Pesquisa revela aumento da preocupação com o estresse e o impacto da inteligência artificial no trabalho

46,2% dos líderes dizem que a saúde mental é o que mais tira o sono em tempos de IA

 

A saúde mental está no centro das discussões sobre o futuro do trabalho. Estudo da International Stress Management Association (ISMA-BR) apontou que 72% dos brasileiros se sentem estressados no trabalho, enquanto 32% sofrem da síndrome de burnout, caracterizada pelo esgotamento mental provocado por condições extremas de trabalho. Executivos de empresas de todas as áreas estão cada vez mais atentos à saúde mental de seus colaboradores - e o acesso à inteligência artificial (IA) traz mais um elemento de preocupação.

 

Pesquisa realizada pela AL+ People & Performance Solutions, comandada por Adriano Lima, executivo de RH mais seguido do LinkedIn e especialista em gestão de pessoas em tempos de IA, perguntou “o que tira o sono” de executivos de grandes empresas e startups no Brasil. O estudo revelou que 46,2% desses líderes consideram a saúde mental como uma questão urgente. Lima sinaliza que a velocidade de resposta da tecnologia pode agravar o problema. “Se a IA for usada para aumentar a pressão e sobre os funcionários, ao invés de apoiar o bem-estar, os efeitos podem ser devastadores. É fundamental que as empresas utilizem a IA com o propósito de melhorar as condições de trabalho, e não sobrecarregar ainda mais seus profissionais. Indiretamente, isso pode contribuir para um episódio de burnout", ressalta Lima, que teve foi executivo em empresas como Minerva Foods, Itaú Unibanco e Unilever.

A relação entre saúde mental e novas tecnologias é uma preocupação entre RHs.
 Crédito: Divulgação

Com a conscientização da importância da saúde mental nas empresas, a síndrome de burnout ligou um sinal de alerta entre os gestores de RH. De acordo com Ministério da Saúde, o burnout é um distúrbio resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. Para Adriano Lima, o cuidado com o burnout é um sintoma positivo relacionado à conscientização quanto à saúde mental no trabalho. Levantamento do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) aponta que a quantidade de afastamento por burnout aumentou em 200% de 2014 a 2023. “Nos últimos dez anos, o aumento de afastamentos por burnout aumentou de forma exponencial. Ao mesmo tempo que isso indica que as empresas estão sobrecarregando os colaboradores, também é um indicador que o distúrbio ganha a devida atenção”, destaca o especialista. 

A automação de tarefas repetitivas, embora libere tempo para atividades mais estratégicas, cria a expectativa de que os profissionais estejam sempre disponíveis para decisões complexas e resolução de problemas em tempo real. "Essa expectativa, se não gerida adequadamente, eleva o nível de estresse e ansiedade dentro das empresas, já que os colaboradores sentem que precisam estar constantemente à frente das demandas", alerta Adriano Lima. "Por isso, é crucial que a IA seja implementada como uma ferramenta de apoio, e não de intensificação do ritmo de trabalho." 

O aumento dos casos de burnout reflete um desafio cultural dentro das organizações. Muitas empresas ainda adotam abordagens tradicionais de trabalho que priorizam metas rígidas e resultados imediatos, sem considerar o impacto prolongado no bem-estar dos colaboradores. Para Lima, a implementação de soluções de IA deve ser acompanhada de políticas de apoio à saúde mental, que promovam equilíbrio entre produtividade e qualidade de vida. "É necessário que os líderes criem ambientes de trabalho que integrem práticas de suporte emocional, evitando que a inovação e a tecnologia intensifique o desgaste humano."

 

Adriano Lima - palestrante e coach executivo premiado, com vasta experiência em gestão de pessoas e passagem por empresas como Minerva, Neon, Dasa, Itaú Unibanco, MasterCard, Unilever e Amil. Autor do livro “Você em Ação” e colunista da Revista Exame, Adriano Lima tem atuado como executivo c-level há 25 anos em posições de gestão, pessoas, customer service e estratégia, sendo o executivo de RH mais seguido no LinkedIn Brasil e eleito TOP of Mind por dois anos consecutivos (2022/2023).