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segunda-feira, 19 de novembro de 2018

A crescente relevância e a importância dos fixers de reputação online



O que são fixers e como fazem a gestão de reputação digital?


Muitos comentaristas políticos e observadores notaram que esta é a era da pós-verdade. O termo foi associado pela primeira vez à política. A política pós-verdade, também conhecida como política pós-factual ou política pós-realidade, lida principalmente com emoções e não com fatos irrefutáveis. Aqueles que praticam a política de apelo às emoções negam, é claro, que não são factuais. É um pouco discutível se somos ou não atormentados pela política pós-verdade, porque políticos de todos os lados, representando todas as ideologias, estão habituados a usar fatos que lhes são convenientes, que promovem sua causa e podem ajudá-los a alcançar seus intentos. O que está além da disputa e, além de qualquer dúvida, é que estamos vivendo na era das notícias falsas.

Notícias falsas talvez não tenham atingido o seu auge, mas já são onipresentes e onipotentes. É cada vez mais difícil distinguir a verdade da falsidade e vice-versa. As pessoas estão constantemente se apaixonando por notícias falsas, e isso está em todo o espectro de todas as ideologias. Todo mundo está procurando, e também recebendo, notícias falsas que atendam às suas crenças e saciam seu viés de confirmação. É provável que as pessoas acreditem no que elas acham que é a verdade, de acordo com sua noção preconcebida ou ideologia, e, consequentemente, se contentem com as informações que aceitam como fatos, mesmo que sejam completamente falsas. Essa ameaça está corroendo o próprio tecido do acesso à informação, o compartilhamento de notícias e debates ou discussões factuais. Notícias falsas têm a capacidade de arruinar o discurso de uma forma que nunca foi possível antes.


A realidade volátil da reputação online

Reputação é essencialmente uma crença ou um conjunto de crenças. Reputação tem mais a ver com opiniões do que com fatos. Reputação implica em caráter, honra, notoriedade, influência, fama ou a falta dela, destaque, posição ou estatura, aceitabilidade e prestígio. Denota posição, autoridade, credibilidade ou confiabilidade, eminência ou estima. Mas a reputação ainda é apenas uma opinião. As pessoas acham algumas marcas respeitáveis. As pessoas consideram as celebridades como reputadas. As pessoas identificam certos produtos ou serviços como valiosos e, portanto, seus fornecedores como confiáveis. Essas observações ou inferências derivam de crenças e são baseadas em marketing consistente.

A reputação nunca foi mais vulnerável a ser maculada do que na era das notícias falsas. Uma notícia falsa que se tornou viral pode arruinar a reputação de um indivíduo, empresa ou marca, produto ou serviço, que levou anos e talvez décadas para se construir. A reputação online é volátil. Pode ser ganha durante meses e, em alguns casos, semanas, mas pode ser destruída em alguns dias, em casos raros, em minutos. É por isso que os serviços de fixers de reputação online estão em alta demanda. Já não é mais viável para empresas ou indivíduos esperar e suportar as consequências da reputação on-line difamada. Mesmo que a notícia que está sendo divulgada seja total ou parcialmente verdadeira, medidas devem ser tomadas para mitigar os danos e é isso que os fixers de reputação online podem fazer.


O papel dos fixers de reputação online

O termo fixer existe há muito tempo, mas principalmente em um sentido depreciativo. Fixers têm trabalhado em várias indústrias, em diferentes capacidades, com objetivos específicos. Existem fixers políticos, industriais, esportivos e até de relacionamentos. Além desses, há ainda aqueles que são fixers de reputação online multifacetados. Recentemente, o termo tornou-se uma palavra de ordem, por causa do desenrolar da saga envolvendo Cristiano Ronaldo e Kathryn Mayorga.

Kathryn Mayorga acusou a sensação do futebol, Cristiano Ronaldo, de estuprá-la no dia 13 de junho de 2009. Esta notícia espalhou-se como um incêndio recentemente, mas ela havia ingressado com uma queixa policial na época, e todo o caso foi abafado. Kathryn recebeu uma quantia extrajudicial, não apenas para cortar o caso pela raiz, mas também para evitar que falassem sobre o incidente ou o que se seguiu. Cristiano Ronaldo contratou uma série de fixers, não necessariamente especializados em reputação online. Esses foram encarregados de silenciar a vítima e suprimir o caso para sempre.

Cristiano Ronaldo contratou advogados de alto nível, sendo um deles Carlos Osório de Castro, o principal deles. Castro associou-se a advogados em Las Vegas, desde que o incidente aconteceu em uma suíte do elegante hotel PalmsPlace. Castro, que atua no Porto, em Portugal, montou uma equipe de limpeza. Ele conseguiu um detetive particular para acompanhar Kathryn Mayorga e descobrir tudo sobre ela. O detetive era um ex-policial e usou suas conexões no Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas para sua pequisa.

Schillings, um escritório de advocacia com sede em Londres, especializado em gerenciamento de crises, entrou para a equipe. Lavely & Singer, outro escritório de advocacia com sede em Los Angeles, também foi incluído na equipe em constante expansão para consertar todo o fiasco. Lavely & Singer já representou nomes como Jennifer Aniston e Cameron Diaz no passado. Outro advogado chamado Richard Wright foi contratado em Las Vegas. A equipe posteriormente introduziu um perito forense e um perito médico.

O que aconteceu em 2009 agora é bem conhecido. O caso tinha sido abafado. Kathryn Mayorga recebeu menos de quatrocentos mil dólares para ficar quieta e nunca mais falar do incidente. Só que ela falou! Football Leaks publicou documentos secretos e divulgações que foram contra Cristiano Ronaldo. Agora o mundo já sabe toda a saga. No entanto, a rápida notícia que estava sendo relatado nos jornais, nas mídias eletrônicas, nas redes sociais e nas mídias sociais, parou abruptamente. O mundo não está mais ouvindo sobre o caso. Não há nenhum relatório, nenhuma atualização e nem mesmo um chilro. É isso que os analistas de reputação online conseguiram fazer em 2018. Todo o fiasco que irrompeu novamente foi administrado com firmeza. Ronaldo está de volta a marcar gols e ninguém sabe o que Kathryn está fazendo.


Os fixers de reputação online são soluções de problemas de última geração

Uma coisa é manter o equilíbrio e trabalhar apenas com os ataques esperados na reputação online. É um jogo completamente diferente para administrar uma crise. Interesses adquiridos ou não, quando toda a reputação está à beira de ser totalmente destruída, apenas fixers de reputação online podem ser úteis, para indivíduos célebres ou cidadãos comuns, marcas estabelecidas ou startups e qualquer entidade que tenha algo ou tudo a perder.




