Enfermidade é o segundo tumor mais frequente em
mulheres e deve ser prevenido por todas as pessoas que possuem tecido mamário
O
mês de outubro é marcado pela campanha de conscientização para o controle do
câncer de mama. A doença, que é o segundo tumor mais frequente em mulheres,
ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma, deve ser uma preocupação
não somente para mulheres cisgênero – aquelas que se identificam com o gênero
de nascença –, mas para todas as pessoas que possuem tecido mamário, incluindo
mulheres e homens transgêneros – indivíduos que não se identificam com o gênero
atribuído ao nascer.
Um estudo publicado na British Medical Journal em 2019, envolvendo 2.260
mulheres trans e 1.229 homens trans, identificou 15 casos de câncer de mama no
público feminino e quatro casos no masculino. A professora do curso de
Enfermagem da Universidade Veiga de Almeida (UVA) Abilene Gouvea destaca que o
tratamento hormonal com estrogênio, utilizado para provocar as mudanças
físicas, é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de mama.
“Após o início do tratamento hormonal a mulher trans precisa ter tanto cuidado
quanto uma mulher cis em relação à doença, realizando o rastreamento e a
prevenção”, ressalta.
No caso dos homens trans, a mastectomia – cirurgia de retirada dos seios –
reduz o risco de aparecimento de câncer de mama, mas isso não significa que não
haja probabilidade de desenvolvimento de tumores, já que existe tecido mamário
no prolongamento axilar ou em áreas próximas da região retirada. “O risco
diminui cerca de 90%, mas ainda assim é importante ficar atento aos sinais de
anormalidade, principalmente se esse homem trans tiver por exemplo um marcador
genético para a doença”, alerta a professora da UVA.
Abilene
também adverte que para todos os casos o diagnóstico precoce é a chave para a
prevenção. Por isso, é fundamental conhecer seu corpo e estar atento ao
aparecimento de nódulos, saída de secreção sanguinolenta das mamas, lesões que
não cicatrizam, pontos endurecidos, pele da mama com aspecto de casca de
laranja, alterações no tamanho, entre outros. “Essas mudanças podem não
representar o desenvolvimento de câncer em si, mas precisam ser investigadas
via rastreamento clínico ou mamografia, a depender da idade, ou
ultrassonografia”, recomenda a especialista.
A
docente da Veiga de Almeida enfatiza a importância do exame clínico periódico
das mamas como melhor forma de prevenção. O Ministério da Saúde recomenda a
realização de uma mamografia a cada dois anos entre os 50 e 69 anos. Já a
Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) indica o exame anual a partir dos 40
anos. “Independentemente da idade, se apresentar qualquer uma das alterações
corporais mencionadas anteriormente, procure o serviço de saúde mais próximo
para que o caso seja investigado e tratado o mais rápido possível”, aconselha
Abilene.
Para
a professora é necessário ampliar o debate sobre o câncer de mama para além da
realização do exame clínico das mamas. A adoção de hábitos saudáveis, como o
consumo de frutas, legumes e verduras, redução da ingestão de carnes vermelhas
ou processadas e de bebidas alcoólicas ajudam a prevenir tumores em qualquer
parte do corpo. “De modo geral, atividades físicas somadas a uma alimentação
balanceada contribuem para diminuição das chances de contração do câncer”,
explica.
Segundo
ela, é fundamental que os centros de saúde sejam acolhedores e seguros para que
todos os indivíduos possam procurar esses serviços e realizar o tratamento de
forma menos dolorosa. “É importante que a população trans se sinta incluída,
acolhida e respeitada. É necessário realizar campanhas de divulgação sobre a
prevenção correta do câncer de mama para esse público e respeitar o nome social
e os pronomes durante as consultas e tratamento”, finaliza.
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