‘Eu que tive
infância’, ‘infância boa foi a minha”. Essas são frases recorrentes dos adultos
de 50 anos em diante. A geração Baby Boomers, aquela nascida entre 1945-1964
possui um saudosismo na qual a geração dos jovens e adolescentes de hoje não
sentem e não sentirão, porque essa geração, ao contrário de qualquer outra, não
quer parar no tempo. São mentalidades cuja pluralidade não flerta com fixações,
mas, dinamismo.
A geração de jovens e adolescentes de hoje, os da
geração Z, nascidos entre 1992 a 2010, chegaram imersos ao processo tecnológico
e cibernético no qual o tempo parece ser um mero detalhe. As infâncias são
diferentes. Não existe aquela melhor do que esta ou aquela. Os momentos
históricos e as transformações sociais são o cenário para as leituras. Cada
geração é julgada tendo como referência a anterior e no qual, no fim das
contas, não cabem modelos a serem seguidos, mas as possibilidades da sociedade
se ressigificar, constantemente.
Entre essas gerações que mencionei e tantas outras
como a geração X (1964-1977), Y ou Millennials (1977-1990) e agora, os
recém-chegados, Xennials, os últimos que se lembraram de como era a vida sem
internet, numa análise mais detalhada, todas tiveram aspectos muito importantes
e de relevância social, mas também de grandes rupturas, conflitos e
frustrações.
Reflexões
Estamos falando de debates e reflexões que
legitimam outras formas de pensar, manifestações de confrontação, seja de cunho
político ou cultural, gritos que reivindicam liberdades. Ecos que ressoam como
resposta às guerras, reconhecimento de direitos, questionamentos às
arbitrariedades e afirmação de identidades. Tudo isso acompanhado de revoluções
tecnológicas, relativizadas por necessidades e direcionamentos do momento.
O que para uns o consumismo em ter uma TV ou o
liquidificador cheio de botões era sinal de sucesso, para outros o próprio
consumismo é banal, e sucesso se traduz pela rapidez que de comunicação e
acesso à informação. Compartilhamos de manivelas de engrenagens à botões em um
painel de comando, sendo que uma geração está para outra como o voyeur está
para o exibicionista.
O mais curioso é que essas gerações são como ondas,
vão e voltam, se interseccionam ao mesmo tempo em que divergem. Privacidade,
por exemplo, é um aspecto em comum. A falta dela. Atualmente mais ainda, com a
diferença que hoje isso não é almejado. Pelo contrário, quem ainda preserva uma
intimidade é visto com desconfiança.
Diálogos
Hoje os conceitos são aprofundados, visto que os
diálogos e conversas fluem, diferente de um cenário de censuras e repressões,
mas, mesmo estas repressões do passado ainda fazem parte das violências sociais
de hoje, traduzidas, ironicamente, pela liberdade de expressão.
E se antes as individualidades lutavam para serem
reconhecidas, hoje elas se expressam através das coletividades. Com isso, os
conflitos se metamorfoseiam também. Individualidades que não querem ser massa.
Coletividades que não querem ser massa. Repetimos comportamentos com o intuito
de não sermos repetitivos.
O que acontece é a frustração de hoje. É que as
mudanças são imediatistas a ponto de serem imaturas e, algumas vezes, efêmeras.
E assim, ignoram-se referências. Perde-se valor, importância e todos possuem
data de validade. Essa é a limitação atual comparada a um tempo em que o limite
precisava ser transgredido, para depois reinventarmos novos limites.
As inúmeras representações são a certeza dos
avanços e conquistas de momentos atrás, aos quais não possuía lugares de fala,
mas também, a certeza de que multiplicarmos é o caminho para alcançarmos
unidades. E se é x, y ou z não sei, mas em todas as gerações, o tempo continua
sendo a balança.
Breno Rosostolato - psicólogo,
educador e terapeuta sexual, terapeuta de casais e professor da Faculdade Santa
Marcelina.
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