Fernando Uilherme Barbosa de Azevedo - Sócio da silicon-minds.com, empresa especializada em reputação online e marketing digital, Fernando Uilherme Barbosa de Azevedo é engenheiro eletrônico, elétrico e industrial, com formação em Web Development e Inovação no Vale do Silício. O autor tem sido destaque como especialista em sua área em muitos veículos de comunicação brasileiros e internacionais, como Forbes, The Entrepreneur e TechStars.

Silicon-minds.com

Chuva, alta velocidade e desgaste nos pneus são uma combinação perigosa


Mal tempo exige mais atenção e prudência dos motoristas para evitar a ocorrência de acidentes


Condições climáticas desfavoráveis podem comprometer a segurança no trânsito. A chuva, além de reduzir a visibilidade do motorista, interfere na aderência e estabilidade dos veículos. Por isso, os especialistas recomendam atenção redobrada aos motoristas durante os momentos de “tormenta” para evitar transtornos e acidentes. A pedido da Perkons, empresa especializada em gestão de trânsito, especialistas dão dicas para os motoristas dirigirem com segurança na chuva.

Ordeli Savedra Gomes, Tenente Coronel da Brigada Militar em Porto Alegre e especialista em Legislação de Trânsito, afirma que é essencial que os condutores reduzam a velocidade e aumentem a distância entre os veículos em 50%, como recomendam os cursos de direção defensiva. “Levamos de três a quatro segundos para perceber uma situação de risco e, além disso, o tempo de frenagem é maior quando a pista está molhada. Daí a importância de manter uma boa distância entre os carros”, diz Gomes.

A pedagoga e especialista em trânsito Eliane Pietsak enfatiza que, no trânsito das grandes cidades, com uma grande frota de veículos e tráfego intenso, é cada vez mais difícil manter a distância. Contudo, em dias de chuva, essa medida preventiva precisa ser levada mais a sério. “Com uma distância maior entre os veículos dá tempo de frear em caso de emergência ou se algum obstáculo aparecer na pista. Além disso, a velocidade reduzida também é fundamental e evita que os condutores freiem bruscamente para parar o veículo”, recomenda.

Ordeli Gomes acrescenta que chuva não combina com velocidade alta. “O próprio Código de Trânsito Brasileiro (CTB), no artigo 29, determina que a velocidade deve ser adequada às condições climáticas. Em algumas vias, já existem placas de regulamentação de velocidade que orientam os motoristas a andarem mais devagar nestas situações”, informa o Tenente Coronel.

Ele explica ainda que, além do grande volume de água, o óleo derramado e outras sujeiras deixadas pelos caminhões e demais veículos também contribuem para tornar a pista mais escorregadia. “A chuva acaba espalhando o óleo que estava concentrado em parte da via e esse é mais um fator que pode ocasionar acidentes”, alerta Gomes.


Aquaplanagem

A aquaplanagem – que é a perda de contato entre um automóvel e o asfalto em virtude do acúmulo de água sobre o solo – é um dos grandes perigos de dirigir na chuva. “Quando esse fenômeno ocorre, o motorista perde o controle do veículo e não consegue frear, o que pode causar um acidente grave. Os pneus gastos diminuem ainda mais a aderência do veículo, principalmente nas curvas”, destaca Ordeli Gomes.

Eliane Pietsak alerta que quando ocorre a aquaplanagem, os motoristas precisam manter o controle emocional, não se desesperar e, sobretudo, não pisar nos freios. “O instinto do motorista, quando percebe que o carro está desgovernado, é frear. No entanto, para evitar acidentes, o correto é deixar o carro perder a velocidade lentamente e manter as mãos firmes na direção, para deixar o veículo em linha reta”, orienta.


Manutenção em dia

Além de pneus em bom estado, é imprescindível manter as palhetas do limpador de para-brisas em bom funcionamento e os vidros limpos, desengordurados e desembaçados, para não comprometer ainda mais a visibilidade dos condutores. “A manutenção do veículo é uma questão de prevenção de acidente. Se a chuva for muito intensa e o limpador não der conta, o motorista deve procurar um lugar seguro para parar e se proteger”, informa Eliane Pietsak.



Cuidados para evitar o endividamento insustentável no final do ano

Comprar sem planejamento durante a Black Friday pode levar consumidor a se endividar


O dia 23 de novembro será mais uma Black Friday no Brasil. Os anúncios de descontos expressivos e a expectativa de receber o décimo-terceiro salário podem levar consumidores a caírem na tentação de comprar por impulso e contrair dívidas caras, principalmente no cartão de crédito.

A ausência de educação financeira no Brasil e a falta de planejamento são os principais motivos para o descontrole nos gastos. O mesmo acontece no momento de contratar crédito.

Segundo dados da Boa Vista SCPC, o índice de inadimplência do consumidor no País subiu 1% em outubro, na comparação com o mês anterior.

“É muito comum vermos brasileiros que não tem controle financeiro. Não sabem sequer quanto ganham e gastam mensalmente”, aponta Vargas Neto.

O CEO da Zen ressalta que o crédito é importante para estimular a economia e fomentar investimentos na empresa, em ativos como casa própria, veículo, que muitas vezes também é um instrumento de trabalho. Os bens de consumo por sua vez, devem ser adquiridos conforme necessidade e disponibilidade no orçamento familiar.

“O problema é que no Brasil temos o spread mais alto do mundo. Em países desenvolvidos, onde a taxa de juros é sustentável, a população usa esse importante meio para construção de patrimônio e expansão da economia. Mas para isso precisa de educação financeira e bons produtos financeiros, que são muito limitados no Brasil”, pontua.

Spread é a diferença entre a taxa básica de juros do Banco Central e o que é efetivamente cobrado pelas instituições financeiras.

O cartão de crédito é apontado como um dos maiores vilões e principal causa do endividamento dos brasileiros.

“O cartão de crédito é um excelente produto como meio de pagamento e benefícios. Porém, é um péssimo meio de financiamento. Os juros do cartão são os mais caros do mercado, muitas vezes passando 400% ao ano, tornando-se praticamente impossível de pagar. O pagamento mínimo do cartão é verdadeira receita para o desastre financeiro”, aponta Jorge Vargas Neto, CEO da fintech Zen.

Veja dicas para não ficar inadimplente:

Planejamento: é preciso fazer uma análise do que se ganha e listar os gastos que terá. Só depois disso deve ser definido o que pode ser adquirido no período. Lembrando que no começo do ano há contas que precisam ser pagas como o IPTU e o IPVA;

Controle de gastos: O ideal é ter uma reserva financeira de pelo menos seis meses, para se resguardar caso aconteça algum imprevisto como desemprego, doenças e outros gastos imprevistos;

Cartão de crédito:  Evite entrar no financiamento do cartão, parcelando a fatura ou pagando o mínimo. Se precisar de crédito existem meios muito mais sustentáveis como o crédito pessoal com garantia de imóveis.



