global
da COVID-19, a SDRA começou a ser mais discutida, já que muitos centros
clínicos ficaram sobrecarregados com pacientes diagnosticados com a forma grave
doença, ou seja, associada a SDRA, afirmam os pesquisadores Nuala J Meyer, da
Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia (EUA), Luciano Gattinoni, do
Centro Médico da Universidade de Göttingen (AL), e Carolyn S Calfee, da
Universidade da Califórnia (EUA).
Ainda segundo artigo,
relatórios apontaram características únicas da síndrome quando relacionada a
COVID-19, embora existam dados que sugerem semelhança com a SDRA clássica. Os
relatos revelam também uma alta prevalência de trombose venosa e coagulopatia
na síndrome associada ao Sars-Cov-2.
Apesar de ter sido
observada redução da mortalidade associada à SDRA nos últimos anos, devido à
diminuição das lesões pulmonares induzidas por ventilação mecânica, a
mortalidade ainda é alta, situando-se em torno de 40%. "Neste contexto, o
reconhecimento precoce por meio dos critérios clínicos e radiológicos, bem como
o tratamento correto da SDRA, são essenciais para preservar a saúde dos
pacientes", explica Igor Santos, médico radiologista e Superintendente de
Inovação e Dados da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico
por Imagem (FIDI), empresa responsável por gerir sistemas de diagnóstico
por imagem na rede pública de saúde.
Para a SDRA ser
diagnosticada, os problemas respiratórios, assim como anormalidades
radiográficas, devem estar presentes por até 7 dias. Com a suspeita baseada nos
critérios clínicos, a radiografia de tórax é o método de imagem inicial para
complementar o diagnóstico. Já a tomografia de tórax pode substituir ou
adicionar mais informações aos achados radiográficos, também sendo útil para
quantificar o edema e o potencial recrutamento de parênquima pulmonar.
"Nela, é possível
observar opacidades bilaterais consistentes com edema pulmonar, além de melhor
identificar as opacidades que podem ser confundidas com a SDRA na radiolografia
de tórax, como derrames pleurais isolados, atelectasias ou tumores. ",
pontua o médico.
Trata-se de uma doença
grave e desafiadora, com diversos fatores de risco, como pneumonia e sepse de
origem não-pulmonar, seguidos pela aspiração de conteúdo gástrico, sem contar o
altíssimo índice de mortalidade. Porém, o tratamento pode ajudar a reparar os
danos pulmonares ou limitar a resposta do organismo à lesão, por exemplo, ao
reduzir qualquer excesso de líquido que possa se acumular em volta dos pulmões
lesionados, segundo artigo publicado na The Lancet.
FIDI
Referências
Bibliográficas
1 Nuala J Meyer,
Luciano Gattinoni, Carolyn S Calfee. Acute Respiratory Distress Syndrome. The
Lancet; Julho de 2021.
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