ü Dados apresentados no Seminário "Livre
de Violência” em Brasília mostram que o custo das da violência física,
psicológica e sexual contra as crianças chega a US$ 7 trilhões;
ü 13,6%
das meninas de 6 a 14 anos no Brasil trabalham ou já tiveram experiência de
trabalho;
ü Evento
é uma iniciativa das organizações Fundação Abrinq - Save the Children, Plan International
Brasil, ChildFund Brasil, Visão Mundial e Aldeias Infantis SOS
Cinco organizações não governamentais com atuação
internacional – Fundação Abrinq-Save the Children; Plan International
Brasil; Visão Mundial; ChildFund Brasil; e Aldeias Infantis SOS –
iniciaram nesta quinta-feira em Brasília um evento para discutir como é
possível erradicar a violência contra a criança e o adolescente no País até
2030. O Seminário "Livre de Violência”, que vai até amanhã, 2 de julho,
alerta que, a partir do ano que vem, tem início o prazo de 15 anos para que as
nações de todo o mundo coloquem em prática os chamados “Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável” (ODS), por meio de iniciativas públicas e
privadas. Os ODS reúnem 17 objetivos e 169 metas para a promoção, de forma
justa e equitativa (integrando as dimensões social, econômica e ambiental) dos
direitos da Criança e do Adolescente, conforme preconizado durante a
Conferência Rio+20. O documento final será anunciado na 70ª Assembleia Geral da
ONU, em setembro de 2015 e, por isso, está sob o foco do movimento
internacional da infância.
O Seminário "Livre de Violência” trouxe estudos que
dimensionam esse desafio. Um deles, apresentado pela ChildFun Brasil, revela
que o impacto econômico da violência contra criança pode chegar a US$ 7
trilhões por ano no mundo. Já a pesquisa “Por Ser Menina”, mostrada pela Plan
International, fala do contexto de direitos, violências, barreiras, sonhos e
superações a partir do próprio olhar das meninas até 14 anos no Brasil. Seguem
as principais conclusões dos estudos:
ESTUDO 1
Impacto
Econômico da Violência contra as Crianças
ü Os
custos globais anuais da violência física, psicológica e sexual contra as
crianças pode atingir US$ 7 trilhões;
ü Esse
valor é maior do que o investimento necessário para prevenir a maior parte
dessa violência;
ü Só
com as piores formas de trabalho infantil, o planeta perde hoje US$97 bilhões,
e a perda resultante da associação das crianças com as forças ou grupos armados
podem ser de até US$ 144 milhões anualmente;
Tipos de violências
|
Cenário
|
Impacto Econômico
|
Violência Sexual
|
Os
dados atuais indicam que até 50% das agressões sexuais em todo o mundo são
cometidas contra as meninas menores de 16 anos (UNFPA e UNICEF, 2011), com
uma estimativa de 1,8 milhões de crianças sujeitas ao comércio de exploração
sexual e de imagens de abuso de crianças.
|
Os
custos com assistência médica ao longo da vida, ao lado da possibilidade de
gravidez precoce e níveis mais baixos de educação relacionados. Por sua vez,
isto pode levar ao absentismo laboral e declínio da produtividade no trabalho
como resultado dos problemas de saúde.
|
Violência Física ou Psicológica
|
Pesquisa
da UNICEF (2006) indica que mais de 275 milhões de crianças em todo o mundo
estão expostas à violência em casa, embora as limitações de notificações
signifiquem que milhões a mais podem estar afetadas.
|
Os
custos reais resultantes da violência são baseados em respostas
comportamentais das vítimas (ONU, 2005) e a disponibilidade dos serviços,
alterando significativamente os custos diretos e indiretos para as vítimas e
os prestadores de serviço.
|
Trabalho infantil perigoso
|
No
geral, calculam-se que cerca de 5,4% das crianças em todo o mundo estão
envolvidas no trabalho perigoso (OIT, 2013) com uma estimativa de 85,3
milhões de crianças de cinco a 17 anos trabalhando em condições perigosas em
uma variada gama de setores, tais como mineração, construção civil e
agricultura. Os índices do trabalho infantil são altos na região da Ásia do
Pacífico. Em Bangladesh, o trabalho perigoso responde por 63% do emprego
entre crianças de cinco a nove anos de idade, 56% entre 10 e 14 anos e 57%
entre 15 e 17 anos (UCW, 2011).
|
As
piores formas de trabalho infantil resultam na escravidão da criança,
separação da família, exposição a graves perigos e doenças, e isolamento –
frequentemente desde uma idade muito tenra, levando a consequências adversas
para a saúde da criança, à exposição a outras formas de violência e a
consequências para suas futuras atividades de geração de renda.
