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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

5 dificuldades pós pandemia para crianças e adolescentes

Nos últimos meses, houve um processo de flexibilização da quarentena e retorno de alguns comércios e serviços. Com essa flexibilização, percebeu-se algumas dificuldades de adaptação das crianças e adolescentes nesse “novo normal”. 

A neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto, enfatiza que essa realidade que se apresenta agora precisa da criação de novos hábitos e isso requer treinamento, orientação e paciência. "Todos precisaremos nos habituar a situações que nunca passamos antes”. 

Bárbara separou algumas dessas adaptações do “novo normal” para falar das dificuldades e orientar os pais.

 

1) Uso de máscaras: é obrigatória e imprescindível como proteção da contaminação da Covid-19, então precisa se tornar a nossa companheira de todos os momentos, como o celular. Importante orientar e supervisionar as crianças sobre o uso correto cobrindo o nariz e a boca, como guardar e lavar, sobre não ficar colocando as mãos ou tirando. O ideal é a família iniciar o treino em casa mesmo, onde todos os membros colocam as máscaras e passam um tempo em treinamento. “Estamos muito tempo em casa e não temos a prática do uso das máscaras. Ela precisa ser adquirida no dia a dia através de tempo de uso e treinamento das orientações básicas”, reforça a psicóloga.

 

2) Lavar as mãos: esse é um hábito que até já tínhamos antes da pandemia, mas com certeza, em grau de frequência bem menor do que precisamos ter agora. Lavar as mãos e usar álcool nas mãos é uma das melhores maneiras de prevenir o contágio, então precisamos reforçar o hábito da frequência e da lavagem adequada. “As crianças precisam entender o momento de lavar as mãos e a maneira certa, lavando todos os dedos, unhas, lados das mãos e incluir os braços”, orienta a psicóloga Bárbara Calmeto.

 

3) Distanciamento social: esse provavelmente é o novo hábito mais difícil que os brasileiros estão enfrentando, pois sempre fomos conhecidos pelo “povo caloroso que somos”. 

“Nossa cultura é do abraço, do aperto de mão, do contato físico, na aglomeração, e as crianças/adolescentes estão sentindo muito esse distanciamento social, em especial, dos amigos e familiares”, reflete a psicóloga. Por isso, é um dos hábitos que precisamos de orientação dos pais, supervisão e paciência para os esquecidos. Ajude um ao outro a lembrar dos novos cumprimentos (cotovelos ou pés) e tentar a aproximação virtual através das reuniões online.

 

4) Vacina: essa é a esperança de um mundo melhor nesse momento. Todos os olhos e pesquisas estão voltados para a vacina que vai, enfim, dar esperando de voltar ao normal. Porém, tomar vacina pode ser traumatizante para algumas crianças e ainda temos outras que têm alergias aos componentes das vacinas. Então, seja mais uma vez paciente! Não fique falando muito sobre isso e quando falar enfatize as propriedades benéficas que teremos com essa vacina. 

 

5) O “novo normal”: a grande verdade é que não sabemos se tudo vai realmente voltar como foi antes e essa incerteza de como e quando voltaremos ao normal traz muita ansiedade. Se você está percebendo seu filho (a) mais ansioso, comendo mais, roendo as unhas, com dificuldades para dormir ou se concentrar nos estudos, busque alternativas de trazer alegria e criatividade para os seus dias. Vários estudos vêm demonstrando que as crianças estão mais ansiosas com a quarentena e o distanciamento dos amigos. “Faça uma rotina com atividades divertidas e variadas, incluindo jogos, atividades físicas, pinturas, músicas e tudo mais que a família gosta. Tire as crianças da internet um pouco, diminua o acesso às telas”, orienta a psicóloga Bárbara Calmeto.