Marketing digital: cinco estratégias para uma empresa ter sucesso na internet



 É preciso ter planejamento estratégico para uma divulgação eficaz na internet


A ascensão das redes sociais (bem como da internet) na relação entre empresas, lojas, marcas e consumidores mudou o cenário do marketing no Brasil e no mundo. Apesar disso, muitos empreendedores ainda não sabem como aplicar as estratégias de divulgação necessárias para um negócio bem sucedido; é o que apontou uma pesquisa realizada pela Web Estratégica – consultoria sobre negócios digitais, que diz: 56,4% das empresas investem apenas de 10% a 20% do orçamento de marketing nos canais digitais. 

A internet é um mercado latente para qualquer negócio expandir, mas é preciso ter visão, entender do mecanismo e ser arrojado. “Tempo é dinheiro, e toda mudança precisa começar agora. “O momento do planejamento estratégico é uma oportunidade para refletir e repensar os modelos atuais de marketing”, salientou o CEO & Founder da TurboMKT – Plataforma de Negócios Online, Edson Moreira. “As empresas precisam quebrar alguns paradigmas para aproveitar o potencial do digital nas estratégias de divulgação. Existem medidas simples que são fundamentais e precisam ser adotadas imediatamente”, completou. 

Especialista e palestrante no mercado digital, Moreira preparou algumas dicas e estratégias para ajudar os empreendedores que querem alavancar as vendas e ter um plano estratégico eficaz. E destaca ser fundamental seguir as etapas mencionadas e iniciar com o passo número 1, pois entender quem é o público alvo da empresa é a parte mais importante dessa jornada. “Feito isso, comece. Um plano de marketing simples executado de forma intensa é muito mais poderoso que um plano perfeito que fica na gaveta”, salientou. Então, saiba: 


1 - Conheça o seu público alvo: a importância de conhecer o público alvo com a maior precisão possível direciona a comunicação, ajusta as campanhas de divulgação e cria uma mensagem que é absorvida com muito mais naturalidade pela sua audiência. É recomendado investir um tempo com a equipe de trabalho e definir em detalhes quem é o público alvo. Isso inclui idade, gênero, dados demográficos, dores, desejos, hábitos etc. Quanto maior a riqueza de detalhes, melhor será a confecção da mensagem e os resultados das campanhas. 


2 - Faça um planejamento das campanhas de marketing: uma vez que você conhece o público alvo, é necessário estabelecer o objetivo das campanhas de marketing. Esses objetivos podem ser vários: reconhecimento a marca, tráfego no website, curtidas na página do Facebook, criação de uma lista de e-mails, cadastro em um evento online ou presencial, compras do produto etc. “Esse planejamento deve ser feito com objetivos, metas mensuráveis e um plano de ação para o acompanhamento das campanhas. O mercado digital flutua bastante e está sempre suscetível a mudanças. É muito importante que a equipe de marketing esteja atenta a essas mudanças e reaja rápido a fim de otimizar os recursos que forem utilizados nas campanhas. Em outras palavras, é preciso estar atento à direção do vento, sua intensidade e ajustar as velas sempre!”, aconselhou Moreira. 


3 - Defina um processo interno para o andamento das campanhas de marketing: assim que as campanhas de marketing de resposta direta estiverem em andamento, é necessário definir um processo que siga algumas etapas muito importantes, sendo geração de tráfego, coleta dos dados, análise e otimização. 


4 - Use o poder de distribuição da internet para escalar o seu negócio: tão importante quanto levar a mensagem da empresa para a audiência, é a frequência com que você faz isso. Se as campanhas estiverem atingindo as pessoas corretas, de acordo com as metas e os objetivos, é importante adicionar mais um ingrediente nessa fórmula para escalar os resultados: a frequência. ”Mesmo considerando os excelentes resultados conquistados ao implementar os três passos acima, para manter esses resultados você não pode subestimar esse ingrediente: a frequência”, comentou o especialista. 


5 - Estabeleça metas de divulgação e cumpra: se você consegue divulgar informações sobre a empresa, sobre o produto, ou até mesmo informações sobre o mercado para manter a audiência da empresa ativa, faça isso de maneira consistente. Estabeleça uma agenda, pode ser algo como uma vez na semana ou uma vez ao dia, mas seja consistente. Isso engajará as pessoas e elas mesmas passarão a compartilhar as informações, aumentando frequentemente e consideravelmente o número de impactados pela mensagem. 
Comece hoje mesmo, as condições perfeitas nunca existirão; várias empresas reconhecem o poder do marketing de resposta direta, acompanham o trabalho de outros negócios, mas ficam travadas pensando em tudo o que precisam fazer para começar. Isso é uma crença limitante. Para começar, basta simplesmente começar!


Os negócios de impacto e a agenda do meio ambiente



Na primeira semana pós-eleições, o presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou que uniria sob um único ministério as pastas do Meio Ambiente e da Agricultura. A proposta foi recebida com críticas por especialistas e manifestações contrárias das organizações de defesa do meio ambiente. O governo eleito, aparentemente, recuou.  

Enquanto paira dúvida sobre o formato da administração executiva federal nessa frente, a discussão é oportuna e merece também uma análise jurídico-econômica sob a ótica dos negócios de impacto. A Constituição Federal foi pioneira ao estabelecer no capítulo dedicado ao Meio Ambiente o direito do cidadão ao ecossistema ecologicamente equilibrado, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

A lógica desenvolvida até hoje em normas, doutrina e jurisprudência se deu sob o ângulo do dano ambiental (potencial ou realizado) decorrente da atividade produtiva ou extrativista, e a partir disso, meios de avaliar, mitigar, prevenir o risco e indenizar o prejuízo sofrido, além de punir os responsáveis. E esses investimentos para a solução de problemas sociais e ambientais foram, historicamente, conferidos à administração pública ou à filantropia, com pouco ou nenhum envolvimento da iniciativa privada.

Na última década, no entanto, surgiu um segmento da nova economia no qual os negócios agregam a seus produtos e serviços soluções para os mais diversos desafios socioambientais. A empresa passa a utilizar as ferramentas que possui não apenas para evitar o dano ambiental potencial, mas também para promover um benefício real àqueles envolvidos em sua cadeia de valor, os recursos naturais empregados e o ambiente à sua volta.