|
Crianças associadas com as forças ou grupos armados
|
A
estimativa atual do número de crianças associadas com as forças ou grupos
armados variam entre 250.000 e 300.000 crianças (ONU, 2000), embora este
número provavelmente seja uma subestimativa. Os custos econômicos das
crianças associadas com as forças ou grupos armados são múltiplos e
complexos. Pode haver um aumento de risco da exploração sexual e violência
contra meninos e meninas, ao lado de um aumento potencial do tráfico de
crianças, violência psicossocial e formas extremas de trabalho infantil.
|
Como
resultado, os custos podem estar relacionados com o tratamento de curto e
longo prazo, impactos psicológicos, efeitos secundários, incluindo perda de
produtividade e renda ao longo da vida, e morte. Nos contextos de emergência
em geral, os riscos de violência contra as crianças variam de país e dependem
de inúmeros fatores, tais como o número de crianças afetadas, a capacidade do
país de responder e a força das instituições do estado.
|
Fonte: ChildFun
Brasil
ESTUDO 2
“Por
Ser Menina no Brasil: Crescendo entre Direitos e Violências”
ü O
objetivo verificar o contexto de direitos, violências, barreiras, sonhos e
superações a partir do próprio olhar das meninas.
ü As
entrevistas foram realizadas nas capitais dos estados do Pará, Maranhão, São
Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, numa amostra de 1.609 meninas de 0 a 14
anos.
Quem Cuida de Você?
A presença massiva das mães no cuidado das filhas, mesmo
quando estas trabalham fora, é um indicativo da dupla ou tripla jornada da mãe.
Mãe
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76,3%
|
Pai
|
26,8%
|
Padrasto
|
3,6%
|
Madrasta
|
0,9%
|
Irmão
|
4%
|
Irmã
|
6,6%
|
Avô
|
7%
|
Avó
|
15,6%
|
Outro
|
5,6%
|
Não Respondeu
|
3,4%
|
Fonte: Plan
International Brasil
Onde você
fica em períodos extraescolares?
Das meninas que frequentam a escola, enquanto a grande
maioria das meninas ficam “em casa mesmo” (78,9%), ou na casa de
parentes/amigos (32,8%), ou na própria escola (17,9%) – o que pode ser
indicativo de participação em atividades extracurriculares ou jornada escolar
ampliada – apenas 28,9% dos irmãos homens ficam “em casa mesmo”, 13,1% fica na
casa de parentes/amigos, 11,9% “na rua” e apenas 5,6% fica “na escola”.
Você realiza atividades e afazeres domésticos?
Enquanto arrumar a própria cama (81,4%), lavar a
louça (76,8%), limpar a casa (65,6%), pôr a mesa (54,3%) e jogar o lixo fora
(54,7%) são atividades corriqueiras para as meninas (indicadas por mais da
metade delas), elas são realizadas por uma minoria dos seus irmãos homens.
Segundo informações oferecidas por elas: 11,6% deles arrumam a própria cama,
12,5% lavam louça, 11,4% limpam a casa e o mesmo percentual coloca a mesa e
20,8% deles jogam o lixo fora. Maiores percentuais de meninas realizando as
atividades domésticas foram verificados para praticamente toda a lista de
atividades oferecidas pela pesquisa, mesmo para aquelas atividades outrora
reconhecidas como tipicamente masculina como cuidar dos animais, levar comida
na roça, buscar água na bica/poço.
Você acha que meninos e meninas têm os mesmos
direitos?
As respostas afirmativas para este questionamento
alcançaram, em média, um pouco mais da metade das meninas da amostra-escola
(56%). Contudo, vale registrar que quase 40% das meninas responderam negativamente
à questão, num claro indicativo de que para elas os direitos entre meninos e
meninas são, na prática, desiguais.
Você trabalha?
Das que estavam trabalhando no momento da pesquisa, o maior
percentual delas afirmou estar realizando trabalho doméstico na casa de outras
pessoas (37,4%), seguido pelo trabalho no comércio (lojas, mercados etc.), com
16,5%.
“Não gosto de ser menina”
Um percentual de 7,5% das entrevistadas declarou não gostar
de ser menina. A observação dos dados separados por tipo de escola que elas
frequentam revela um maior percentual da resposta “Não Gosto de Ser Menina”
para aquelas que frequentam escolas públicas rurais (9,8%) e urbanas (8,1%) em
relação aos números registrados pelas meninas da escola urbana particular
(2,5%).
Seminário LIVRE DE VIOLÊNCIA - Brasil em 2030
Dias: 1 e 2 de julho (quarta e quinta)
Horário: das 9h às 18h
Local: Centro de Eventos e Convenções Brasil 21 - SHS Quadra 06, Lote
01, Conjunto A - Setor Hoteleiro Sul, Brasília (DF)
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