Excesso
de peso pode trazer transtornos emocionais maiores que os físicos
A obesidade é tratada pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) como um problema de saúde pública, pois aumenta o risco para uma série de
doenças crônicas como diabetes, pressão alta, alterações ortopédicas. Mas há
dois aspectos psicológicos que envolvem a doença que são considerados tão
prejudiciais quanto os demais - a rejeição e o preconceito.
No mundo atual é preciso ser magro, bonito e estar dentro
de padrões considerados “normais” para ser aceito na sociedade. Assim, os
obesos experimentam a baixa autoestima, que potencializa ainda mais a
compulsividade, ansiedade, insatisfações e o medo de se expor. O obeso se
acostuma a abrir mão dos prazeres e para ser aceito, se submete à inúmeras
dietas, sem no entanto conseguir manter o novo peso adquirido. “Ele entra numa
fase que chamamos de ‘efeito sanfona’, emagrecendo e engordando sucessivamente,
porque não entende que a origem da obesidade é multifatorial”, explica o
cirurgião especialista em cirurgia metabólica do Hospital São Luiz e da clínica
Franco & Rizzi, Dr. Roberto Rizzi. De acordo com ele, como
vários fatores influenciam na perda ou no ganho de peso -
bloqueios emocionais, problemas físicos e até psicológicos, como a compulsão
alimentar – é preciso que esse paciente seja olhado por uma equipe
multidisciplinar, que poderá ajudá-lo a se identificar dentro de um novo
corpo.
Hoje, os profissionais da saúde consideram que tanto do
ponto de vista médico como emocional, a obesidade severa traz conseqüências
extremamente graves. “Todos os pacientes relatam as dificuldades de estar
acima do peso e, dentre elas, sempre citam o preconceito”, comenta Rizzi.
Segundo ele, o fato de perder peso após a cirurgia significa para muitos
pacientes um “renascimento”. E essa transformação é relatada por Gerson da
Rocha, operado há alguns meses pelo cirurgião. Conta ele que emagrecer é “uma
volta à normalidade”, e este é um dos principais benefícios de se sentir magro.
“Não tem nada igual a voltar a ter a sua vida normal”, afirma. O peso, segundo
o ex-obeso, trouxe uma série de complicações físicas e emocionais. “Hoje faço
tudo, desde amarrar um sapato até dançar”.
Adolescentes se beneficiam da cirurgia metabólica
Se para um adulto enfrentar a obesidade é um transtorno,
para o adolescente isso pode ser ainda pior. Nessa fase, ele já experimenta as
transformações pelas quais passa o seu corpo e também busca a aceitação dentro
de seu grupo. E sua aparência pode interferir diretamente em sua personalidade.
E se além disso tudo esse jovem ainda tiver problemas de saúde, sua condição
pode piorar, de forma geral.
Pensando na qualidade de vida desses jovens, desde 2013 o
Ministério da Saúde aceita que, a partir dos 16 anos, eles podem passar pela
cirurgia bariátrica e metabólica. E essa mudança da faixa etária, explica o
cirurgião, segue consensos internacionais. “Porque o objetivo
do tratamento cirúrgico é melhorar a qualidade de vida do paciente que está
obeso, resolvendo os problemas de ordem física e psicossocial que o excesso de
peso acarreta”, reforça Rizzi.
Assim,
a cirurgia é considerada uma solução a ser indicada para o adolescente obeso
grave pelos benefícios gerais que traz, independentemente da idade. “Obesidade
é um tema que exige muita seriedade, assim quando a cirurgia é indicada e o
paciente está bem preparado, se torna um excelente tratamento”, diz o
especialista. Isso porque além de afastar as doenças relacionadas, o paciente
operado ganha qualidade de vida.
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