Os negócios de impacto, via de regra, desenvolvem um mercado a partir de uma necessidade existente. As políticas ambientais são catalisadoras do surgimento e da escala desses empreendimentos, inclusive nos campos da agricultura - pelas agritechs, por exemplo - e da economia regenerativa.

Vê-se um crescimento em todo o mundo, e também no Brasil, de empresas que integram o propósito de gerar um impacto socioambiental positivo por meio de suas atividades lucrativas, utilizando métodos verificáveis para mensurar o impacto das suas atividades e dando transparência a esses dados aos seus clientes e investidores. É uma mudança significativa de perspectiva, com o sucesso sendo medido não apenas pelo êxito econômico, mas também pelo impacto positivo gerado na atividade – agregando este novo valor à companhia.

A adoção do impacto positivo ao modelo de negócio atende ao chamado constitucional de preservação coletiva do equilíbrio do ecossistema do planeta e aumenta a chance de alcance do benefício para as futuras gerações, pois repercute na perenidade do próprio negócio.

É fato que a pauta do Meio Ambiente é mais ampla que a da Agricultura e a intersecção existente entre elas não seria suficiente para justificar a fusão proposta. As políticas do governo federal para o meio ambiente muitas vezes servem de suporte para a realização efetiva dos impactos positivos buscados pelos negócios, e misturá-las aos legítimos interesses do estímulo à agropecuária nacional, bem como à regulação do setor, pode afetar negativamente todo um novo e promissor segmento econômico.







Rachel Avellar Sotomaior Karam - advogada, sócia do escritório TESK Advogados e coordenadora do Grupo Jurídico B, do Sistema B.




A Lei Áurea representou mesmo o fim da escravidão?


Nesta terça-feira, 20 de novembro, é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil. A data foi instituída com o intuito de proporcionar uma reflexão sobre a inserção do negro em nossa sociedade, sendo estabelecido o dia da morte do líder Zumbi dos Palmares como data comemorativa. Mas, o grande questionamento é se a Lei Áurea decretada em 1888, realmente representou o fim da escravidão no Brasil e a mudança de vida para os antigos escravos.

Efetivamente a Lei Aurea representou o fim de mais de 300 anos de trabalho servil e de opressão dos negros no Brasil, contudo, a efetivação da liberdade não resultou em mudança substancial na vida dos antigos escravos – apesar dos negros terem deixado a condição de trabalhador escravo para a de trabalhador livre, passando a ser explorado pelo capital, transformando-se em trabalhadores subalternizados em relação aos não negros – não houve uma transformação significativa no sentido de mobilidade ascendente ou de melhoria nas condições materiais de existência, ao contrário, muitos dos antigos escravos foram deixados à própria sorte, ao Deus dará, e em muitos casos sem condição de sobrevivência e de acesso a novas oportunidades de trabalho, em razão de também não terem tido acesso, principalmente, à educação.

De fato, os ex-escravos, foram discriminados e criminalizados pela cor e pela raça, somando-se à população pobre nas grandes cidades, aumentando o número de desocupados, trabalhadores temporários, lumpens, mendigos e, dessa forma, considerados "vadios" e "vagabundos". Embora o destino dos antigos escravos tenha variado bastante, de maneira geral, a partir mesmo da campanha e do projeto de Abolição, não houve uma orientação destinada a integrar os negros às novas realidades e regras de uma sociedade baseada no trabalho assalariado. Assim, essa população continua sofrendo com a desigualdade racial, social e econômica, com a criminalização do seu espaço de moradia e sem a presença efetiva do Estado. Portanto, a liberdade não se constituiu em consecução, garantia de efetivação dos direitos de cidadania.

O destino dos escravos libertos variou de acordo com a região do país. No Nordeste, transformaram-se, em regra, em dependentes dos grandes proprietários. No Maranhão representou uma exceção, pois os libertos abandonaram as fazendas e se instalaram nas terras desocupadas como posseiros. No Vale do Paraíba, os antigos escravos viraram parceiros nas fazendas de café em decadência e mais tarde pequenos sitiantes ou peões no trato do gado. No Oeste Paulista, a fuga em massa foi característica dos últimos anos que antecederam a Abolição. Nos centros urbanos de São Paulo e do Rio de Janeiro, a situação variou. Enquanto em São Paulo os empregos estáveis foram ocupados pelos trabalhadores imigrantes, relegando-se os ex-escravos aos serviços irregulares e mal pagos, no Rio de Janeiro o quadro não foi diferente. A inserção dos negros na sociedade brasileira não se deu no primeiro momento de maneira efetiva e ainda está em vias de se realizar, até os dias atuais os negros lutam para que sejam reconhecidos e valorizados como protagonistas de nossa história.

Após 130 anos de Abolição, os negros ainda hoje sofrem os impactos da escravidão e da forma como ocorreu a sua libertação, pois apesar de se verem livres dos açoites e dos grilhões, não tiveram efetivamente meios de reparação de danos ou projetos para sua integração, dessa forma, a abolição da escravatura não eliminou o problema do negro na sociedade brasileira – embora esta questão tem desaparecido do imaginário coletivo, principalmente com a instituição da República, com o silenciamento e a invisibilização da questão racial – muito pelo contrário, ampliou-se ainda mais a sua condição de miséria e desamparo.

Por este aspecto, acredito que a desigualdade e a própria violência sofrem uma influência direta do preconceito. De fato, a sobrevivência do preconceito e do próprio racismo na sociedade brasileira pós abolição até os dias atuais, decorre da construção de uma memória coletiva utilizada como fonte de preservação do poder, traduzidas em um significativo conjunto de valores, crenças e práticas transmitidas ao longo do tempo, construídas biológica e socialmente, através das quais se construíram e criminalizam a imagem dos negros estigmatizando-os, como subalternos, não confiáveis, passíveis de serem marginais, incapazes, entre outros adjetivos pejorativos.

Devo ressaltar, no entanto, que os estigmas de origem e tribal de que os negros foram vítimas ao longo da história, tem se transformado substancialmente em razão das legislações vigentes, como das próprias Políticas de Ação Afirmativa, que estão transformando alguns hábitos e costumes que estruturavam e estruturam a sociedade brasileira.






Reinaldo da Silva Guimarães - professor do curso de Serviço Social da Anhanguera de Niterói e autor do livro Afrocidadanização: ações afirmativas e trajetórias de vida no Rio de Janeiro.




Amarras da verdade que aprisionam


A importância do Congresso Nacional


O artigo 48 da Constituição confere ao Congresso Nacional a atribuição de dispor sobre todas as matérias de competência da União. Nada mais natural do que uma Assembleia Nacional Constituinte invocar para o parlamento mais poderes, já que viveu a experiência de um Congresso esvaziado durante toda a ditadura.

