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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Câncer de mama: veja como a doença se manifesta em pessoas trans

Enfermidade é o segundo tumor mais frequente em mulheres e deve ser prevenido por todas as pessoas que possuem tecido mamário
 

O mês de outubro é marcado pela campanha de conscientização para o controle do câncer de mama. A doença, que é o segundo tumor mais frequente em mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma, deve ser uma preocupação não somente para mulheres cisgênero – aquelas que se identificam com o gênero de nascença –, mas para todas as pessoas que possuem tecido mamário, incluindo mulheres e homens transgêneros – indivíduos que não se identificam com o gênero atribuído ao nascer.

Um estudo publicado na British Medical Journal em 2019, envolvendo 2.260 mulheres trans e 1.229 homens trans, identificou 15 casos de câncer de mama no público feminino e quatro casos no masculino. A professora do curso de Enfermagem da Universidade Veiga de Almeida (UVA) Abilene Gouvea destaca que o tratamento hormonal com estrogênio, utilizado para provocar as mudanças físicas, é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de mama. “Após o início do tratamento hormonal a mulher trans precisa ter tanto cuidado quanto uma mulher cis em relação à doença, realizando o rastreamento e a prevenção”, ressalta.

No caso dos homens trans, a mastectomia – cirurgia de retirada dos seios – reduz o risco de aparecimento de câncer de mama, mas isso não significa que não haja probabilidade de desenvolvimento de tumores, já que existe tecido mamário no prolongamento axilar ou em áreas próximas da região retirada. “O risco diminui cerca de 90%, mas ainda assim é importante ficar atento aos sinais de anormalidade, principalmente se esse homem trans tiver por exemplo um marcador genético para a doença”, alerta a professora da UVA. 

Abilene também adverte que para todos os casos o diagnóstico precoce é a chave para a prevenção. Por isso, é fundamental conhecer seu corpo e estar atento ao aparecimento de nódulos, saída de secreção sanguinolenta das mamas, lesões que não cicatrizam, pontos endurecidos, pele da mama com aspecto de casca de laranja, alterações no tamanho, entre outros. “Essas mudanças podem não representar o desenvolvimento de câncer em si, mas precisam ser investigadas via rastreamento clínico ou mamografia, a depender da idade, ou ultrassonografia”, recomenda a especialista. 

A docente da Veiga de Almeida enfatiza a importância do exame clínico periódico das mamas como melhor forma de prevenção. O Ministério da Saúde recomenda a realização de uma mamografia a cada dois anos entre os 50 e 69 anos. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) indica o exame anual a partir dos 40 anos. “Independentemente da idade, se apresentar qualquer uma das alterações corporais mencionadas anteriormente, procure o serviço de saúde mais próximo para que o caso seja investigado e tratado o mais rápido possível”, aconselha Abilene. 

Para a professora é necessário ampliar o debate sobre o câncer de mama para além da realização do exame clínico das mamas. A adoção de hábitos saudáveis, como o consumo de frutas, legumes e verduras, redução da ingestão de carnes vermelhas ou processadas e de bebidas alcoólicas ajudam a prevenir tumores em qualquer parte do corpo. “De modo geral, atividades físicas somadas a uma alimentação balanceada contribuem para diminuição das chances de contração do câncer”, explica. 

Segundo ela, é fundamental que os centros de saúde sejam acolhedores e seguros para que todos os indivíduos possam procurar esses serviços e realizar o tratamento de forma menos dolorosa. “É importante que a população trans se sinta incluída, acolhida e respeitada. É necessário realizar campanhas de divulgação sobre a prevenção correta do câncer de mama para esse público e respeitar o nome social e os pronomes durante as consultas e tratamento”, finaliza.

 

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