Considerar
mais do que as doenças, mas as pessoas. Essa é uma das definições do termo
atendimento humanizado em ambiente hospitalar. A técnica é utilizada no
Hospital VITA, em Curitiba, e vem alcançando resultados expressivos para os
pacientes. O coordenador das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do VITA
Batel, Dr. Rafael Deucher, médico intensivista, explica que todo bom atendimento
de saúde deve ser humanizado e levar em conta as pessoas e não apenas as
doenças. “No VITA chamamos a UTI com acompanhante de Humanizada pois sabemos da
importância da presença dos familiares num momento tão difícil para o
paciente”, explica.
O
médico, que também é vice-presidente da Sociedade de Terapia Intensiva do
Paraná (Sotipa), destaca que o atendimento humanizado tem boa influência na
recuperação dos pacientes. “Influencia deixando menos impacto negativo
emocional e proporcionando uma melhor qualidade de sono ao longo do
internamento. Importante salientar que não é todo paciente que é candidato a
ser admitido na UTI humanizada”, salienta Dr. Deucher. Ele destaca que
pacientes gravemente enfermos necessitam, inicialmente, permanecer na UTI convencional.
Ainda
de acordo com o médico intensivista resultados bons são obtidos em ambas UTIs
conforme a necessidade do paciente. “Entretanto, naturalmente o internamento na
UTI humanizada é menos agressivo emocionalmente falando”, explica. Em relação
ao VITA Batel, Dr. Deucher afirma que a atuação tem foco centrado no paciente.
“Não queremos apenas curar a doença e sim individualizar as demandas de cada
paciente, além de querer fazer ameno o comprometimento emocional num período
tão difícil na vida de quem está doente”, complementa.
Dr.
Rafael Deucher é presidente do XVIII Congresso Sul-Brasileiro de Medicina
Intensiva, que será promovido pela Sotipa em parceria com a Associação de
Medicina Intensiva Brasileira nos dias 22 a 24 de agosto, em Curitiba. O médico
destaca que o evento reunirá profissionais de renome do Brasil e do
exterior para abordar o atendimento e procedimentos da medicina intensiva.
O
Congresso será na sede da Associação Médica do Paraná, localizada na Rua
Cândido Xavier, nº 575, no bairro Água Verde. As inscrições podem ser
realizadas pelo site www.sotipa.com.br. Outras informações podem ser obtidas
pelos telefones (41) 3343-8842 e 3243-3145 ou pelo e-mail secretaria@sotipa.com.br.
Quem
também participará do Congresso é a Dra. Raquel Pusch, psicóloga clínica. Ela
tratará do tema “Aspectos da Humanização na Comunicação com as famílias na UTI
adulta e em pacientes pediátricos”.
“Vou
trabalhar os temas de humanização relacionados à mudança de cultura,
apresentação em forma de relato de experiência. Também a questão da qualidade
em terapia intensiva, gestão de qualidade e moderar uma mesa que será debatida
a construção do luto no familiar, ou seja, como lidar com notícias difíceis. A
última conferência será sobre habilidades não técnicas na UTI pediátrica, ou
seja, humanização com a visão da comunicação assertiva”, diz a
profissional.
Sobre
a humanização hospitalar, ela afirma que se trata de uma questão subjetiva. “Se
criarmos um ambiente acolhedor aonde o exercício da tolerância e empatia se
fazem presentes, são sinais que tornam o clima mais amistoso, que favorecem o
próprio ambiente que tem muita ansiedade”, relata. De acordo com a psicóloga
dessa maneira que é identificada a recuperação, pela própria verbalização dos
pacientes em relação a como eles se sentem.
Segundo
ela o atendimento humanizado em ambiente hospitalar pode ser identificado por
meio do processo de humanização que envolve principalmente a comunicação
interdisciplinar com a família, com o paciente. “É por meio da comunicação que
conseguimos perceber um ambiente onde a comunicação é madura, sustentável,
consistente, e em troca disso nós avaliamos a qualidade do atendimento conforme
a família se comporta. É relacionado à questão afetiva e o que a família espera
dos profissionais. Quando isso vem à pauta a comunicação se estabelece e é
sinônimo de humanização”, salienta Dra. Raquel.
Na
visão da psicóloga clínica a humanização hospitalar é a capacidade dos
profissionais de saúde levarem em consideração o bem-estar próprio e a
capacidade de exercer a própria atividade profissional. “Inclui lidar com a
intimidade corporal e emocional do paciente e conseguir promover o bem-estar
desse paciente bem como o acolhimento dos seus familiares”.
Dra.
Raquel esclarece que a identificação do hospital quanto ao projeto focado na
humanização pode ser feita pelo sofrimento da equipe. “Pode ser vista por meio
dos colaboradores, que já não tem mais a capacidade de dar de si mesmo na
atividade diária. Por meio da má qualidade do atendimento ao usuário”, diz a
psicóloga. Ela afirma que os profissionais envolvidos na humanização são todos,
sem exceção. “Desde o CEO da instituição até a zeladoria, precisam ter um
comportamento baseado na cordialidade, numa capacidade empática nas tratativas
com o outro”.
A
psicóloga destaca que a finalidade da humanização é lidar com a fragilidade
humana trazendo consolo, esperança e afeto nos momentos de muita
vulnerabilidade do usuário, do paciente em si e do próprio familiar. “Os
resultados da humanização são analisados a partir dos níveis de satisfação dos
pacientes. Por exemplo: quando os pacientes são internados na UTI nós fazemos a
avaliação pós-alta para ver a qualidade do sono durante o período que passou na
UTI, para investigar a qualidade da comunicação, se teve dor, se foi atendido
naquilo que julgava necessário. Nós identificamos os níveis de qualidade apesar
das adversidades. Esses são os nossos indicadores de qualidade dos serviços
prestados ao paciente, ou seja, avaliamos aquilo que foi subjetivo ao paciente,
verificando que a competência técnica foi realizada e o paciente conseguiu ter
a sua melhora”, esclarece.
Dra.
Raquel Pusch conclui enfatizando a maneira como é realizada a humanização: “por
meio da forma como abordamos o paciente, por exemplo, quando o paciente precisa
sofrer coletas de exames invasivas, procedimentos. As tratativas, a delicadeza,
a tolerância por esse momento, por essa fragilidade, mostram a forma como é
realizada a humanização”, finaliza.
Hospital VITA

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