 

 

 

Bárbara Calmeto - psicóloga cognitivo-comportamental, neuropsicóloga pela Santa Casa de Misericórdia RJ, especialista em Análise do Comportamento Aplicada para pessoas com autismo e deficiência intelectual, especialista em Educação Especial com diversos cursos nas áreas de autismo, síndrome de Down, habilidades sociais, testes psicológicos e adaptação curricular. Possui 13 anos de experiência clínica, atendendo pessoas com atraso no desenvolvimento, desce bebês até idosos.

 

Trabalho voluntário traz felicidade?


Distribuir alimentos para moradores de rua, arrecadar agasalhos e roupas de inverno, dar aulas online em um cursinho pré-vestibular para alunos de baixa renda são atitudes que fazem diferença para quem é beneficiado. Segundo a ciência, quem realiza atos de caridade também é favorecido, com uma generosa dose de felicidade que o próprio sistema nervoso começa a produzir.

A felicidade sempre foi um tema que me intrigou, a ponto de me motivar a estudar a Ciência da Felicidade e a Psicologia Positiva de Martin Seligman. Nas minhas aulas sobre o tema na PUC de Minas Gerais, sempre questiono os meus alunos sobre "o que é ser feliz?” As respostas geralmente são relacionadas a viagens, carros e objetos de luxo. Mas a felicidade realmente se trata sobre ter?

Um estudo desenvolvido pela Universidade de Michigan aponta que um dos caminhos para o equilíbrio da saúde mental é o voluntariado. Quando nos dedicamos a uma atividade que, muitas das vezes, nos exige “apenas” amor e tempo, nem imaginamos que os grandes privilegiados somos nós, pois também estamos colaborando para a produção de substância que nos proporcionam bem-estar.

O que nos faz sentir felizes são os neurotransmissores da felicidade (serotonina, dopamina, endorfina e ocitocina), que navegam pelo nosso corpo causando uma verdadeira festa! E de onde vêm? Como são produzidos? Será que essa sensação de plenitude – a energia positiva – é ativada por qualquer estímulo? Na verdade, em um organismo saudável, é o nosso comportamento que dita o ritmo dessa dança.

Quando damos dinheiro, recursos, tempo e atenção, situações em que fazemos o bem ao próximo, o cérebro entende esse ato como um comportamento gerador desses neurotransmissores. De acordo com a Ciência da Felicidade, cinco pilares comportamentais são ativados quando realizamos caridade ou trabalho voluntario, vamos a eles:


Propósito

Em uma sociedade na qual uma boa vida equivale a ter um ótimo emprego e adquirir patrimônios, dedicar um momento para visitar um asilo ou uma casa lar vai contra o lema “tempo é dinheiro”. Por isso, o primeiro pilar ativado no trabalho voluntário é o propósito. Esse comportamento nos faz sentir útil para o mundo e às pessoas. Essa sensação ao ajudar alguém é tão poderosa que até torna as nossas deficiências menores. 


Realizações

Uma vez que estamos envolvidos nessa causa, passamos a dar valor para o segundo pilar: as realizações. Maior parte do tempo, o cérebro automaticamente nos compara aos outros, ainda mais se estamos navegando nas redes sociais. Não importa o quão bom sejamos, ou o que já conquistamos, parece que sempre estamos por baixo. Como consequência, nos tornamos indivíduos mais materialistas. Isso faz com que, de certa forma, desvalorizemos a vida.

Essa sensação, porém, não acontece com o trabalho voluntário. Nele percebemos tanto a ausência de terceiros quanto o poder transformador da nossa atitude. O parâmetro de comparação muda totalmente, já que conhecemos pessoas vivendo com tão pouco.


Emoções Positivas

Nesse momento acontece a virada de chave que ativa o terceiro pilar: emoções positivas. Para mim, é a parte mais incrível desse processo porque envolve gratidão. É quando você se sente grato por tudo o que tem e pela oportunidade de usar essas realizações para ajudar outras pessoas que precisam de apoio.


