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quarta-feira, 27 de junho de 2018

Atividades de casa podem preparar crianças naturalmente para a vida profissional, segundo especialistas em gestão de carreiras

Professor da FGV Management e autor da metodologia Stakehand, baseada em neurociência, Luciano Salamacha ressalta que ensinamentos simples representam muito no mercado de trabalho na vida adulta

Que tal aproveitar o período de férias para ensinar de maneira divertida e dentro de casa algumas práticas que os pequenos levarão para a vida, inclusive profissional? De acordo com Luciano Salamacha, especialista em neurociência aplicada à gestão de carreiras e negócios, a educação recebida no próprio lar é capaz de qualificar e habilitar as crianças para lidarem com o dia a dia no trabalho.
Para ilustrar, Salamacha faz uma analogia da educação com os cômodos de uma casa, apontando aos pais os possíveis ensinamentos que se obtém em cada cantinho de um lar de maneira leve e descompromissada. "Não é nada maçante. É algo que pode ser feito naturalmente e que vai produzir na criança de hoje um bom padrão de conduta para o amanhã no trabalho", comenta o professor.

Na cozinha, por exemplo, o processo de preparo de alimentos, a sequência necessária para se elaborar um prato, a higiene e a qualidade aprovada da comida preparada, bem como a satisfação ou não do resultado final constroem, naturalmente, a importância de se seguir processos, atenção à qualidade do que se entrega, a necessidade de respeitar o feedback. Além disso, é possível obter a noção de que todos têm a mesma relevância em uma equipe, independe do tamanho ou percentual de participação que um indivíduo tem. "Imagine a seguinte situação: ao confeccionar um bolo, a farinha e o açúcar têm forte participação em relação ao fermento, porém como fica o bolo sem fermento? Os jovens podem perceber esse impacto facilmente com a mão na massa", exemplifica o especialista.

Outro lugar em casa que agrega com experiências é a dispensa. O orçamento da família é fortemente afetado pelas compras que realiza, pelos produtos que consome e, principalmente, pelos que não consome. O simples gesto de mostrar aos filhos os alimentos que sobram na prateleira, fazê-los contar, por exemplo, quantos pacotes de macarrão têm e quantos são consumidos, os ensinarão a realizar melhores compras quando forem ao supermercado. São elementos valorizados pelas empresas: a importância de se controlar estoques de maneira racional, evitar desperdícios, gerenciar orçamento e perceber que as compras devem seguir processos racionais e não serem realizadas por impulso.

Na sala, qual família nunca passou pela situação de cada um querer assistir um programa diferente? Ou de as pessoas disputarem o melhor lugar no sofá? Então, surge a necessidade de harmonizar os diversos interesses envolvidos. Dois fortes e valorizados elementos de capacitação exigidos pelas empresas são a capacidade de negociar e de ceder em prol do espírito de equipe, desenvolvidos naturalmente quando os pais aplicam atividades ligadas à solução deste tipo de problemas. O reverso também é verdadeiro: contornar essas situações em vez de gerencia-los pode passar uma noção errada sobre como encarar e resolver problemas de relacionamento.

Já no quarto, a tônica é organização. Quantas vezes uma mãe não tem que chamar a atenção dos filhos sobre a bagunça onde vivem? As empresas precisam de pessoas que respeitam a rotina, que entendam a importância de arrumar, organizar e manter em ordem um ambiente, ainda que seja onde apenas a pessoa utiliza. Essas imposições corriqueiras refletem o cuidado com os recursos da organização. O mesmo se aplica ao fato de as crianças cumprirem horários como: acordar, se preparar para ir à escola etc.

Sobre o banheiro, quais são os pais que nunca bateram na porta pedindo para que a criança acabasse o banho? Ou então tiveram que apartar irmãos que brigavam porque um deixou o banheiro totalmente bagunçado para o outro? A capacidade de relacionamento interpessoal está diretamente ligada ao respeito à individualidade e às diferenças. Por exemplo, se o banheiro é coletivo para a família, deixar o ambiente propício para o outro é respeito, é saber conviver em equipe, importar-se com o outro, é saber dividir e compartilhar.



Luciano Salamacha - doutor em Administração e mestre em Engenharia de Produção. Preside e integra conselhos de administração de empresas brasileiras e de multinacionais, atuando como consultor e palestrante internacional. É professor em programas de pós-graduação, mestrado e doutorado no Brasil, na Argentina e nos EUA. Recebeu da Fundação Getúlio Vargas o prêmio de melhor professor em Estratégia de Empresas nos MBA's, por sete anos seguidos. É um dos raros professores que fazem parte do "Quadro de Honra de Docentes", da FGV Management. Luciano Salamacha é autor de livros e artigos científicos publicados no Brasil e no exterior. Foi pioneiro na América Latina em pesquisas sobre Neuroestratégia - neurociência aplicada à estratégia empresarial. O livro apresentado aqui é fruto destas pesquisas. Mais informações sobre Luciano Salamacha no site www.salamacha.com.br



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