quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Adolescentes se beneficiam da cirurgia metabólica



Excesso de peso pode trazer transtornos emocionais maiores que os físicos


A obesidade é tratada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um problema de saúde pública, pois aumenta o risco para uma série de doenças crônicas como diabetes, pressão alta, alterações ortopédicas. Mas há dois aspectos psicológicos que envolvem a doença que são considerados tão prejudiciais quanto os demais - a rejeição e o preconceito.

No mundo atual é preciso ser magro, bonito e estar dentro de padrões considerados “normais” para ser aceito na sociedade. Assim, os obesos experimentam a baixa autoestima, que potencializa ainda mais a compulsividade, ansiedade, insatisfações e o medo de se expor. O obeso se acostuma a abrir mão dos prazeres e para ser aceito, se submete à inúmeras dietas, sem no entanto conseguir manter o novo peso adquirido. “Ele entra numa fase que chamamos de ‘efeito sanfona’, emagrecendo e engordando sucessivamente, porque não entende que a origem da obesidade é multifatorial”, explica o cirurgião especialista em cirurgia metabólica do Hospital São Luiz e da clínica Franco & Rizzi, Dr. Roberto Rizzi. De acordo com ele, como vários fatores influenciam na perda ou no ganho de peso - bloqueios emocionais, problemas físicos e até psicológicos, como a compulsão alimentar – é preciso que esse paciente seja olhado por uma equipe multidisciplinar, que poderá ajudá-lo a se identificar dentro de um novo corpo.

Hoje, os profissionais da saúde consideram que tanto do ponto de vista médico como emocional, a obesidade severa traz conseqüências extremamente graves. “Todos os pacientes relatam as dificuldades de estar acima do peso e, dentre elas, sempre citam o preconceito”, comenta Rizzi. Segundo ele, o fato de perder peso após a cirurgia significa para muitos pacientes um “renascimento”. E essa transformação é relatada por Gerson da Rocha, operado há alguns meses pelo cirurgião. Conta ele que emagrecer é “uma volta à normalidade”, e este é um dos principais benefícios de se sentir magro. “Não tem nada igual a voltar a ter a sua vida normal”, afirma. O peso, segundo o ex-obeso, trouxe uma série de complicações físicas e emocionais. “Hoje faço tudo, desde amarrar um sapato até dançar”.


Adolescentes se beneficiam da cirurgia metabólica
Se para um adulto enfrentar a obesidade é um transtorno, para o adolescente isso pode ser ainda pior. Nessa fase, ele já experimenta as transformações pelas quais passa o seu corpo e também busca a aceitação dentro de seu grupo. E sua aparência pode interferir diretamente em sua personalidade. E se além disso tudo esse jovem ainda tiver problemas de saúde, sua condição pode piorar, de forma geral.

Pensando na qualidade de vida desses jovens, desde 2013 o Ministério da Saúde aceita que, a partir dos 16 anos, eles podem passar pela cirurgia bariátrica e metabólica. E essa mudança da faixa etária, explica o cirurgião, segue consensos internacionais. “Porque o objetivo do tratamento cirúrgico é melhorar a qualidade de vida do paciente que está obeso, resolvendo os problemas de ordem física e psicossocial que o excesso de peso acarreta”, reforça Rizzi.

Assim, a cirurgia é considerada uma solução a ser indicada para o adolescente obeso grave pelos benefícios gerais que traz, independentemente da idade. “Obesidade é um tema que exige muita seriedade, assim quando a cirurgia é indicada e o paciente está bem preparado, se torna um excelente tratamento”, diz o especialista. Isso porque além de afastar as doenças relacionadas, o paciente operado ganha qualidade de vida.




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