Cuidar do bem-estar durante o tratamento é também
parte do processo de cura e busca pela remissão da doença
Sexualidade
é a soma da relação íntima, biológica e emocional de um indivíduo, compreendida
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como essencial para o bem-estar e
qualidade de vida. E quando falamos sobre o tratamento do câncer não é raro que
este tópico seja ainda um tabu, afinal, a prioridade é concentrar esforços na
cura exclusiva da doença. No entanto, ao contrário do senso comum, parte deste
processo é ter a visão da importância da qualidade de vida antes, durante e
depois do tratamento.
São
diferentes as reações e impactos tanto na sexualidade quanto na vida sexual
depois do descobrimento de um câncer. “Em alguns casos mais extremos, pacientes
passam por uma amputação do membro genital ou da mama. Em outros, o tratamento
causa desbalanço hormonal, impactando até mesmo a alteração da autoimagem e
autoestima, e tudo isso abala a sexualidade e, por conseguinte, o bem-estar
desse paciente e seu companheiro. É preciso sempre
pensar em formas de minimizar os impactos na vida social dessa pessoa, e sexualidade
é social”, explica a psicóloga Alyne Braghetto, que integra o time do
ambulatório de sexualidade do Centro de Oncologia e Hematologia da
Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
O
ambulatório de sexualidade faz parte de uma das ações que visam cuidar do
paciente de forma integrada e holística, tratando a doença e cuidando da vida.
Para o oncologista Dr. Diogo Bugano, é um conceito que significa que não basta
curar, mas lidar com as questões colaterais para que a pessoa não marginalize
outras partes de sua vida, aprendendo a lidar com todas as difíceis questões
que fazem parte do tratamento oncológico. “Além de curar é preciso estar bem”,
completa. O atendimento funciona com um time especializado e multidisciplinar,
composto por profissionais de Enfermagem, Psicologia,
Oncologia, Ginecologia, Urologia e Fisioterapia.
“Trabalho
há 14 anos com Oncologia e, nesse tempo, pude perceber que a sexualidade é algo
muito singular, mas importante em todas as etapas da vida. Vai muito além do
sexo, afeta a disposição, autoafirmação, autoestima e tudo isso toca a pessoa
como um todo. Justamente por isso, a ideia do ambulatório de sexualidade é que
além de dar suporte ao paciente e mostrar para que ele pode e deve falar e se
importar com a questão, precisamos começar a conscientizar o corpo clínico da
necessidade de se abordar o assunto e dar informação, caminhos e ferramentas para os pacientes, suas famílias e parceiros”,
conta a enfermeira do ambulatório Sabrina Rosa de Lima Matos.
Além
disso, com o avanço das tecnologias e medicamentos, as chances de remissão e de
cura para determinados tipos da doença vêm aumentando. “Quem trabalha nessa
área já está vendo na prática, e é justamente por isso que é preciso se
empenhar também na vida do paciente depois do tratamento oncológico, ou seja,
como reintroduzi-lo na vida cotidiana depois de tantas mudanças e, porque não, minimizar estes impactos durante o tratamento”, informa
Dra. Andrea Maria Novaes Machado, ginecologista que também integra o time
do ambulatório de sexualidade do Einstein.
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