Gerenciamento de dados,
auditorias e outras ações ajudam seguradoras a reduzir pagamentos em sinistros
suspeitos de fraude que superam R$ 3 bi ano
A adoção de política de compliance é um dos
mecanismos importantes para redução significativa do pagamento de sinistros
suspeitos no mercado de segurados, afirma a
coordenadora da área criminal do Franco Advogados, Chiavelli Falavigno. Em
apresentação para cinco dezenas de executivos e consultores do setor em evento
na Academia Nacional de Seguros e Previdência, ela analisou dados da CNSeg nos quais os sinistros suspeitos
representam mais de 10% do total de R$ 28 bilhões pagos no ano pelas
seguradoras. De acordo com informações prestadas pelas próprias empresas,
apenas cerca de R$ 500 milhões foram barrados após criteriosa análise dos
sinistros suspeitos.
Embora o percentual seja visto como positivo pelo
mercado, Falavigno diz haver pontos importantes da pesquisa que comprovam a
falta de gerenciamento adequado de dados pelas seguradoras, pois 40% das
empresas não apresentaram informação consistentes para a pesquisa setorial
realizada pela confederação.
O pagamento de seguros fraudulentos gera perdas
financeiras, diz a especialista, e pode minar a confiança de todos no setor. O
pior efeito é sobre os bons clientes, que poderão ser prejudicados no futuro,
pois algumas empresas poderão enfrentar problemas em razão de pagamentos
indevidos.
Embora os estragos possam atingir grandes proporções a
ponto de colocar em risco a saúde financeira das seguradoras, Chiavelli chama a
atenção para o fato de muitos casos suspeitos não serem devidamente
investigados. Isso decorre, dentre outros fatores, também da falta de
comunicação à autoridade policial e ao ministério público destes casos. Para
ela, esta prática deve ser revista por existirem instrumentos legais para
denúncia, investigação e punição desses crimes.
A sócia do Franco Advogados entende que a política de
compliance, o gerenciamento de dados, auditorias internas e a comunicação de
fraudes a autoridades públicas são indispensáveis para contribuir com o avanço
da cultura ética dentro do ambiente corporativo. “Precisamos mudar a forma de
pensar e como agimos em relação à legislação para criar um novo ambiente, não
apenas no segmento, mas na política e demais setores da nossa sociedade“.
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