Doença afeta
aproximadamente cinco em cada 100 mil pessoas em todo o mundo, segundo o
Ministério da Saúde. Associação ajuda pacientes e familiares a lidarem com
prognóstico.
A esclerose lateral amiotrófica (ELA), também conhecida
como doença de Lou Gehrig, é uma doença neurodegenerativa, considerada
incurável e fatal, que, progressivamente, causa a morte dos neurônios motores
responsáveis pelos movimentos do corpo, ocasionando a paralisia progressiva. O
diagnóstico é demorado. Do primeiro sintoma à confirmação, levam-se,
normalmente, 11 meses. “Isso porque a falta de conhecimento faz com que o
paciente procure primeiro um ortopedista e, até chegar a um neurologista
especialista, já passou por mais 2 ou 3 médicos neste período”, alerta o Prof.
Dr. Acary Souza Bulle Oliveira, neurologista e um dos fundadores da Associação
Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica (ABrELA).
Além disso, não há nenhum exame de laboratório que indique
alguma substância no sangue ou marcador de precisão para detectar a doença. Por
isso, é importante que, aos primeiros sintomas, como fraqueza, rigidez de
movimento, tremores da musculatura, o paciente procure também por um
neurologista especialista. “Quando os primeiros sinais aparecem, normalmente
50% dos neurônios motores já foram perdidos. Uma análise clínica correta desde
o início é fundamental para que estratégias terapêuticas e de orientação sejam
introduzidas.
Segundo o Ministério da Saúde, cinco em cada 100 mil
pessoas em todo o mundo são afetadas pela doença. No Brasil, a estimativa é que
15 mil pessoas tenham esclerose lateral amiotrófica.
Tão difícil quanto receber o diagnóstico de ELA é
compreender e aceitar o prognóstico da doença. “A média de sobrevida após o
início dos sintomas é de 3 a 5 anos. Por outro lado, há pessoas que vivem mais
do que dez anos com a doença. No Brasil, os pacientes, ainda não são assistidos
adequadamente. Devido às limitações físicas inerentes à doença, secundárias ao
comprometimento da musculatura estriada, incluindo-se a dos membros, da
deglutição e da respiração, os pacientes necessitam de cuidados diários e
constantes. “A missão da ABrELA é acolher pessoas com ELA/DNM, seus familiares
e cuidadores, por meio de orientação, informação, capacitação e assistência
social, promovendo a melhoria da qualidade de vida, a garantia e defesa dos
direitos do paciente”, afirma Dr Abrahão Juviniano Quadros, Presidente da
ABrELA. – Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica.
Algumas pessoas afetadas pela ELA mantém uma vida ativa e
produtiva no princípio da doença. No entanto, ao longo dos anos, param de
andar, perdem a fala e os movimentos, têm dificuldade para comer e respirar e,
em estágios mais avançados, podem chegar à paralisia completa. Na
maioria dos casos, necessitam ainda de traqueostomia e gastrostomia.
Devido ao difícil diagnóstico e com tratamento quase que
exclusivamente sintomático, a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) tem desafiado
cada vez mais pesquisadores do mundo inteiro, no sentido de desenvolverem
pesquisas que possam trazer avanços significativos, tanto para diagnóstico,
quanto para tratamento. Entre os destaques, estão descobertas genéticas que
podem ajudar a identificar os mecanismos do desenvolvimento da doença,
propiciando a evolução de testes para tratamentos, incluindo-se célula-tronco e
terapia gênica.
NOVOS GENES IDENTIFICADOS - Existem duas formas básicas de ELA. A
familiar, responsável por cerca de 10% dos casos, nos quais a enfermidade é
hereditária, e a esporádica, sem motivo conhecido para a ocorrência, que
responde pelos demais 90%. Hoje se sabe que, pelo menos, 30 genes são
responsáveis pela doença familiar. O mais recente identificado, C9orf72, tem uma importante
característica. Estima-se que alterações em C9orf72
representem 20 % a 45 % das ELAs familiares e 5 % das ELAs esporádicas,
constituindo a principal causa genética já identificada associada a ambas
condições, conta Prof. Dr Miguel Mitne-Neto, Diretor Científico da ABrELA e do
Instituto Paulo Gontijo (IPG), Assessor Científico Grupo Fleury e Pesquisador
Associado Centro de Estudos Genoma Humano da USP, um dos palestrantes do XIV
Simpósio Brasileiro de ELA / DNM.. Para o Dr. Hiroshi Mitsumoto, neurologista
atuando na Columbia University, Nova York, Estados Unidos da América,
considerado um dos maiores especialistas mundiais na enfermidade, a descoberta
do C9orf72 pode ser um divisor de águas no estudo das origens e de um possível
tratamento da ELA.
TRATAMENTO COM CÉLULAS-TRONCO.
Ensaios clínicos realizados em Israel e nos Estados Unidos,
células-tronco têm-se mostrado seguras em testes em humanos. A próxima etapa é
a de caracterização de eficácia. Acredita-se que a célula-tronco seja um fator
de neuro proteção que pode evitar a progressão da doença”, comenta Profa.
Melinda Beccari, Pós Graduanda do programa de mestrado do Centro de Estudos do
Genoma Humano, Pesquisadora na linha de Esclerose Lateral Amiotrófica em
parceria com o Grupo Fleury e apoio do Instituto Paulo Gontijo (IPG). Hoje, o
único medicamento aprovado pela Food and Drugs Administration (FDA) para tratar
ELA é o Riluzol que, em média, aumenta a expectativa de vida do paciente em
quatro meses. Nas últimas duas décadas, as pesquisas com ensaios clínicos em
modelos animais, quando transportados para humanos, não mostraram os resultados
de eficácia esperados, sugerindo-se que esta não seja a melhor forma de
desenvolvimento de tratamentos. A ideia atual de utilizar célula-tronco para
reconstituir uma amostra in vitro do neurônio motor, talvez, seja a forma mais
segura e rápida para melhor entendermos as múltiplas faces, os mecanismos
etiopatogênicos, a prevenção e o tratamento da ELA.
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