O aumento de casos de câncer de mama em mulheres abaixo de 35 anos preocupa especialistas, que ressaltam a importância do diagnóstico precoce devido à maior agressividade dos tumores
O câncer de mama, tradicionalmente mais associado a
mulheres com mais de 50 anos, vem crescendo de maneira preocupante entre as
jovens. Dados de 2022 da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) mostram que a
incidência da doença em mulheres com menos de 35 anos subiu para 5%, quando em
anos anteriores essa faixa representava apenas 2% dos diagnósticos.
“Esse aumento é alarmante, especialmente porque os
tumores em mulheres jovens tendem a ser mais agressivos e de difícil
tratamento”, alerta a Dra. Giovanna Azevedo Gabriele Carlos, mastologista da
Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
A especialista destaca que, em jovens, o tipo de
tumor mais comum é o triplo-negativo, que não responde a terapias hormonais e
tem uma evolução rápida. “Esse tipo de câncer cresce em um ritmo acelerado e
muitas vezes exige tratamentos invasivos como quimioterapia mais intensa e, em
alguns casos, a mastectomia”, explica a médica.
Além disso, um estudo do Instituto do Câncer (INCA)
revela que o número de mulheres jovens diagnosticadas com câncer de mama tem
crescido de forma alarmante desde 2009. Naquele ano, 7,9% das pacientes tinham
menos de 40 anos, enquanto, em 2020, esse número saltou para 21,8% – um aumento
de 14,8% em apenas uma década. “Esses números indicam uma mudança no perfil das
pacientes, o que exige maior atenção no diagnóstico precoce e na
conscientização”, afirma a Dra. Giovanna.
Fatores de risco em mulheres
jovens
Os hábitos de vida são apontados como um dos
principais fatores para o aumento de casos entre jovens. “Hoje, vemos mulheres
adiando a maternidade, adotando dietas desequilibradas e tendo rotinas mais
sedentárias. Esses fatores, aliados a um histórico familiar de câncer, aumentam
significativamente o risco”, destaca a especialista. Além disso, o consumo de
álcool, tabagismo precoce, obesidade e a exposição à radiação, bem como a
presença de mutações genéticas nos genes BRCA1 e BRCA2, também são fatores de
risco importantes.
O desafio do diagnóstico
precoce
O diagnóstico precoce é um dos maiores desafios no
combate ao câncer de mama em mulheres jovens. “Como a mamografia é recomendada
apenas para mulheres acima dos 40 anos, muitas jovens só descobrem a doença em
estágios mais avançados”, diz a Dra. Giovanna. Isso também ocorre porque o
tecido mamário das jovens é mais denso, dificultando a detecção de nódulos
tanto no autoexame quanto nos exames de imagem.
No entanto, a especialista reforça a importância de
estar atenta aos sinais do corpo. “É crucial que as mulheres conheçam suas
mamas e se toquem, e busquem orientação médica ao perceber qualquer alteração
nas mamas, como nódulos, mudanças na textura da pele ou secreção nos mamilos”,
orienta.
Para mulheres com histórico familiar, a
recomendação é iniciar o rastreamento antes dos 40 anos, com exames
complementares como ultrassonografia ou ressonância magnética. “Se a mãe ou a irmã
foi diagnosticada com câncer de mama aos 40, a filha ou irmã deve começar a
fazer os exames por volta dos 30 anos”, explica a mastologista.
Conscientização no Outubro
Rosa
O movimento Outubro Rosa é fundamental para alertar
sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, sobretudo entre as
jovens. “As mulheres jovens costumam não se enxergar como parte do grupo de
risco, mas é essencial quebrar esse mito”, afirma a Dra. Giovanna. Além disso,
ela ressalta que a adoção de hábitos saudáveis, como uma alimentação
equilibrada, prática regular de exercícios físicos e evitar o consumo de álcool
e tabaco, são essenciais para reduzir o risco de desenvolver a doença.
“O aumento de casos em mulheres jovens é uma
realidade que precisa ser enfrentada com medidas redutoras de risco e exames
periódicos”, diz a especialista. “Embora o câncer de mama em jovens seja
geralmente mais agressivo, a conscientização e o diagnóstico precoce podem
aumentar significativamente as chances de cura”, conclui a Dra. Giovanna Gabriele.
Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo
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