Apesar de ter se posicionado contra a eleição indireta na Campanha Diretas Já, a mesma Constituinte, que garantiu a eleição direta para presidente da República e o plebiscito para que o povo decidisse pelo regime de governo presidencialista, reservou ao parlamento poderes para controlar qualquer tendência ditatorial do governante executivo.

O povo brasileiro vem, há trinta anos, praticando, nos processos eleitorais, um descuido com a dinâmica de governo, descuidando da composição do parlamento. Centra forças e energias nos processos eleitorais majoritários ignorando que o governante estará limitado pela composição do parlamento.

Fernando Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto popular, nordestino, acompanhado do mineiro Itamar Franco, caiu dois anos e meio depois pelo impeachement promovido pelo Congresso. Itamar Franco, o vice, assumiu e implantou o plano Real que foi a alavanca para, na sequência, a eleição de Fernando Henrique Cardoso.

O presidente FHC, intelectual paulista, acompanhado de Marco Maciel, um político tradicional nordestino, manobrou bem as composições com o Congresso chegando a obter sucesso na proposição da reeleição e na aprovação de múltiplas reformas constitucionais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pernambucano radicado em São Paulo, intelectual orgânico que emergiu do movimento sindical do ABC Paulista, também conduziu muito bem, durante seu governo, as negociações com o Congresso, pois tinha a seu lado o mineiro José Alencar, crítico da política de juros adotada pelo governo, mas muito fiel a Lula. Uma dupla que facilitava o trânsito no Congresso e manteve a oposição isolada nos oito anos de mandato de Lula.

Quando Dilma assumiu, vinha de um susto eleitoral. Ninguém esperava que com os níveis de aprovação de Lula sua sucessora tivesse tanta dificuldade eleitoral. No governo Dilma, as coisas inverteram. Ela, invocando sua mineiridade e o “Che” adquirido nos tempos gaúchos, acompanhada desde o início de Michel Temer, que já fora comandante no legislativo, encontrou resistências e que culminou na traição durante o segundo mandato e no impeachement.

No Brasil, vale o que diz o Congresso. Agora que terminaram as eleições, a verdade começa a se revelar. O Congresso Nacional extremamente fragmentado se definirá e dirá ao presidente o que fazer. No cabo de força entre os poderes executivo e legislativo, prevalece a Constituição e a Constituição diz que quem manda é o Congresso.

Cabe ao eleitor exigir atitude do parlamentar em quem votou ou do partido de sua preferência, como melhor meio de controlar as ações de governo.






 Wagner Dias Ferreira - Advogado e Membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG.








Como se proteger dos cibercriminosos durante a Black Friday


Fuja das armadilhas! Conheça os hábitos que devem ser seguidos para garantir uma compra segura na internet e evitar prejuízos


A Black Friday chega à sua 9ª edição brasileira em 2018 já consolidada como uma das principais ações promocionais do calendário varejista do país. O sucesso da data, famosa nos Estados Unidos por anteceder o feriado de Ação de Graças, vem sendo impulsionado pela crescente expectativa dos brasileiros aliada à adesão cada vez maior dos lojistas, com descontos atraentes e facilidades de pagamento. E os resultados não poderiam ser outros: adesão da grande maioria do mercado varejista, e expectativa por descontos significativos por parte dos consumidores.

Para escapar do estresse e participar deste grande momento de vendas, muitos consumidores vêm preferindo realizar suas compras pela internet, seja por sites ou aplicativos diretamente nos smartphones. Porém, junto com a série de benefícios que o universo on-line proporciona, vêm os riscos. As chances de cair em armadilhas e fraudes durante as compras pela web são bem maiores do que em uma loja física.

E entre os principais motivos para as dores de cabeça estão as brechas de segurança encontradas nos sistemas dos próprios usuários aliado à falta de cuidado ao entrar nos sites ou em clicar em e-mails maliciosos – exemplos de "phishing" – que servem para que os cibercriminosos deem golpes naqueles consumidores mais desatentos ou inexperientes.

"Entender como essas fraudes funcionam e, acima de tudo, se prevenir adequadamente destes crimes são questões essenciais para evitar prejuízos que podem estragar a experiência do consumidor em uma época tão proveitosa para as compras", afirma o especialista em cibersegurança Wolmer Godoi, CTO da CIPHER.

De acordo com o especialista, para se precaver, é importante, primeiramente, informar-se sobre como os ataques mais recentes e modernos vêm sendo desenvolvidos pelos criminosos, bem como conhecer quais são os principais prejuízos a que as pessoas estão expostas ao comprarem pela internet sem um cuidado adequado. "Com um só golpe o consumidor pode perder muito dinheiro", ressalta Godoi.

Além de refletir sobre os comportamentos e hábitos mais frequentes na web, outro aspecto mencionado pelo especialista da CIPHER para garantir uma compra segura é fazer um checklist com as ações que devem ser tomadas para acabar com as brechas de segurança no computador ou smartphone como, por exemplo, manter sempre o equipamento atualizado ou não usar redes de Wi-Fi desconhecidas.

Confira outras dicas do especialista:
  1. Procure o máximo de informações sobre o site onde você quer comprar: "Pesquisar sobre a loja virtual onde você vai comprar é um passo imprescindível. Em sites como Reclame Aqui e Procon é possível buscar a reputação dos e-commerces e ver se há reclamações de consumidores, como, por exemplo, em atrasos na entrega, no uso indevido de dados e até em ofertas falsas, além de quais tipos de respostas aquelas empresas deram para a reclamação.";
  2. Verifique se o site que você está acessando tem o mínimo de segurança: "É importante que o usuário observe, ao efetuar a compra on-line, se o site tem protocolo de segurança e certificado HTTPS válido. Estes detalhes são vistos no próprio navegador, a partir da imagem de um cadeado na barra de navegação e do endereço da página. Além disso, uma outra dica é que, antes de clicar em algum endereço, o consumidor passe o mouse no banner da mensagem ou botão para ver no canto da tela se o link direciona para o endereço oficial da loja";
  3. Não use software pirata: "Utilizar softwares ou aplicativos piratas no seu computador ou smartphone pode facilitar ações de criminosos para acessar os dados pessoais e financeiros";
  4. Utilize uma solução de antivírus paga: "As soluções de antivírus pagas costumam investir mais e lançar vacinas com maior velocidade e frequência do que as soluções gratuitas";
  5. Suspeite de promoções que chegam pelo WhatsApp: "Ser um dos aplicativos de mensagens mais famosos do mundo traz o peso de também ser um alvo fácil dos criminosos. Isso significa que frequentemente links falsos de grandes lojas são divulgados em mensagens para roubar dados pessoais e senhas de cartões de crédito. Por isso, antes de clicar nos links que receber, verifique se a promoção existe na loja ou se a página existe em uma busca no próprio Google".






