Estudos recentes
apontam que a alimentação pode contribuir para 30% a 50% dos novos casos de
câncer de mama diagnosticadosAngiola Harry
Quando falamos de saúde, especialmente sobre câncer
de mama, a alimentação pode ser tanto uma inimiga quanto uma aliada nesse
processo. Pesquisas recentes, divulgadas pelo American Institute for Cancer
Research, apontam que uma dieta saudável, associada à atividade física regular e
à manutenção de um peso adequado, pode prevenir até 28% dos casos de câncer de
mama no Brasil. Por outro lado, hábitos alimentares inadequados, combinados ao
sedentarismo e à obesidade, podem aumentar o risco de desenvolvimento ou
agravamento da doença em até 40%.
Por essa razão, uma boa alimentação tem um papel
crucial não só na prevenção da doença, mas também no auxílio ao tratamento.
“Quando falamos de alimentação, ela pode ser tanto nossa aliada quanto nossa
inimiga. Hoje sabemos, por exemplo, que certos alimentos, quando consumidos em
quantidades específicas, contribuem para reduzir o risco de doenças, como no
caso do câncer de mama. Da mesma forma, outros tipos de alimentos, quando
ingeridos em excesso, aumentam as chances de desenvolvimento da doença”,
esclarece a nutricionista e pesquisadora Aline Quissak.
Abaixo, você confere uma lista preparada pela
especialista com alimentos que podem e devem ser consumidos durante o tratamento,
e aqueles que devem ser evitados.
Alimentos que auxiliam na
prevenção e no tratamento do câncer de mama:
- Vegetais
Crucíferos (brócolis, couve-flor, couve-de-bruxelas, couve):
Quantidade e frequência: consumir pelo menos 1 xícara (cerca de 150g) de vegetais crucíferos de
3 a 5 vezes por semana pode diminuir o risco de câncer de mama em até 30%.
Tempo de consumo: os efeitos protetores são observados em indivíduos que mantêm esse
padrão alimentar por períodos superiores a 6 meses.
- Frutas
Vermelhas (morango, amora, mirtilo):
Quantidade e frequência: consumir de 1 a 2 xícaras (cerca de 150-200g) de frutas vermelhas
frescas diariamente para maximizar os efeitos antioxidantes e anticancerígenos.
Tempo de consumo: o consumo regular por mais de 12 meses está associado a uma redução
significativa nos marcadores inflamatórios relacionados ao câncer de mama.
- Chá
Verde:
Quantidade e frequência: beber de 3 a 5 xícaras de chá verde por dia, totalizando cerca de
500-800ml, pode reduzir em até 20% o risco de câncer de mama.
Tempo de consumo: o consumo regular por mais de 12 meses está associado a uma redução
significativa do risco de câncer.
- Soja
Fermentada (tofu, miso, tempeh):
Quantidade e frequência: o consumo de 50-100g de soja fermentada, de 3 a 4 vezes por semana,
está associado a uma redução do risco de câncer de mama, especialmente em
mulheres na pós-menopausa.
Tempo de consumo: os benefícios foram mais evidentes em mulheres que mantiveram o consumo
por períodos superiores a 2 anos.
- Azeite
de Oliva Extra Virgem:
Quantidade e frequência: consumir de 2 a 3 colheres de sopa (cerca de 30-45ml) de azeite de
oliva extravirgem diariamente, como parte de uma dieta mediterrânea, reduz em
até 28% o risco de câncer de mama.
Tempo de consumo: para atingir esses efeitos, é recomendável
seguir esse padrão por pelo menos 5 anos.
- Cúrcuma:
Quantidade e frequência: a ingestão de 1 a 2g de cúrcuma em pó diariamente (equivalente a cerca
de 1 colher de chá) tem demonstrado, em ensaios clínicos, diminuir a
proliferação de células cancerígenas.
Tempo de consumo: o consumo diário por um período mínimo de 6 meses é necessário para que
os efeitos anti-inflamatórios e anticancerígenos sejam percebidos.
Alimentos associados ao aumento
do risco de câncer de mama:
- Carnes
Processadas (bacon, salsicha, presunto)
Quantidade e frequência: o consumo de mais de 50g de carnes processadas por dia (equivalente a
uma fatia de bacon, 3 fatias de presunto ou peito de peru, ou uma salsicha) aumenta
o risco de câncer de mama em até 21%.
Tempo de consumo: esse risco é maior em indivíduos que mantêm esse consumo por mais de 5
anos.
2.
Álcool:
Quantidade e frequência: consumir mais de 1 bebida alcoólica por dia (equivalente a 150ml de
vinho ou 350ml de cerveja) aumenta o risco de câncer de mama em até 12%.
Tempo de consumo: o risco cumulativo é especialmente preocupante em mulheres que consomem
álcool regularmente por períodos superiores a 10 anos.
3. Gorduras Trans (presentes em alimentos industrializados e frituras):
Quantidade e frequência: consumir alimentos contendo mais de 2g de gorduras trans diariamente,
presentes em frituras e produtos industrializados, aumenta o risco de câncer de
mama, conforme indicado em estudos.
Tempo de consumo: os efeitos nocivos se acumulam em mulheres que mantêm uma dieta rica em
gorduras trans por mais de 3 anos.
4. Açúcar
Refinado:
Quantidade e frequência: a ingestão diária de mais de 50g de açúcar refinado (equivalente a um
refrigerante e um doce por dia) está associada a um aumento de até 27% no risco
de câncer de mama.
Tempo de consumo: o risco é mais evidente em pessoas que seguem esse padrão alimentar por
mais de 5 anos.
Obesidade e câncer
de mama
Ainda segundo a profissional, o consumo excessivo
de açúcar e alimentos industrializados está diretamente ligado ao aumento de
peso e à obesidade, que é um dos maiores fatores de risco para o câncer de
mama, especialmente em mulheres na pós-menopausa. “O excesso de peso provoca um
ambiente altamente inflamatório no corpo, aumentando também os níveis de
estrogênio, e esses são dois fatores significativos para o desenvolvimento de
tumores mamários, especialmente em mulheres na menopausa, já que, nesse
período, os níveis de estrogênio são significativamente afetados”, alerta.
Manter uma dieta rica em alimentos anti-inflamatórios,
antioxidantes e ricos em fitoquímicos, nas quantidades e frequências
recomendadas, pode ser uma estratégia eficaz para a prevenção do câncer de
mama. Evitar alimentos processados, o consumo excessivo de álcool, açúcar
refinado e gorduras trans é fundamental para minimizar os riscos e/ou auxiliar
no tratamento da doença.
Aline Quissak - nutricionista
com 9 especializações no Canadá e Estados Unidos, pesquisadora científica em
alimentos terapêuticos aplicados tanto na saúde quanto em doenças. É mestre em
nutrição genética na Espanha, com de mais de 8 mil pacientes no Brasil e
exterior. Para mais informações acesse suas redes sociais @nutri_secrets ou o
site https://clinicanutrisecrets.com/
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