O manuseio inadequado de fogos de artifício levou à
internação hospitalar mais de cinco mil pessoas entre os anos de 2008 e 2017,
segundo levantamento elaborado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em
parceria com as Sociedades Brasileiras de Cirurgia da Mão (SBCM) e de Ortopedia
e Traumatologia (SBOT). O alerta integra uma série de ações de alerta
preparadas pelas três entidades sobre os riscos de acidentes e queimaduras
durante as festas juninas e as festividades ligadas à Copa do Mundo.
Nos últimos 21 anos, o Brasil registrou 218 mortes
por acidente com fogos de artifício. No período, foram 84 acidentes fatais na
região Sudeste, seguido de 75 na região Nordeste e 33 na região Sul. Já nas
regiões Centro-Oeste e Norte, foram registrados, juntos, 26 óbitos. Além de
mortes – aproximadamente dez a cada ano –, o uso de fogos de artifício pode
provocar queimaduras, lesões com lacerações e cortes, amputações de membros,
lesões de córnea ou perda da visão e lesões auditivas.
Em média, são registradas nos serviços públicos de
saúde cerca de 80 internações somente no mês de junho. “Se considerarmos que em
algumas regiões as festas juninas têm início nas quermesses de maio e vão até
julho, podemos verificar que um terço de todas as hospitalizações acontecem
apenas neste período de 90 dias. É preciso, portanto, ter cautela no manuseio
desses fogos, sobretudo promovendo ações de proteção às crianças”, destacou Carlos
Vital, presidente do CFM.
“É importante falarmos francamente sobre esse
assunto e educar as próximas gerações. Não há fogos seguros para o manuseio de
crianças, elas não devem manipular e nem ficar expostas a nenhum tipo de fogos,
mesmo os de classificação livre. As crianças devem saber que fogos são
perigosos e que só devem ser manipulados por adultos, seguindo instruções de
segurança ou por profissionais. Essa postura é que reduzirá os acidentes de
forma eficiente”, afirma o presidente da SBCM, Milton Pignataro.
Ranking – Segundo dados do Sistema de
Informação Hospitalar (SIM), nos últimos dez anos 5.063 pessoas foram
internadas para tratamento por acidentes com fogos de artifício. Na série
analisada, o ano de 2014 foi o que registrou o maior número de acidentes.
Naquele ano, o Brasil foi palco da Copa do Mundo, o que pode ter motivado o
aumento no número de casos.
Entre os estados, a Bahia aparece com o maior
número de casos em quase todos os anos. Ao longo da última década, 20% das
internações ocorreram em municípios baianos. Outros destaques foram os estados
de São Paulo, com 962 casos (19%), e Minas Gerais, onde houve 701 internações
(14%). Juntas, as três unidades da federação representam mais da metade dos
todos os casos registrados no período (53%). Entre os estados com menor número
de notificações estão Roraima (17), além de Tocantins e Acre, ambos com apenas
14 internações. CONFIRA A
LISTA COMPLETA POR ESTADO.
Na avaliação por município, Salvador lidera com
folga o ranking das cidades com o maior número absoluto de acidentes com fogos
de artifício: 686 internações ao longo da década. Em outras palavras, pelo
menos um em cada dez acidentes acontece em Salvador. Em segundo lugar aparece a
capital paulista (337), seguido por Belo Horizonte (299). CONFIRA A
LISTA COMPLETA POR MUNICÍPIO.
Perfil do acidentado – Os
homens representam a absoluta maioria dos registros no período analisado: 4.245
internações, número que representa 83% do total de casos. As mulheres
representaram apenas 17% das ocorrências, com 853 internações.
“Quando se trata de fogos de artifício, todo
cuidado é pouco. Além de sempre seguir as instruções do fabricante, nunca se
deve carregar bombinhas nos bolsos, acender próximo ao rosto e é importante
ainda evitar associar a brincadeira com fogos ao uso de bebida alcoólica. Não
se deve deixar as crianças brincarem com os fogos. É importante lembrar que,
além das mortes registradas por fogos de artifício, muitas pessoas ficam com
sequelas para o resto da vida”, orienta a presidente da SBOT, Patrícia Fucs.
Para não transformar as festividades em uma
tragédia, o especialista também recomenda evitar que as crianças estejam
expostas aos riscos das explosões. De acordo com os dados apurados pelo CFM,
39% das internações envolviam crianças e adolescentes de zero a 19 anos. Já
entre os adultos de 20 a 49 anos, foram registradas 46% das internações no
período. CONFIRA A
EVOLUÇÃO DE INTERNAÇÕES POR SEXO E IDADE.
Precauções – Em caso de acidente, as
pessoas devem lavar o ferimento com água corrente, evitar tocar na área
queimada e não usar nenhuma substância sobre a lesão – como manteiga, creme
dental, clara de ovo e pomadas. É recomendado que se procure o serviço de saúde
mais próximo, para atendimento médico adequado.
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