Modalidade
disparou com a pandemia
A humanidade está quase um ano e meio vivendo
momentos de incertezas, sem qualquer previsibilidade. Claro que as
vacinas estão contribuindo para que, aos poucos, tudo se normalize. Mesmo que
isso aconteça, nada mais seguirá o antigo modelo à risca, principalmente no que
diz respeito ao trabalho, que teve as suas relações diretamente afetadas,
tornado o home office praticamente uma regra.
Daniele Costa, especialista em gestão de pessoas,
mentora de desenvolvimento humano e bem-estar, explica que diante desse
cenário, um bom líder faz toda a diferença. “Ele sabe que desafios podem surgir
e levar muitas vezes a acertar as velas e seguir por outros caminhos “,
destaca.
Quando se fala em liderança, Daniele recorda que
muitos já pensam em papéis e posições hierárquicas, no entanto, esse momento
caótico levou a aprofundar e a repensar esse conceito de liderança e trazer à
consciência de que todos são líderes em algum patamar. “Isso nos leva a
autorresponsabilidade por nossas escolhas e atos, sabendo que isso interfere na
nossa vida e nos sistemas que atuamos, seja familiar, profissional e em termos
de planeta”, aponta.
E tudo isso está ligado também com as novas formas
de trabalho. Afinal, as pessoas tiveram que aprender a trabalhar em casa,
sincronizando atividades domésticas, educação dos filhos e relações familiares
e ainda manter a saúde e equilíbrio mental diante de tudo que foi apresentado.
“Esse momento, foi um convite a todos a saírem de suas histórias como
coadjuvantes e realmente irem para o protagonismo de suas vidas”, ressalta
Daniele.
Com isso, os líderes e empreendedores tiveram
também que aprender a trabalhar com cooperação e colaboração, definindo papéis
e trazendo seus colaboradores para autorresponsabilidade, compartilhando o leme
para que todos pudessem alcançar o destino com fluidez e enfrentando os
desafios dessa nova forma de trabalho juntos.
Nesse sentido, foi necessário que cada um se organizasse
internamente com seus pensamentos, sentimentos e emoções, como também se
organizasse externamente, com uma rotina minimamente previsível.
E para isso, ferramentas e técnicas que
viabilizassem essa organização começaram a ser buscadas, difundidas e
introduzidas na rotina de trabalho e vida que viabilizassem comprometimento,
entrega, melhoria na comunicação e acima de tudo que respeitassem o bem-estar e
qualidade de vida do colaborador.
E com base no exposto acima, a especialista separou
seis elementos que devem ser considerados para criar um ambiente de trabalho
mais cooperativo e eficaz em tempos de home office:
1.Comunicação Consciente e Eficaz
Entendo que esta é uma das chaves para o sucesso no
trabalho home office, no engajamento, entregas e alcance de resultados. Uma
comunicação assertiva, limpa e não violenta abre portas e cria possibilidades.
É por meio dela que os acordos e entregas são definidos e pontuados.
O líder se expressa e imprime suas emoções, por
isso tão importante o autoconhecimento até na hora de se comunicar, afinal as
palavras têm poder, e disso nós já sabemos. Elas podem transformar pessoas como
podem destruir.
Algumas perguntas podem ser feitas antes de
qualquer processo de comunicação, como por exemplo: que palavras posso utilizar
aqui que vão trazer maior engajamento e motivação para a equipe? Que palavras
vão trazer vinculação de propósito e gerar significado?
Uma comunicação não assertiva, pode trazer
problemas de resultados e conflitos de entendimento, e, neste momento é tudo
que não queremos.
E lembrem-se, não existem vítimas em atos de
comunicação, eu sou responsável quando me comunico e pelo o quê comunico, e a
outra parte é responsável por entender e manifestar qualquer ruído na
comunicação. Quando há clareza e entendimentos sem pontos de vista destoantes,
tudo ocorre com muita fluidez.
2.Cooperação consciente
Esse elemento nos traz a consciência de que cada
escolha e ação impactam na minha vida, na do outro e em maior instância no
planeta.
O ambiente cooperativo ou colaborativo tem a
premissa de alcançar o bem maior e desejar o bem a todos, presando pela
qualidade de vida e bem estar.
Os resultados vêm com o engajamento de todos. Todos
fazem parte do processo.
E aqui também podemos fazer perguntas como: que
contribuição posso ser para o grupo a partir do papel que desempenho? Que
escolhas posso fazer aqui que vai trazer mais benefícios
E lembrem-se, engajar não é o mesmo que estimular
competitividade, a consciência inclui, gera comunhão e não cria separação.
Além de ser uma forma de gerar emoções negativas, a
competitividade sugere escassez, e isso não é o que queremos transmitir para a
empresa e seus colaboradores. O crescimento é sempre próspero e generoso.
3.O Combinado não sai caro
Definir acordos e entregas pode ser entendido aqui
quase como um braço da comunicação eficaz e consciente, uma vez que é neste
momento que praticamos a escuta ativa e habilidade de engajar sem qualquer
violência ou ruído no ato de comunicar, respeitando o espaço e momento do
outro.
Considerando o cenário e as exigências do trabalho
home office, principalmente neste momento que dividem espaço com as rotinas do
lar e familiares, definir quais são as expectativas, objetivos e metas com seu
colaborador é fundamental, e essas devem ser factíveis e mensuráveis a fim de
que o líder também consiga fazer uma gestão eficaz.
