12/10 – Dia da Criança
As alergias são uma resposta do sistema imunológico a substâncias estranhas ao corpo, chamadas de alérgenos, que podem desencadear uma série de sintomas, em alguns casos, graves. Na infância, a alergia alimentar e a rinite são as mais prevalentes.
Dr. Bruno Acatauassu
Paes Barreto, Coordenador do Departamento Científico de Alergia na Infância e
Adolescência da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI),
explica que a alergia alimentar ocorre quando o sistema imunológico
reage exageradamente à proteína de certos alimentos, como leite, ovos,
amendoim, trigo e frutos do mar.
O especialista
conta que no Brasil não há estatísticas oficiais, porém, a prevalência parece
se assemelhar à literatura internacional, que mostra cerca de 8% das crianças
com até dois anos de idade sofrendo algum tipo de alergia alimentar.
“Os sintomas são
bastante variados e podem se manifestar de forma cutânea (placas vermelhas,
inchaço de olhos, bocas e orelhas, coceira); gastrointestinais (diarreia e
vômitos); respiratória (falta de ar e chiado no peito); e cardiovasculares
(queda da pressão arterial e anafilaxia)”, detalha Dr. Paes Barreto.
A seguir, Dr. Bruno explica quais os outros tipos de alergias mais
comuns na faixa etária infantil:
Ácaros
- Podem causar sintomas como espirros,
irritação nos olhos e coriza. Em crianças com asma e rinite alérgicas, os
ácaros são um fator determinante para o desencadeamento das crises. O
tratamento pode envolver o uso de anti-histamínicos, corticosteroides nasais e
medidas de controle ambiental para manter a casa livre de alérgeno.
Asma – Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), a
asma atinge cerca de 235 milhões de pessoas em todo o planeta. Só no Brasil, a
doença afeta aproximadamente 20% das crianças e adolescentes. Estudos apontam
que a asma é responsável pela morte de dois milhões de pessoas no mundo.
Responsável pela
quarta causa de internação e pela morte de duas mil pessoas por ano no Brasil,
a asma é definida como uma obstrução brônquica, geralmente ocasionada por um
processo inflamatório. A asma pode ser alérgica e não alérgica. A mais comum e
que atinge principalmente as crianças é a asma alérgica, desencadeada pelos
alérgenos inalantes como poeira, ácaros, fungos e pólen.
Rinite
Alérgica – Não é contagiosa e os sintomas
são crises de espirros, coriza clarinha, coceira no nariz (podendo atingir
também os olhos, ouvidos e a garganta) e entupimento nasal.
Uma criança com
pais alérgicos terá aumentada de 50% a 70% a chance de desenvolver uma doença
respiratória, inclusive rinite alérgica. No Brasil, um estudo do International
Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) mostrou
frequência média de 12,5% de rinite entre crianças de 6 e 7 anos e de cerca de
20% em adolescentes com idades de 13 a 14 anos. A incidência progride até a
adolescência, fase da vida em que pode afetar até 25% da população.
Dermatite
Atópica – É mais comum na infância e cerca de 60%
dos casos ocorrem no primeiro ano de vida, com melhora gradual até o final da
infância. Caracteriza-se por um processo inflamatório da pele com períodos
alternados de melhora e piora. Não é contagiosa, tem carácter
genético, e, é comum preceder a asma e a rinite. Outros fatores podem
desencadear a dermatite atópica, entre eles estão os alimentos, aeroalérgenos
(ácaros, fungos, epitélio de animais), perfumes e suor.
Urticária
– Manifesta-se com manchas vermelhas,
coceira e, em alguns casos, inchaços, chamados também de angioedema. O
tratamento geralmente envolve o uso anti-histamínicos e os corticoides por via
oral, por períodos curtos.
Para todas as
alergias descritas acima, quando de difícil controle, em casos graves, já
existe a possibilidade do uso de imunobiológicos. Nestes casos, o especialista
pode orientar o manejo para as melhores opções.
“É importante
considerar que algumas alergias infantis podem ser superadas com o tempo, na
medida em que o sistema imunológico da criança amadurece. No entanto, outras
podem persistir até a idade adulta”, comenta o Coordenador da ASBAI.
Portanto, é fundamental consultar um médico especializado em Alergia Imunologia para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado. Além disso, a prevenção desempenha um papel crucial na gestão das alergias na infância.
ASBAI - Associação Brasileira de Alergia e Imunologia
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