Wolmer Godoi – Engenheiro de Computação com MBA em Governança de TI, atua com segurança de informação há mais de 18 anos. Ministrou palestras em eventos de Segurança de Informação pelo Brasil afora. Já ocupou posições como Security Officer e VP em empresas de relevância nacional. Atualmente exerce suas atividades na CIPHER como Chief Technology Officer (CTO), além de buscar compreender como a Tecnologia da Informação pode apoiar nas relações humanas e na construção de uma sociedade mais justa e sustentável




Emprego temporário cresce, mas empresa individual ainda é saída para milhões de brasileiros


Crise, incerteza e mercado são fatores que impedem despesas com pessoal


Datas comemorativas viraram sinônimo de emprego temporário nos últimos anos no país, muito por conta da indústria que produz sob demanda em razão das altas nas vendas esporádicas. Dia das mães, dos namorados, Páscoa e Natal são datas emblemáticas para o empresariado e para quem busca um lugar no mercado, que está cada vez mais concorrido.

Segundo a ASSERT - Associação Brasileira do Trabalho Temporário, devem ser geradas pouco mais de 430 mil vagas de emprego, entre setembro e dezembro de 2018. O número é 22% maior que 2016, mas muito pequeno se comparado, segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, aos mais de 13 milhões de desempregados.

É uma loteria que pode ser visualizada mais claramente no número de empresas individuais no Brasil, que vem crescendo desde o início de crise em 2009. Segundo dados do Empresômetro, empresa brasileira de inteligência de mercado, de todas as mais de 21 milhões de empresas ativas no país, 58% são de empresários individuais. Pouco podem fazer esses empreendedores por aqueles que precisam de um emprego, uma vez que podem contratar apenas uma pessoa.

Ainda segundo a ASSERT, o emprego temporário é a melhor saída em tempos de crise, mas o que vem mudando é o local onde estão esses empregos, antes em comércio varejista, que são cerca de 80% de todas as empresas ativas, de acordo com o Empresômetro. O setor vem perdendo espaço para a indústria, que corresponde a 7% de todas as empresas ativas, e que com a possibilidade de contratações mais flexíveis, pode investir na produção tanto para o varejo quanto para o mercado B2B (business to business).

Esse cenário também é apontado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – CNC, que viu uma redução no número de contratações temporárias, por volta de 1,7% menos em relação a 2017. Essa redução se deu, segundo a CNC, devido às incertezas quanto ao futuro da economia; a entidade prevê um crescimento menor nas vendas do Natal, por exemplo, demonstrando a desaceleração econômica e fazendo com que o empresário segure mais despesas fixas, inclusive com pessoal.

Um dos dados mais importantes levantados é a taxa de absorção desses empregados temporários, que em 2017 era de 23%, com uma previsão de apenas 19,8% de efetivações em 2018. 

“O país passa por um momento delicado e que diante do desconhecido se vê obrigado a segurar investimentos e despesas, tendo consequências em todos os aspectos da economia, e o brasileiro ainda vê como saída o emprego temporário e a abertura de seu negócio próprio, facilitado pela celeridade em iniciar a atividade empresarial individual, a independência e a possiblidade de ganhos acima do que o mercado empregador oferece”, esclarece o diretor do Empresômetro, Otávio Amaral.

Isso é visto pelo crescimento das empresas individuais entre 2016 e 2018, são mais de três milhões de novos empreendedores, em média 1,5 milhão por ano, segundo estatísticas fornecidas pelo Empresômetro, ou seja, muito maior que o mercado empregador oferece hoje. São pequenas empresas que atendem demandas do cotidiano, como serviço de cabeleireiro, comida e entregas.

“Ainda é uma saída para uma força de trabalho imensa no Brasil, mas que não consegue ser absorvida pelo mercado. São inúmeros os fatores, mas alguns deles são a incipiente forma de produção, grande carga tributária e a qualificação surreal exigida por grande parte dos contratantes”, explica Amaral.


A utopia não morreu, deve ser alimentada


Há colocações falsas que, de tão repetidas, são absorvidas, até inconscientemente, como verdadeiras
Uma dessas colocações equivocadas é, a meu ver, a de que teríamos chegado ao fim das utopias. Tratei deste tema num livro meu – Direito e Utopia, livro este que está, no momento, esgotado.

Em defesa da tese de que as utopias acabaram, vários argumentos são apresentados: a) a União Soviética ruiu, o Socialismo é coisa do passado; b) a ineficiência da máquina pública é evidente, avançam as privatizações, a economia de mercado triunfou; c) Jesus casou com Maria Madalena e teve um filho, a Fé Cristã naufragou; d) a competição é a senha do progresso, só esta via pode libertar o homem dos mitos que o aprisionam; e) a felicidade de um povo mede-se pelos seus níveis de consumo.

Essas mentiras, afirmadas em várias línguas, difundidas por sofisticados aparelhos de dominação social, acabam por se tornar dogmas. As afirmações colocadas acima são inteiramente falsas.

O que caiu foi apenas um modelo de Socialismo, o Socialismo autoritário que, em parte, resultou da pressão dos países capitalistas, pois estes encurralaram a União Soviética tornando muito difícil a experiência de um Socialismo democrático naquele país. O Socialismo está vivo e é a promessa do amanhã. O que está nos últimos estertores é o Capitalismo, que esmaga o ser humano e tem na prática da guerra o seu pressuposto e a sua lógica.

A condenação em bloco da máquina pública como ineficiente é falsa. Há instituições públicas e instituições privadas de excelente qualidade, da mesma forma que há instituições péssimas nos dois modelos.

Jesus Cristo permanece como Luz do Mundo, horizonte para milhões de pessoas. Interesses mesquinhos pretendem o fim do Cristianismo porque a vivência do Cristianismo, nas suas últimas consequências, criará uma sociedade oposta à sociedade hoje dominante.

A competição gera um progresso conflitivo e desumano. A cooperação é que pode produzir o verdadeiro progresso, em benefício de todos e não apenas em proveito de alguns. A felicidade de um povo mede-se por indicadores muito mais profundos do que o simples consumo, ainda mais esse consumo que alcança somente uma fração do povo. A utopia, no seu sentido filosófico e político, não é um sonho, uma quimera, conforme o sentido que às vezes é atribuído a esta palavra.

