1- A era colonial no Brasil morreu depois de trezentos anos
(início de 1500 a início de 1800). Daí emergiu nossa independência (1822).
Foram três séculos de estagnação política, parasitismo e conservadorismo
obstinado, ou seja, três séculos de regresso social, de ignorância do povo, de
exploração escravagista cruel, de Inquisição e de religiosidade fanática.
Inovar era proibido. Pensar não era permitido. Romper o monopólio comercial da
metrópole era vedado. A corrupção fazia parte da estrutura político-econômica.
2 - A degeneração ibérica (de Espanha e Portugal) tornou-se,
consequentemente, uma realidade. Morreu a moralidade e a inteligência (presente
nas descobertas ultramarinas) resultou atrofiada. A Europa culta abandonou a
ciência e foi se degradando dia a dia. A alma desses tempos foi se aniquilado
em razão da ignorância, da opressão, da miséria e da roubalheira geral
instituída. As instituições econômicas, políticas, jurídicas e sociais se
desenvolveram para a espoliação e exclusão da população. A colônia se acabou.
Espanha e Portugal se exauriram em suas nulidades. Eram donas do mundo nos
séculos XV-XVI. Demoraram para admitir a evolução tecnológica da 1ª Revolução
Industrial (1777). Se tornaram nanicas, desimportantes, dependentes e
marginalizadas.
3 - Depois de quase 200 anos de Brasil pós-colonial
(1822-2018), a sensação difusa é de (novo) aniquilamento das suas estruturas.
Se tornou um país obsoleto, analfabeto funcional e bastante alheio às inovações
tecnológicas (ressalvadas algumas ilhas de progresso). A percepção dessa
degeneração já se generalizou (desde 2013, seguramente). O velho modelo de
sociedade gritantemente injusta morreu, mas o novo ainda não nasceu. Já estamos
vivendo um novo período de transição.
4 - A Constituição de 1988, dentro dessa era, trouxe o
derradeiro alento pró-mudanças, trocando (no papel) mais um dos nossos passados
ditatoriais por um projeto de emancipação política e democrática. O Brasil
melhorou, mas não deixou de ser subdesenvolvido. A violência não acabou, as crises
política e econômica não cessaram e a desigualdade e a miséria só cresceram nos
últimos quatro anos. Os grupos privilegiados lutam pela preservação “de tudo
que está aí”. As engrenagens autoritárias e discriminatórias não desapareceram.
5 – Todo tipo de governo já testamos: o Brasil já foi colônia, império,
regência, monarquia, parlamentarismo, ditadura e, atualmente, nossa
Constituição diz que somos uma República Democrática. Assim o Estado é brasileiro
é apresentado oficialmente. No mundo real, de forma oculta (tanto quanto
possível), perpassa por todas as redes de poder condensadas no Estado uma
monstruosidade chamada cleptocracia (cleptos = ladrão; cracia = poder,
governo). Esse grupo de ladrões e saqueadores, que fez do Brasil uma República
Democrática Cleptocrata, é a causa central do nosso atraso.
6 – A questão crucial é a seguinte: a roubalheira impune, a apropriação
indevida do dinheiro público sem maiores consequências, faz parte do jeito de
governar o Brasil (e praticamente toda América Latina). Somos governados
sobretudo por ladrões e/ou saqueadores. Esse é o nó do problema.
7 - Há muita gente séria no comando do País (gente que pensa no bem
comum), mas o Brasil somente é o que é (um país condenado ao
subdesenvolvimento, que se transformou no último patamar possível da sua
evolução) porque o poder preponderante (dentre todos os que perambulam pelas
estruturas do Estado) é o daqueles que acessam o Estado para roubar, parasitar,
rapinar, espoliar, saquear, extorquir, corromper, escravizar, queimar,
devastar, aniquilar, esquartejar, apropriar e pilhar.
8 – Qual é a saída? A tarefa inadiável de todos os
brasileiros que querem um país melhor é eliminar da nossa vida socioeconômica e
política o clube dos donos corruptos do poder (clube de ladrões e/ou
saqueadores parasitas, que vivem da bandidagem fora da lei ou, às vezes,
conforme a lei fabricada por políticos comprados por eles), que canalizam para
seu patrimônio (de forma aberrantemente ilegal ou injusta) a quase totalidade
das riquezas da nação. Todas as instituições econômicas, políticas, jurídicas e
sociais são programadas para isso.
9 - A Lava Jato, com as correções necessárias, não pode
parar. Ela é um dos sinais do Brasil civilizado que queremos. Sozinha, no
entanto, não terá energia para promover mudanças culturais. Estas dependem de
um ensino de qualidade para todos, federalizado, em período integral. Império
da lei, excelente escolarização, ética e cidadania é tudo que se espera do
Brasil na nova era que se avizinha.
10
- As eleições de 2018 são decisivas. É a oportunidade dos espoliados revoltados
(com a política e com os políticos) aniquilarem a forma perversa de dominação
do país. O clube dos donos corruptos do poder (a cleptocracia), que vive à
sombra do poder oficial, tem que ser eliminado de dentro do Estado brasileiro.
Como? “Derrubar pelo voto a maioria dos picaretas, eleger gente nova e
empurrá-la para uma aliança com alguns sobreviventes, para que a inexperiência
não venha a pesar tanto nas suas decisões” (Gabeira). A eliminação de um ou
vários corruptos do poder é um grande serviço que todo brasileiro pode fazer
pelo seu país.
LUIZ FLÁVIO GOMES - jurista. Criador do movimento Quero Um
BrasilÉtico. Estou no f/luizflaviogomesoficial
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