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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Estudo revela que é possível construir resiliência ao ver de perto o perigo e essa capacidade pode prevenir a depressão


Um estudo inovador realizado pela Universidade de Lausanne (UNIL), na Suíça, conseguiu decifrar os mecanismos cerebrais que constroem a resiliência ao se deparar com uma situação de perigo.

A comprovação foi publicada recentemente na revista científica Science, e o artigo revela descobertas promissoras que podem ter implicações significativas para a compreensão dos fatores que contribuem para a resiliência em humanos depois de observarem a reação de camundongos ao verem seus companheiros de gaiola em situações de perigo. 

O comportamento dos animais sugere que a simples exposição à adversidade alheia pode, de fato, fortalecer os mecanismos cerebrais envolvidos na resiliência. O estudo demonstrou que camundongos que viram seus companheiros em perigo exibiram uma resposta neural aumentada na região do cérebro responsável pela regulação emocional e pelo aprendizado social, áreas também envolvidas em como os humanos processam o estresse. 

De acordo com o neurocirurgião, neurocientista e professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP, Dr. Fernando Gomes, esses achados abrem novas perspectivas sobre como a empatia e a observação de adversidades podem impactar o comportamento e o bem-estar mental. "Entender os mecanismos que reforçam a resiliência através da observação é fundamental para explorar novas abordagens terapêuticas para prevenir doenças neuropsiquiátricas, como a depressão e o transtorno de estresse pós-traumático", afirma o especialista. 

O estudo é pioneiro ao demonstrar que, em roedores, a simples observação pode ter um efeito protetor contra o surgimento de condições neuropsiquiátricas. O grupo de pesquisa identificou que os camundongos expostos ao sofrimento de outros apresentaram menor probabilidade de desenvolver sintomas de depressão, um achado que sugere a possibilidade de que a resiliência pode ser, ao menos em parte, aprendida através da experiência indireta. 

Esses resultados abrem uma janela promissora para o desenvolvimento de intervenções em saúde mental que aproveitem o aprendizado social e a observação de adversidades como ferramentas de fortalecimento emocional. Em humanos, intervenções que envolvam a observação de outras pessoas superando dificuldades podem se tornar uma via de prevenção de transtornos mentais graves.
 

Estudo: Link


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