Especialista fala sobre a importância e os perigos dos
lipídios na saúde
Vistas na maioria das
vezes como vilãs da alimentação, as gorduras têm papel fundamental no organismo
e não podem faltar em nenhuma dieta. Entre as principais funções desses
compostos, também conhecidos como lipídios, estão o fornecimento de energia e a
participação em vários processos do corpo, como proteção de órgãos, transporte
de vitaminas e formação de hormônios.
De acordo com o médico
endocrinologista, especialista em fisiologia do exercício e metabologia Mohamad
Barakat, um dos principais motivos para que as gorduras tenham essa fama é seu
alto teor de calorias: “Elas fornecem mais do que o dobro de energia que
proteínas e carboidratos. Por isso é tão importante que o consumo seja feito de
forma regrada, sempre respeitando as particularidades de cada metabolismo”.
Além de procurar um
especialista que possa sugerir a dieta equilibrada ideal, é vital que as
pessoas conheçam os tipos diferentes de gorduras encontradas no que comemos.
“Essa informação é fundamental e faz bem para a saúde, permitindo que a pessoa
tenha consciência do que consome e possa fazer uma escolha efetiva a favor de
uma vida mais saudável”, coloca o médico.
Entendendo as
gorduras
Segundo Barakat, as
gorduras podem ser divididas em três tipos básicos: insaturadas (divididas nos
subtipos monoinsaturadas e poli-insaturadas), saturadas e trans. A diferença
fundamental entre essas categorias está na composição química dos nutrientes,
sendo classificadas de acordo com o tamanho da cadeia de carbono e o nível de
saturação, entre outros fatores determinantes para o modo como o corpo absorve
essas substâncias e o efeito que terá no organismo.
“Quando falamos em
gorduras insaturadas, estamos falando de lipídios provenientes principalmente
de vegetais. Essa gordura é líquida na temperatura ambiente e está presente em
alimentos como abacate, azeite de oliva, óleo de girassol e de milho, amêndoas,
castanhas e outras oleaginosas. Além disso, essas gorduras são os atrativos de
peixes gordos como truta e salmão e são responsáveis por aumentar o nível de
colesterol bom (HDL) no organismo”, enumera Barakat.
O médico ainda explica que
esse tipo de gordura ajuda a reduzir o colesterol ruim (LDL) e o triglicérides,
além da pressão arterial. Dessa forma, o consumo de maneira correta pode
prevenir doenças cardíacas, mantendo um coração saudável.
Saturação redimida
Por muito tempo creditada
como vilã da saúde, a gordura saturada tem sido alvo de diversos estudos.
Segundo algumas pesquisas, esse lipídio encontrado principalmente em produtos
de origem animal, como carnes vermelhas e brancas, pode ter efeito contrário.
“Por cerca de 40 anos,
essa gordura tem sido evitada como fator de risco para doenças cardíacas.
Entretanto, os estudos feitos sobre essa colocação não conseguem achar nenhuma
associação entre esses fatores - um dos mais recentes foi publicado pelo
periódico British Medical Journal, um
dos mais importantes da área médica. Muito pelo contrário, o lipídio tem
demonstrado propriedades semelhantes às gorduras insaturadas, diminuindo a
incidência de doenças cardiovasculares”, cita o médico.
Verdadeiro vilão
Se por um lado as gorduras
saturadas foram redimidas, o mesmo não pode ser dito das gorduras trans. Esse
tipo de lipídio artificial é formado por um processo químico conhecido como
hidrogenação, que transforma óleos vegetais líquidos em gorduras sólidas. Esse
composto é largamente utilizado em alimentos industrializados para melhorar seu
aspecto e consistência, além de aumentar a durabilidade.
Essa substância eleva o
colesterol ruim (LDL) e diminui o bom, aumentando a obesidade abdominal e até
os processos inflamatórios do nosso organismo, isso sem falar no aumento do
risco de desenvolver diabetes. Mesmo causando tantos problemas, esse tipo de
gordura está presente em uma extensa gama de alimentos consumidos em larga
escala, como fast food, biscoitos,
massas, bolos industrializados, sorvetes, frituras, salgadinhos de pacote,
sopas e cremes industrializados, doces e pratos congelados, entre outros.
“Um agravante é que muitas
vezes esse composto vem escondido na tabela nutricional. Como é o próprio
fabricante quem escolhe qual porção vai sugerir, ele pode fazer um cálculo
simples para sumir com a concentração de gordura saturada. O segredo é ficar de
olho na composição dos produtos. A presença de gordura hidrogenada ou
parcialmente hidrogenada e óleo vegetal hidrogenado ou parcialmente hidrogenado
é indicativo de que certamente há gordura trans em sua composição”, finaliza
Barakat.
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