Presença Plena

Geralmente, quem faz voluntariado sente o tempo passar voando. O comprometimento que a ocasião exige nos leva para o quarto pilar, que é a presença plena, capaz até de diminuir a importância e o tamanho dos problemas, Ficamos tão envolvidos com o “agora”, que não sobra espaço para preocupações futuras – a ansiedade -  e nem permite focar nas mágoas, culpas e traumas do passado, que podem nos levar a um quadro de depressão.


Relacionamentos de qualidade

Depois de passar por todas as etapas, chegamos no último pilar da felicidade: os relacionamentos de qualidade. Mais do que nunca, valorizamos essas pessoas em situação de vulnerabilidade porque percebemos o quão difícil é conseguir se manter em pé sem o auxílio de amigos e da família. Esse movimento nos faz, de fato, enxergar quem nos faz bem e torce pela gente, preenchendo nossa mente com muito amor e, claro, felicidade.

Quando alguém chega até mim, em aulas, cursos ou consultorias, me perguntando sobre como lidar com determinado problema, eu lhe convido a estabelecer uma rotina de voluntariado. Porque a ciência nos garante que essas atividades colocam os neurotransmissores da felicidade para trabalhar.

É tudo uma reação em cadeia. Ao estarmos mais felizes e saudáveis, teremos mais energia, menos emoções e pensamentos negativos. Assim, conseguiremos focar no que é bom e adquirir hábitos que tornem o mundo um lugar melhor, inspirando outras pessoas a fazerem o mesmo.

Caridade, doação e trabalho voluntário são uma poderosa terapia. Agora você já sabe que, cientificamente, vai fazer sua vida mais feliz! E aí, já reservou um espaço na sua agenda para o voluntariado?

 




Renner Silva - Professor da PUC Minas Gerais na disciplina de Ciência da Felicidade e Bem-Estar


O estresse no trabalho e o risco da síndrome de Burnout

Empresa é um sistema vivo feito de corpos singulares e não de corpos padronizados


A maioria das empresas lida com suas equipes de trabalho como se elas fossem parte de um corpo único. Todas, obrigatoriamente, devem estar alinhadas ao discurso e às práticas da cultura organizacional - missão, visão e valores. Os empregados que formam estas equipes compartilham desse discurso e prática e, de certa forma, firmam um "pacto" (por meio dos diversos treinamentos e os processos da comunicação) para cumprir a missão organizacional da empresa para a qual trabalham. Nesse ambiente voltado apenas para o objetivo organizacional, não se percebe que o corpo que "veste a camisa única da empresa" é constituído de corpos singulares repletos de histórias, medos e fantasias. Afinal, uma empresa é um sistema vivo feito de corpos singulares e não padronizados pela cultura organizacional no seu modelo de gestão idealizado.

Muitos dos sofrimentos e doenças que hoje se revelam presentes nas relações do trabalho e nos diversos conflitos gerados entre chefia e subordinados poderiam ser amenizados pelo aprendizado de percepção sensória do corpo.

Toda emoção e sentimentos são provocados pelo metabolismo químico e físico de cada corpo. É no nosso sistema nervoso que estão reunidas as informações sobre os ambientes interno e externo do nosso corpo. É ele que comunica e controla nossos movimentos e sensações corporais.

Quando estamos diante de uma ameaça (mostrar nosso desempenho diante das metas estabelecidas, por exemplo), nosso corpo reage, nos prepara para isso, há um estresse. A função do estresse, vale frisar, não é causar doenças; pelo contrário, é nos ajudar a reagir e lutar diante dessa situação para garantir nossa sobrevivência. O corpo providencia o combustível e as ferramentas necessárias: energia, oxigênio, força muscular, resistência à dor para garantir a boa performance na conquista dos objetivos. E não só isso: nos prepara também para o segundo desafio, a divulgação dessas conquistas na reunião de diretoria, diante dos "parceiros competitivos" para garantir sua reputação, credibilidade e deixar sua marca nesse legado.

