Pacientes hepáticos requerem cuidados bucais adicionais
Na quarta-feira (28/7), é celebrado o Dia Mundial
de Luta Contra as Hepatites Virais. A data, instituída pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2010, tem o objetivo de conscientizar a
população sobre os riscos, tratamento e prevenção da doença. Todos os anos,
as hepatites virais causam a morte de cerca de 1,7 milhão de
pessoas no mundo, de acordo com a OMS.
No Brasil, existem cinco vírus hepatotrópicos,
responsáveis pelas hepatites A, B, C, D e E. Ao todo, de 1999 a 2019,
foram notificados 673.389 casos confirmados
de hepatites virais no país, segundo o Boletim Epidemiológico do
Ministério da Saúde.
Para a Odontologia,
as hepatites virais são um fator de preocupação tanto para os
cirurgiões-dentistas quanto aos pacientes que necessitam do atendimento odontológico,
devido ao controle da infecção, problemas de sangramento e intolerância a
alguns medicamentos.
“A prevalência da infecção por VHB (Vírus
da Hepatite B) é maior em profissionais da saúde, sendo que, dentre
eles, os cirurgiões-dentistas apresentam o maior risco de infecção”,
informa o Dr. Celso Augusto Lemos Júnior, membro da Câmara Técnica de
Estomatologia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
“A incidência da doença entre os profissionais de
saúde aumenta com a idade e tempo de prática clínica, sobretudo em decorrência
do uso irregular de equipamentos de proteção individual (EPIs) e contato prévio
com sangue infectado. Esse cenário tem se modificado com o uso rigoroso de EPIs
e da disponibilidade de vacinas para a Hepatite B”, explica o
cirurgião-dentista.
O paciente infectado por
uma hepatite viral pode ser assintomático ou apresentar febre,
mal-estar, náuseas, vômitos, dores musculares e coloração escura na urina. Nos
casos em que os vírus B, C e D desenvolvem formas crônicas de hepatite, há
o risco elevado de cirrose hepática e câncer de fígado, devido à alta
replicação viral.
Efeitos da hepatite na saúde bucal e
tratamentos
A doença também traz complicações à saúde bucal,
como o aparecimento de petéquias (manchas vermelhas ou marrons aglomeradas) na
boca, hematomas na mucosa oral, além de sangramento gengival espontâneo. Por
isso, a interação do cirurgião-dentista com a equipe multidisciplinar é
indispensável para o conhecimento do estado geral de saúde e do dano hepático
causado ao paciente, fatores importantes para a elaboração do plano de
tratamento odontológico.
Recomenda-se que tratamentos odontológicos somente
sejam realizados em portadores de hepatites virais agudas após o
período de recuperação. Durante o quadro agudo, apenas tratamentos de urgência
devem ser realizados. “Na Adequação do Meio Bucal (AMB), o
cirurgião-dentista deve orientar o indivíduo quanto à higiene bucal, uso do fio
dental e dieta adequada. Também deve ser realizada a escavação e selamento em
massa das cavidades abertas, além do tratamento periodontal básico e do ajuste
de próteses”, detalha o Dr. Celso.
Para os casos de transplante hepático, o tratamento
odontológico é dividido em três fases: o pós-transplante imediato, o período em
que o paciente transplantado permanece estável e, por último, se o paciente
apresentar rejeição. Em todas as fases, é essencial que o
cirurgião-dentista seja consultado caso apareça alguma alteração na cavidade
oral.
“O tratamento odontológico nos pacientes
pós-transplantados tem como objetivo a manutenção e motivação de uma boa saúde
bucal, com a detecção e tratamento precoce de infecções orais, além do
reconhecimento e intervenção em lesões orais associadas. Acompanhamentos
periódicos para avaliação oral de rotina devem ser estabelecidos, reforçando a
importância da escovação oral e uso do fio dental”, completa.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
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