O termo “utopia”, em grego, significa “que não existe em nenhum lugar”, ou tentando explicar com outros vocábulos o conceito que a velha Grécia nos legou. A utopia é a representação daquilo que não existe ainda, mas que poderá existir se lutarmos por sua concretização. A utopia é assim um “projeto de futuro”. A utopia quer construir um mundo diferente deste que aí está.

Sempre foi a utopia que moveu a História. Todos os grandes avanços da Humanidade nasceram da utopia. Tomás Morus, Campanella, Marx, Teilhard de Chardin, Kierkegaard, Gabriel Marcel, Ernest Bloch, Roger Geraudy, Martin Luther King, Che Guevara, Hélder Câmara foram alguns dos grandes utopistas que alimentaram a caminhada dos homens na busca de uma existência compatível com sua suprema dignidade.

Foi o pensamento utópico que levou Frei Caneca à morte: sonhador de um mundo igual para todos. Foi nutrido de sua seiva que Oswald de Andrade defendeu o poder revolucionário da imaginação. Foi com base nele que Niemeyer pôs em arquitetura o seu projeto de uma cidade humana, projeto aniquilado pelas estruturas envolventes, pois é impossível uma cidade humana dentro de uma sociedade fundada no lucro, na discriminação, na desigualdade.

Dizer que a utopia morreu é assinar carta de abdicação à face das forças poderosas que comandam este mundo. A utopia está viva. É preciso alimentá-la com a nossa Fé, em todos os espaços sociais onde possamos atuar. O desafio não é apenas construir a utopia na organização do mundo, mas construir também a utopia em nosso país, em nosso Estado, em nosso município, em nosso bairro, em nosso local de trabalho. Construir a utopia com nossa ação, nossa palavra, nosso testemunho.

Compreender que a edificação da utopia não é obra de uma só geração. Temos de fazer o que cabe ao nosso tempo e transmitir aos que venham depois de nós a tarefa de continuar o caminho.






 João Baptista Herkenhoff - Juiz de Direito aposentado (ES), um dos fundadores e primeiro presidente da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória.





O espaço do negro no mercado de trabalho
É comum as pessoas usarem a frase: “somos todos iguais e todos temos as mesmas oportunidades.”
Depende de como e de que lado você está fazendo esta análise. Vamos refletir um pouco mais sobre a questão do negro no mercado de trabalho e academicamente.

Essa é uma discussão necessária. Nós, negros, precisamos ter nossa história validada e dita por nós. Esse é o lugar de fala do negro. Em alguns processos seletivos de empresas, há códigos que a empresa cria, por exemplo, um código de inscrição para indicar uma pessoa negra, pois pode ser que o cliente que deseja aquele novo colaborador não queira uma pessoa negra no seu local de trabalho.

Temos também outras descrições, como Cabelo Black ou não liso, nariz largo, lábios mais grossos, tonalidade de pele mais escura. Alguns podem perguntar: “Será que essa pessoa será uma boa recepcionista ou uma boa gerente de contratos para lidar com nossos clientes de outras empresas?”.

Incrível essa pergunta e a colocação. Infelizmente, sinto em informar que é o que mais acontece no mercado de trabalho no Brasil. Pessoas são simplesmente julgadas por sua tonalidade de pele, por seu cabelo e seu tipo físico. Neste caso, falo de pessoas negras. Dessa dita “minoria” (em ocupação e mobilidade social), mas que na verdade é a maioria da população brasileira. Vai entender, não é?

Eu faço questão de conversar sobre isso. Critica-se a cota para negros em universidades. Podemos falar do Conceito da Equidade Aristotélica “Implica tratar desigualmente os desiguais para promover a efetiva igualdade” para falarmos de oportunidades. Mas para pensarmos em igualdade, precisamos investir em saúde, educação, saneamento básico e políticas públicas que realmente aconteçam. Isso só irá acontecer realmente se for de interesse da outra parte que é dita “maioria”.

Hoje, há um movimento em que os negros estão realmente utilizando suas vozes para ter espaço de fala e contar a sua história como não foi contata nos livros de história, pois negro era mercadoria, escravo e ainda considerado preguiçoso. Ou seja, não tinha identidade.

Quando vemos pessoas negras atingindo um lugar de gerência, diretoria, destaque, dizem que é sorte ou que teve um bom padrinho ou usam isso para afirmar que as oportunidades são iguais para todos.

O pesquisador Milton Santos dizia o seguinte: “Nossos corpos falam”. Nosso corpo está tão ligado a imagem do negro preguiçoso (dito na época da escravidão) que não quer nada com nada. Constroem-se ainda mais estereótipos que os livros de história dizem por aí que a sociedade, como um todo, não coloca o negro em outro local. Apenas como inferior.
Isso é algo sério, pois é passado por gerações. Estamos na luta incessante de desconstruir isso. Mas ainda vemos muita resistência, por parte de empresas, pessoas, grupos de classes socias, escolas, salão de beleza, lojas e muitos outros.

O negro sofre psicologicamente com essas negativas. É um fato que vivemos na sociedade. Se está na hora de mudar? Mais que nunca essa é a hora. Por isso não deixem que a ideia de que o seu corpo fala por você e não o seu conteúdo, seja maior. Por isso, saiba que no caminho de todos nós há pedras, mas no nosso há pregos, cacos de vidros e o racismo. Se podemos? Sim. Por isso, que acredito que “Eu sou, porque nós somos.”






 Livia Marques - coach, psicóloga organizacional e clínica, com foco em Terapia Cognitiva Comportamental.



Mulheres na liderança: desafios e benefícios


Especialista conta como aumentar a igualdade de gênero em altos cargos e porque isso pode ajudar a empresa