A reação ao estresse é um sistema poderoso que acentua nossa atenção e mobiliza nosso corpo para lidar com as situações ameaçadoras. Esse sistema começa a causar doenças quando ele é desequilibrado e fica ativado de maneira permanente. Não é normal que esse sistema, planejado para nos proteger, torne-se ele mesmo uma ameaça. Situações ameaçadoras não podem ser permanentes, não fomos preparados para isso. É quando corremos o risco de adquirir a já ligeiramente famosa Síndrome de Burnout. E quando acontece, nem nos damos conta de quando começou.

Não fomos ensinados a observar nossas sensações corpóreas (conforto e desconforto) e compreender que nosso corpo é a nossa própria vida e que possui recursos de alta complexidade para lidar com as adversidades da vida. Só podemos transformar as emoções que nos causam sofrimento se estivermos conscientes da autonomia do nosso corpo.



 

Simone Bambini - doutora e mestre em Comunicação e Semiótica, coordena e leciona no curso de Relações Públicas da FAAP. Terapeuta em Experiência Somática, é também autora do livro "O corpo como posicionamento da marca na comunicação empresarial".


Setembro Amarelo: Campanha visa conscientizar, diminuir e prevenir casos de suicídio


Estamos vivendo tempos de exceção. A pandemia do Coronavírus impôs ao mundo inteiro um longo período de isolamento, agravado pelo medo e a incerteza do que ainda está por vir. O resultado não poderia ser diferente. No Brasil, os casos de ansiedade e estresse mais que dobraram neste período. Segundo um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), os números correspondem à constante sensação de medo e incerteza do futuro, além do acúmulo de tarefas por grande parte das pessoas.

Com todo este cenário, entramos no mês de setembro, mês da campanha de conscientização para o combate ao suicídio, que se configura como a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. No Brasil, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos e no mundo, mais de 1 milhão.

De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 96,8% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos como a depressão, transtorno bipolar e do abuso de substâncias entorpecentes.  E como forma de prevenir esse tipo de ato, a campanha mobilizada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), busca alertar as pessoas sobre o assunto e, principalmente, diminuir e prevenir o crescimento de mais casos.

O suicídio pode ser prevenido. Para isso, é importante atentar-se a alterações de comportamento que a pessoa possa apresentar, como não ver sentido na vida, alteração brusca de humor, nutrir sentimento de vingança, alto nível de ansiedade, se achar um fardo para os outros, ficar mais reclusa e isolada de amigos e familiares, descuidar-se da higiene pessoal, aumentar o consumo de bebidas alcoólicas e usar drogas lícitas e ilícitas, entre outros. Isso não significa que todos que se enquadram nesses quesitos irão um dia cometer suicídio, mas estes sinais não devem ser ignorados.

Para ajudar quem está nessa situação, é necessário estabelecer uma relação de confiança e apoio, apresentando-se com atenção e acolhimento para que a pessoa fale sobre o problema. Além disso, não hesite em procurar ajuda médica psiquiátrica ou psicológica. Em casa, é necessário que a família esteja atenta para controlar o acesso a métodos que podem ser recorridos para cometer o ato como, venenos e arma de fogo, e principalmente, incentivar espaços de promoção a saúde e criação de grupos de apoio e autoajuda em instituições, ONGs, empresas e centros religiosos.

É importante ressaltar que estes devem ser cuidados contínuos e que, tão importante quanto a prevenção, é a posvenção do suicídio – o trabalho de ajudar os “sobreviventes suicidas”. Este tratamento é feito de acordo com um plano terapêutico multidisciplinar para o paciente e para os familiares, que inclui habilidades e estratégias para cuidar e ajudar, informar e prevenir um novo episódio.

 



Dra. Lairtes Julia M. Vidal - psicóloga da IMUVI


Empatia e atenção aos sinais são cuidados fundamentais com a saúde mental na infância

Tema esteve presente no Ciclo de Palestras AMRIGS

 

O Ciclo de Palestras AMRIGS realizou a sua terceira edição do ano falando sobre a saúde mental na infância e os impactos da COVID-19 na mentalidade dos pequenos, que tem sua convivência limitada durante este período de escolas fechadas. O evento ocorreu de forma online na sexta-feira (04/09) às 19h.