E neste momento, um elemento aqui é fundamental a
ser considerado garantir a saúde emocional do colaborador para que não entre em
qualquer desgaste, estresse ou até mesmo em burnout por metas inexequíveis ou se
sobrecarregando com rotinas e atividades.
Ao estabelecer as entregas, as duas partes devem
ter claro como isso deve funcionar de forma leve e eficaz para os dois,
observadas as rotinas, aqui a relação é de ganha-ganha e exige o
comprometimento das duas partes para a execução dos acordos.
O objetivo é sempre trazer e criar um ambiente de
benevolência, leveza e expansão para maior engajamento, com muito equilíbrio
para todas as partes.
Deixo uma dica aqui: construa um calendário de
entregas e utilize ferramentas que seja possível o acompanhamento, de forma que
juntos vocês possam mapear as entregas realizadas e celebrar os resultados.
4.Constantemente evoluindo. Constantemente criando
valor
Se a competividade tiver que ser estimulada que
seja conosco mesmo, ou seja como posso ser melhor que ontem?
Como posso crescer e evoluir como ser? Quais são
minhas forças, competências e habilidades? O que posso acrescentar de
conhecimento a minha vida que vai me trazer expansão profissional?
E sem dúvidas, se nos distrairmos um pouco dos
problemas e dos cenários confusos que a pandemia nos trouxe, podemos ver
oportunidades, como por exemplo, estamos vendo muita divulgação de cursos
online e gratuitos que trazem mentorias, capacitação profissional e
autoconhecimento.
Minha sugestão aqui é: como seria criar uma Agenda
de Capacitação? Um planejamento de cursos que seriam importantes para o seu
crescimento profissional e pessoal?
5.Criando Bem-estar e Qualidade de Vida
Em rotina normal, empresas que não olham para isso
tendem a ter um número maior de absenteísmo.
Com o movimento que estamos vendo de novas formas
de trabalho, sem dúvidas esse elemento será fundamental para manutenção de
colaboradores.
Essas mudanças que vem acontecendo no contexto
corporativo vem trazendo também um novo mapa mental em que a premissa de
bem-estar e qualidade de vida são significativas.
É importante que os líderes façam sempre perguntas
no sentido de: a empresa consegue criar situações para os empregados ou
ambientes que promovem qualidade de vida e bem-estar?
A maior parte das doenças físicas e emocionais
surgem de ambientes tóxicos e que não promovem benevolência e cooperação.
E neste momento de pandemia e um cenário
imprevisível, ações que promovam maior equilíbrio emocional aos colaboradores
se fazem necessárias para criar maior engajamento e manter a motivação.
Minha dica é: divulgue materiais e crie agendas com
exploração de conteúdos de autoconhecimento, práticas de bem-estar, alimentação
saudável, entre outros.
6. Criando ambientes de pertencimento e honra
Todo ser humano busca pertencer e se encaixar em
algum grupo ou sistema, quando isso não acontece, quando excluímos alguém, os
conflitos começam a aparecer, dificultando todo processo de engajamento.
Aqui cabem algumas perguntas como: qual é o meu
lugar neste sistema? Qual é o meu proposito aqui? Eu sou tratado com respeito?
Eu tenho liberdade de ser quem sou? Eu tenho liberdade para criar e
compartilhar o meu propósito nesta empresa?
E lembre-se, todos estão com a mão no leme agora e
cada um é autorresponsável por suas escolhas e se existe algo que não possamos
mudar no ambiente externo, como podemos mudar o nosso interior para que
possamos atravessar da melhor forma as situações que não estão no nosso
controle?
Pode ser que em um primeiro momento e ao observar
os elementos, aplicá-los seja um tanto quanto utópico quando se trata de
cenários como o que estamos vivendo neste momento e que não temos muito
controle. Mas ao contrário disso, é justamente neste momento que podemos buscar
e aplicar ferramentas que tragam mais leveza e produtividade, observando sempre
o bem-estar de todos.
A adaptação ao novo cria sempre um desconforto, mas
a medida em que praticamos, testamos e validamos aquilo que funciona para a
nossa rotina, vamos criando o nosso método e expandido isso para os demais,
agregando conhecimento e sendo contribuição.
Se queremos que mudanças aconteçam, elas devem
começar primeiro com a gente mesmo, culturas corporativas ou sociais somente se
alteram com mudanças de mapas mentais, e, isso pode ser feito em pequenos
passos, não precisam ser grandes mudanças, podemos começar virando chaves
internas, nos autoconhecendo, gerando valor para a empresa e para as pessoas
que trabalham com a gente, se honrando, e, se você é um líder, seja você o
exemplo da mudança.
É como diz a famosa frase de Mahatma Gandhi: “Seja
a mudança que você quer ver no mundo”.
Deixo aqui o meu compartilhar e o desejo de dias
melhores.
Daniele Costa - mentora, palestrante e facilitadora em desenvolvimento integral humano. Também é idealizadora da Plataforma da Vida, um portal de conteúdo e serviços voltados para autoconhecimento e gestão emocional. Formada em letras, passou pelo serviço público de Brasília e atuou 13 anos como bancária, nove deles como gestora.