Em 2023, segundo dados oficiais, o Brasil recebeu 5,9 milhões de visitantes estrangeiros, que gastaram aqui R$ 34,5 bilhões. O valor é expressivo em termos nominais, mas muito aquém de nossas possibilidades. Afinal, temos um dos maiores territórios do planeta, belezas naturais inigualáveis, oito mil quilômetros de costa marítima, a Amazônia, o Pantanal, as belíssimas chapadas, muitas cidades atrativas e bem-urbanizadas e um riquíssimo patrimônio histórico, arquitetônico e cultural, incluindo nossa música e culinária.
Com todo isso, ocupamos apenas o 15º lugar no ranking mundial do turismo, muito atrás das líderes, França e Espanha, cujas médias anuais de visitantes superam a 90 milhões de pessoas. Mesmo reconhecendo a história, tradição, museus e todos os grandes atrativos dessas nações, temos potencial superior para atrair visitantes. É preciso considerar que o fomento do setor agregaria muito à economia nacional em termos de criação de empregos, geração e distribuição de renda, desenvolvimento e balanço de pagamentos.
Na soma total do setor, incluindo as viagens internas, o faturamento deverá fechar 2024 com o volume recorde de R$ 169,3 bilhões, um aumento de 9,5% em relação a 2019, no período pré-pandemia da Covid-19. A estimativa consta de estudo da Oxford Economics, encomendado pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), maior organização privada da área no mundo.
Para explorarmos de modo mais eficaz o imenso potencial turístico brasileiro, multiplicando o número de visitantes estrangeiros e o ingresso de divisas e estimulando cada vez mais as viagens domésticas, há alguns desafios a serem vencido, a começar pela melhoria da infraestrutura de transportes, abrangendo aeroportos, portos, rodovias e ferrovias. Também cabe a realização de campanhas publicitárias internacionais para a divulgação de todo o nosso patrimônio natural, histórico, cultural e arquitetônico, bem como a melhoria da segurança pública. São medidas de médio e de longo prazo, mas que precisam ser implementadas desde já.
Porém, há algo que podemos fazer de imediato, conforme diagnóstico de Julia Simpson, CEO do WTTC: promover a conectividade mais eficaz entre os destinos. Isso abrange a ligação mais regular, confortável e segura entre terminais aeroportuários e entre estes e as áreas urbanas e redes hoteleiras, bem como os transportes intermunicipais de passageiros, seja por meio de linhas regulares ou por meio do fretamento.
Nesse contexto, as empresas de ônibus têm um papel altamente estratégico. Por isso, é importante que busquem a excelência na prestação dos serviços, abrangendo segurança, conforto, pontualidade e atendimento de alto padrão. Mesmo que nem todas as estradas nacionais ofereçam condições perfeitas, o know how adquirido, profissionais muito bem treinados, qualidade, renovação e manutenção da frota permitem manter um alto nível no transporte de passageiros. É o que demonstra nossa experiência na área.
Favorece esse processo o novo Marco Regulatório do Transporte Regular Rodoviário Coletivo Interestadual de Passageiros (TRIP), aprovado no final de 2023 pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Melhoraram as condições normativas para a prestação adequada do serviço ao usuário. Além disso, foi estimulada a concorrência entre os operadores, reduzindo-se a burocracia. Mais do que nunca, qualidade torna-se determinante na operação de empresas de ônibus.
Esse avanço deverá contribuir para que se concretize outra
estimativa do WTTC, de que a indústria de viagens e turismo poderá movimentar
US$ 195 bilhões nos próximos dez anos, representando 7,4% da economia
brasileira. Acredito até mesmo que podemos ir muito além. Mas, governo, órgãos
públicos e privados e empresas precisam trabalhar juntos, e muito, para
avançarmos cada vez mais no ranking mundial do setor.
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