Com a pandemia do coronavírus e as medidas de isolamento social, a preocupação com a saúde mental das crianças se intensificou e impôs um desafio aos pais, que precisam redobrar o cuidado e a atenção aos sinais.

A psiquiatra Graziela Smaniotto Rodrigues, que atua na área da Infância e Adolescência em consultório particular e no Hospital Psiquiátrico São Pedro RS, destacou que o momento que vivemos é, de fato, excepcional e está afetando a cabeça das crianças e adolescentes, pois elas não estão "convivendo com seus semelhantes" na fase da vida em que isso é mais essencial.

"A criança tem que brincar. O brincar é a expressão da saúde, da vida, para as crianças e o isolamento social traz sim um sofrimento em relação a isso. Portanto, neste momento, observamos um aumento na demanda emocional nesta faixa etária", explicou.

Segundo Graziela, para identificar que algo não está bem com seus filhos, os pais devem se basear em três itens norteadores na hora de atuar na prevenção: "Perguntar, ouvir e procurar, sempre com empatia, é fundamental e demonstra apoio e compreensão".

De acordo com a médica, existem sinais que são possíveis observar caso um quadro de depressão esteja sendo desenvolvido. "Uma criança ou adolescente que está muito preocupada com a morte, ideias suicidas, tentando entender essas questões de morte, diminuição do autocuidado, hábitos de sono, drogas, uso de álcool e alterações de humor. Todas estas são ações que nos fazem pensar tanto em transtorno suicida ou psiquiatra", indicou.

O tema foi debatido em conjunto com o médico Fernando Godoy Neves, coordenador do Comitê de Prevenção de Suicídio da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS), que chamou atenção para os adolescentes, crianças e idosos estarem entre as faixas etárias mais atingidas mentalmente pela pandemia e pelas restrições impostas pelo isolamento social.

"Na pandemia dois grupos estão sendo mais afetados. Os pequenos de idade escolar, da criança ao adolescente, pela mudança na rotina, nas restrições, e os idosos, por serem de risco. Além disto, os pais e a população em casa, com todo sofrimento, medo, preocupação financeira, impacta no ambiente em que essa criança vem evoluindo. É uma situação realmente delicada", ressaltou.

A atividade, que contou com o apoio da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, foi aberta ao público e transmitida por plataforma digital com a participação de mais de cem pessoas conectadas durante a apresentação. A transmissão ficará disponível no canal do YouTube da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS).


Ciclo de Palestras - Setembro da Pessoa Idosa

A próxima edição do Ciclo de Palestras AMRIGS será dedicada à Pessoa Idosa. O tema do evento será “Depressão, Suicídio e Conscientização sobre Alzheimer”. A atividade está prevista para o dia 15 de setembro, às 19h, com transmissão pelo Sympla Streaming.

 

 


Vítor Figueiró e Marcelo Matusiak


Padre Reginaldo Manzotti desabafa: "Recebo muitos testemunhos pelo rádio de jovens com pensamentos suicidas"


 Apoio psicológico e religioso podem caminhar juntos 
Divulgação / Internet

Apesar do alto índice de suicídio entre os jovens, são os idosos com mais de 70 anos que lideram o ranking no país


Considerado um problema de saúde pública, o suicídio é a única causa de mortalidade que não teve redução no número de casos nos últimos 50 anos. Entre 2000 e 2016, as taxas de suicídio no Brasil aumentaram 73%, passando de 6.780 para 11.736, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. E, de acordo com dados da Organizações das Nações Unidas (ONU), o suicídio é a segunda principal causa de morte entre os jovens de 15 e 29 anos, ultrapassando 800 mil casos por ano em todo o mundo, isto é, uma pessoa comete suicídio a cada quatro segundos.  