De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mulheres no cargo de liderança caiu 2% (de 40% para 38%) nos últimos quatro anos. Além disso, em 2017, uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial revelou que as mulheres levarão 217 anos para alcançarem a mesma renda dos homens. Atualmente, segundo o relatório, a diferença de renda entre os sexos chega a 58%.
Por outro lado, no começo deste ano, uma pesquisa realizada pela consultoria financeira McKinsey, "Delivering Through Diversity" ("Entregando [resultados] por meio da diversidade", em tradução livre) apontou que empresas que possuem mais diversidade nos postos de liderança têm um rendimento 21% acima da média. Segundo Leila Arruda, coach de alta performance da LeaderArt International, isso acontece por conta da versatilidade da mulher que, em geral, possui algumas características excepcionais.
“As mulheres são conhecidas pela habilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, e também terem mais tato para lidar com pessoas. Claro, não é uma regra, visto que cada pessoa possui as próprias características, mas ter diversidade no escritório pode trazer outros pontos de vista e formas de trabalhar, o que faz com que soluções mais completas e eficazes apareçam”, explica Leila.
A especialista aponta que, justamente por sempre serem diminuídas, as mulheres buscam melhorar e se superar, para conquistar algo que o homem tem com mais facilidade, como reconhecimento, por exemplo. Isso as faz mais dedicadas e competentes, trazendo um benefício maior para os negócios.
Leila também afirma que, geralmente, mulheres possuem uma visão estratégica mais ampla, visando mais detalhes que passariam despercebidos por outros. A sensibilidade e educação feminina transmitem mais confiança e tato com os funcionários e colegas de trabalho.
“Muitas vezes, mulheres também trazem organização, conhecimento de cronograma e pensamento rápido de casa. Elas costumam ser cobradas de terem essas características como filhas, irmãs, mães, esposas ou simplesmente mulheres independentes na sociedade. Culturalmente, elas são formadas líderes desde jovens”, conta Arruda.
Por isso, apesar das dificuldades de crescimento mercado de trabalho, as mulheres têm se provado de grande valia para empresas. Não à toa, grandes companhias buscam paridade de gênero nos cargos mais altos. A Petrobrás, por exemplo, pretende aumentar em 40% a participação das mulheres em posições de liderança até 2025.
A Dow, empresa de produtos químicos, plásticos e agropecuários, também buscou aumentar a participação de líderes do sexo feminino, pois, de acordo com a companhia, “para contratar os melhores talentos, não pode deixar a diversidade de lado”. A meta, criada há 10 anos, era ter 30% de mulheres nos cargos mais altos na América Latina, mas a empresa foi além e alcançou 60%.
Para chegar a esses números expressivos, Leila sugere que:

●       Faça mais contratações: Uma empresa com mais mulheres terá, consequentemente, mais delas em posição de liderança.


●       Dar mais oportunidades: Mesmo tendo uma equiparação de gênero na equipe, de nada adianta se as mulheres não ganharem as mesmas oportunidades de crescimento e autonomia que os homens.

●       Implantar uma política de igualdade: As mulheres devem possuir as mesmas oportunidades, obrigações e salário que os homens do mesmo cargo. Além disso, é importante ouvir a opinião das colegas do sexo feminino e procurar não as interromper ou corrigi-las sem necessidade.

●       Ações de conscientização: Escritórios são compostos por pessoas. Mesmo se as políticas da empresa forem a favor da igualdade de gênero, se os funcionários continuarem com pensamentos engessados, o ambiente continuará sendo tóxico para as mulheres. Importante enfatizar campanhas contra o assédio, que, infelizmente, possui grande incidência no ambiente de trabalho.





Leila Arruda - Coach de alta performance e licenciada da LeaderArt International (Canadá) para o Brasil na cidade de São Paulo, Head Trainer e Facilitadora do International Leader Coach Certification. Coautora do livro “Coaching a hora da virada“ e palestrante sobre diversos temas na área de inteligência emocional, motivação e perfil comportamental. Graduada em administração de Empresas, é formada também em Coach Life & Executive pela Sociedade Latino Americana de Coaching, Leader Coach e Manager Coach pela LeaderArt International, possui certificação internacional em PDC Professional DISC em PAC Professional Access e certificação em PNL – Postura Neurolinguística.

O desafio ambiental de erradicar os lixões



Novos dados divulgados pela ONU Meio Ambiente revelam que 145 mil toneladas diárias de resíduos urbanos são descartadas incorretamente na América Latina e no Caribe. O Brasil contribui de modo expressivo para a ocorrência desse grave problema, pois mais da metade de nossos municípios ainda utiliza os chamados lixões, nos quais tudo é lançado a céu aberto e para os quais, segundo se estima, destinam-se 40% de todo o lixo do País.

A persistência de lixões, nos quais proliferam vetores de doenças e produtos que contaminam o ambiente, contraria a Lei 12.305/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos, que determinou sua total erradicação, em todo o Brasil, até agosto de 2014. Não obstante a vontade política, dificilmente chegaremos lá, pois a maioria das prefeituras não tem recursos para fazer a recuperação das áreas contaminadas, a implantação dos aterros sanitários adequados e nem mesmo a elaboração dos Planos Municipais de Resíduos exigidos pela citada norma federal. Estados e a União, em meio à crise fiscal do setor público, também não têm conseguido fazer aportes financeiros nessa área.

O estudo das Nações Unidas é muito pertinente, pois o problema é grave em numerosas regiões do Planeta. Mais preocupante ainda é o fato de que esse gargalo deve aumentar, considerando que a expansão das cidades e o crescimento demográfico são mais rápidos do que as soluções. A própria ONU acaba de atualizar seus estudos populacionais, ratificando projeções anteriores de que, até 2050, o mundo terá mais de nove bilhões de habitantes, ante os sete bilhões atuais. Ou seja, em três décadas teremos mais dois bilhões de pessoas produzindo resíduos sólidos. É preciso considerar, ainda, a grande concentração populacional nas cidades, criando-se imensa demanda ambiental no meio urbano.

Soma-se à questão do lixo, o gargalo relativo à água e ao esgoto. Tive acesso a dados divulgados por Pedro Scazufca, diretor da GO Associados, que relatam o atraso brasileiro de 20 anos no cumprimento da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Saneamento Básico de 2007, de universalização do fornecimento desses sistemas. Somente 52% dos domicílios brasileiros têm coleta de esgotos e deste montante apenas 45% são tratados. Para a universalização do serviço, seriam necessários investimentos de R$ 20 bilhões anuais, mas o aporte tem sido de apenas R$ 12 bilhões.

Fica muito claro em tudo isso, no nosso país e várias outras nações em desenvolvimento, que a expansão das cidades dá-se de maneira desorganizada e com insuficiente planejamento. É por isso que, mesmo em períodos de crescimento econômico, estamos sempre correndo atrás do prejuízo, tentando mitigar o déficit de coleta e destinação correta do lixo, moradia, saneamento básico, transportes, atendimento médico-hospitalar, segurança pública e educação.

Como se observa, o problema é muito mais amplo, exigindo a adoção de políticas públicas articuladas e sinérgicas, capazes de levar as cidades, nas quais vive a grande maioria da população, ao desenvolvimento sustentável e planejado. Se não temos os recursos para erradicar os lixões em curto prazo, podemos, pelo menos, investir em programas educacionais para evitar a geração de lixo e/ou para seu reaproveitamento, por meio da reciclagem. Eis aí um instigante desafio ambiental para o novo presidente da República, Jair Bolsonaro, governadores e legislaturas estaduais e federais que nos governarão a partir de 2019.







Luiz Augusto Pereira de Almeida - diretor da Fiabci/Brasil e diretor de Marketing da Sobloco Construtora.



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