É bem provável que você enfrente ou já tenha enfrentado dificuldade para sair da cama de manhã, lutando com o despertador várias vezes. Ou, ainda, teve o rendimento prejudicado em alguma atividade no final da tarde.
Segundo o Dr. Rafael Maksud, psiquiatra
da Clínica Ame.C, especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP)
e especialista em Saúde Pública, Dependência Química e Psiquiatria Ambulatorial
e Integrativa pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e pelo Núcleo Ampliado
de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB); há uma explicação para este
comportamento bem comum.
“A forma como seu corpo reage aos
estímulos externos varia de acordo com a hora do dia e é definida pelas
características de seu organismo. Há quem se sinta mais produtivo durante a
noite, quem goste de acordar cedo e até mesmo quem prefira realizar suas
atividades durante a madrugada. Essa variação pode ser explicada por meio do
biorritmo. Entender esse conceito ajuda a orientar sua rotina e garantir um
rendimento melhor em suas tarefas”, explica o psiquiatra.
Afinal, o que é biorritmo e qual a
importância de entender seu mecanismo
O conceito de biorritmo começou a ser
estudado por volta de 1870, primeiramente pelo Dr. Wilhelm Fliess, na Academia
de Ciências de Berlim, seguido por Hermann Swoboda, psicólogo e professor na
Universidade de Viena (Áustria), em 1897.
A junção dos estudos de ambos os
cientistas permitiu determinar um ciclo físico de 23 dias e um ciclo emocional
de 28 dias. Posteriormente, Sigmund Freud, o pai da psicanálise, se interessou
pelo assunto e deu sua colaboração para o processo, determinando também um
ciclo intelectual, que teria duração de 33 dias.
Os ciclos podem ser divididos por dias
positivos e negativos. No ciclo físico, são afetados aspectos corporais como
músculos, imunidade e digestão. Já no emocional, pontos relacionados a
criatividade, saúde mental, humor e sensibilidade. No ciclo intelectual, são
afetados memória, raciocínio, reflexos, concentração e agilidade.
Na prática, o biorritmo é como o
relógio biológico. De acordo com os horários que você dorme e acorda, é
possível determinar em quais momentos do dia terá mais produtividade. “Se você
costuma acordar cedo, terá dois picos de concentração: durante a metade da
manhã e algum tempo depois do almoço. Ou seja, ao conhecer os ciclos do seu
organismo e entender seu biorritmo, você pode adequar suas tarefas aos horários
de maior rendimento”, explica Rafael Maksud.
Tem como mudar nosso biorritmo?
Apesar de já ser definido
geneticamente, o biorritmo pode ser ajustado conforme o estilo de vida da
pessoa. No entanto, alguns hábitos podem dificultar que seu organismo reestabeleça
as funções fisiológicas, como não ter regularidade no sono, por exemplo.
Para mudar seu biorritmo, o primeiro
passo é adotar a prática de atividade física regular. De acordo com o
psiquiatra Rafael Maksud, ao trabalhar a musculatura, o ciclo físico é afetado
positivamente, impulsionando os dias em que você estará mais disposto.
“Vale lembrar que não é aconselhável
realizar exercícios pouco antes de dormir, já que, durante a noite, o corpo
está se preparando para uma pausa nas atividades, e os exercícios podem criar
uma agitação que atrapalha o sono. Por isso, o ideal é se exercitar pela manhã
ou à tarde, de preferência, em um horário fixo, para que o organismo
identifique um ritmo em suas atividades”.
Equilíbrio na alimentação é fundamental
Comer de forma correta também é um
ponto crucial para manter as funções corporais reguladas. Nesse quesito, a dica
é evitar alimentos com alto nível de sódio e muito calóricos, principalmente os
ricos em gordura que, em excesso, podem causar problemas nas artérias, no
cérebro, e provocar doenças como diabetes e obesidade.
Outro ponto é ter atenção aos horários
de sua alimentação, criando uma rotina para as refeições. “Tome cuidado com o
que você come antes de dormir. O excesso de açúcar, por exemplo, pode liberar
hormônios como adrenalina e cortisol, desregulando o sono. À noite, aposte em
refeições de fácil digestão, como saladas, sanduíches ou sopas. De preferência,
sem ingredientes pesados”, pontua Rafael.
Estabeleça horários para dormir e
acordar
Quando você cria regularidade na hora
de dormir e acordar, o relógio biológico tende a funcionar melhor. O ideal é
dormir mais cedo para, consequentemente, acordar cedo, até porque a vida
contemporânea exige que as pessoas estejam ativas no “horário comercial”.
“Para quem é notívago, pode ser um
tormento trabalhar este processo, mas não é impossível. Comece acordando uma
hora mais cedo na primeira semana e reduza mais uma hora na semana seguinte.
Seguindo esse esquema, seu horário de dormir poderá ser regulado automaticamente,
já que você começa a sentir sono mais cedo”.
Segundo o psiquiatra, trabalhar seu
biorritmo é fundamental para a melhoria de vida em diversos contextos. “Adotar
novos hábitos irão te conduzir a uma rotina mais produtiva e menos estressante.
Se você não conseguir realizar estas mudanças sozinho, não hesite em procurar
um especialista. A ajuda profissional pode ser extremamente incentivadora para
essa reviravolta na sua vida”, finaliza Rafael Maksud.