Idealizada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) em 2014, a campanha ‘Setembro Amarelo’ é dedicada a conscientização e prevenção ao suicídio. Através de vídeos e debates, a campanha alerta a população sobre a importância de sua discussão. Para o Padre Reginaldo Manzotti, essa campanha alerta a sociedade e apresenta formas para pais e educadores que lidam com jovens a tomarem as medidas necessárias para situações que possam induzir ao suicídio. Recebo muitos testemunhos pelo rádio de, principalmente, jovens com pensamentos suicidas. É um problema muito grave e que precisa da nossa atenção. ” Relata o sacerdote. 

Tratado como tabu, é difícil identificar os fatores e sentimentos que levam uma pessoa a cometer um suicídio. Um aspecto que chama a atenção de diversos especialistas é a dificuldade de realizar um acompanhamento prévio de uma pessoa com intenção de atentar contra a própria vida. 


Idosos

Dados de 2017 divulgados pelo Ministério da Saúde mostraram que os idosos com mais de 70 anos lideram o ranking de suicídio no País, o abandono é uma das principais causas. Com a pandemia esse cenário só tende a piorar, pois os idosos são do grupo de risco da COVID-19 e permanecem isolados e com medo constante da morte. 

Pensando nisso, a Pastoral da Pessoa Idosa da CNBB e a Pascom do Brasil também listaram 10 pequenos gestos que todos nós podemos realizar e ajudar no cuidado com os idosos neste momento de pandemia do coronavírus:

1 – Mantenha os idosos em distanciamento social, para evitar a contaminação; 

2 – Não deixe de dar atenção e verificar todas as necessidades da pessoa idosa; 

3 – Observe se na vizinhança há algum idoso precisando de ajuda e apoio neste momento de dificuldade; 

4 – Utilize as redes sociais e o telefone para monitorar e se fazer presente na vida dos idosos; 

5 – Observe os cuidados do distanciamento e da higienização, como uso de máscaras e álcool em gel; 

6 – Valorize a memória e a importância do idoso. Eles guardam não só lembranças, mas o sentido, o sabor e a cultura da vida; 

7 – Escute os idosos com carinho e mantenha o contato afetivo para não ficarem deprimidos durante o isolamento, pois isso pode afetar sua imunidade; 

8 – Olhe para eles com veneração, amor, respeito e admiração; 

9 – Faça com que se sintam importantes para a família, para não deixar que se sintam descartáveis. Fazer preces e rezar com eles um Pai-nosso e uma Ave Maria pode ser um gesto simples e efetivo para se sentirem fortalecidos; 

10 – Proteja os direitos dos idosos, especialmente a renda a que eles têm direito.


Direção espiritual

Além do atendimento realizado por médicos e especialistas, um envolvimento religioso pode proporcionar uma rede de apoio e apresentar um novo vínculo com a vida. Segundo uma pesquisa divulgada na Revista Contemplação, em 2017, 106 de 141 entrevistas apresentaram uma associação positiva da religiosidade como fator de proteção ao suicídio. 

O Padre Reginaldo Manzotti explica que a religião não deve ser vista como substituta do acompanhamento psicológico, mas isso não significa que não se relacionem. “Todos somos diferentes e cada pessoa reage de uma forma particular diante da dor emocional. Acredito que muitos de nós, em algum momento, já pensamos em dar fim a própria vida. Mas filhos, acreditem, Deus restaura sua força e sua alegria. Ele já pagou um alto preço por nós e quer curar a sua dor. ”

Em situações que apresentem necessidade intervenção, é indicado conversar com tranquilidade. Além de ouvir com a mente aberta, não se deve oferecer julgamentos ou opiniões vazias, pois de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nove em dez casos de suicídios poderiam ser prevenidos.

O atendimento psicológico ou psiquiátrico é oferecido pelo Sistema Único de Saúde, através dos Centros de Atenção Psicossocial. Além disso, o CVV realiza apoio emocional e a prevenção ao suicídio 24 horas por dia, por telefone, e-mail e chat. O atendimento é voluntário e gratuito.


Crianças com TEA: estímulo de habilidades funcionais

O ensino de habilidades funcionais garantem mais autonomia e independência para as pessoas com TEA ou T21 (Síndrome de Down). E, mesmo com mais tempo em casa, é fundamental manter o incentivo a essas práticas na rotina com o objetivo de estimular o desenvolvimento. A neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto destaca que o ensino de tarefas básicas do dia a dia, como vestir-se, tomar banho, escovar os dentes, alimentar-se, calçar-se podem ser um grande desafio para as crianças com atraso no desenvolvimento e, por isso, são habilidades muito importantes de serem ensinadas. Abaixo, ela cita algumas dicas para manter esse estímulo:


🧩 Fazer levantamento do repertório das habilidades


🧩 Identificar o que já sabe fazer e que ainda precisa aprender


🧩 Montar programas de ensinos específicos através do encadeamento de respostas


🧩 Fornecer ajuda, quando necessário


🧩 Dividir uma tarefa maior em tarefas menores


🧩 Manter a pessoa motivada a conquistar autonomia e independência


🧩 Elogiar as conquistas


Que atividades devem ser realizadas? Bárbara indica abaixo:

1. LEITURA: Que tal escolherem um livro que a criança goste e criar uma contação de história especial? Use fantoches, crie personagens, ele vai adorar.
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2. COLE OS GRÃOS: É hora de pegar um punhadinho de feijão, milho e macarrão. Em uma folha desenhe algumas formas e peça para seu filho colar os grãos, no fim peça para que ele remova e separe os grãos por tipo.
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3. NÃO DEIXE A BEXIGA CAIR: Pegue um cobertor da família, encha alguns balões cada integrante da brincadeira fica responsável por uma ponta do pano. O objetivo é não deixá-las escapar enquanto tentam jogá-las para cima.
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4. PESCARIA EM CASA: Pegue uma bacia com água e cubos de gelo, coloque o gelo na bacia e peça para seu filho ou filha pescá-los com uma colher no menor tempo possível, dê um prêmio simbólico para quem conseguir pescar mais rápido.
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5. MASSINHA CASEIRA: Quem não gosta de massinha de modelar? Faça em casa e crie formas. Você vai precisar de 1 xícara de farinha de trigo, 1/2 xícara de chá de sal, corante alimentício ou um pacote de suco para dar cor, +-1/4 de xícara de água, 1 colher de sopa de óleo. Misture os ingredientes secos e depois coloque os líquidos aos poucos até ficar uma massa homogênea.


6. HABILIDADES FUNCIONAIS: Estimule atividades como abrir e fechar zíperes, abotoar e desabotoar camisas, amarrar laços nos tênis.


Em ano de Covid-19, Setembro Amarelo lembra da importância de combater suicídios

Psicóloga diz que pandemia pode potencializar casos de depressão

No mês da campanha de prevenção ao suicídio - setembro -, o Brasil completa seis meses de isolamento social, ainda que parcialmente, devido ao novo coronavírus. A pandemia aumenta a relevância do Setembro Amarelo, já que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma de suas principais causas é a depressão e a doença pode ser agravada pelo distanciamento entre as pessoas.

As estatísticas já mostravam um aumento no número de casos no Brasil antes da chegada da Covid-19. A OMS apontou 6,1 suicídios a cada 100 mil habitantes no país, em 2016, contra 5,7 suicídios em 2010. Considerando que mesmo com as medidas de flexibilização em curso, atividades cotidianas, profissionais e de lazer ainda não foram normalizadas, a psicóloga Claudia Pimentel, afirma que é preciso ter especial atenção às pessoas que apresentam predisposição à depressão e à ansiedade. "O isolamento social potencializa o que já estava acontecendo antes. Se já há questões emocionais com as quais elas têm dificuldades em lidar, com a privação pode piorar", afirma.

Em muitos casos, familiares e amigos se dizem surpresos, mas é possível identificar os sinais da doença. "Isolamento, agressividade, insônia, tristeza e desinteresse de tudo, mesmo das coisas que a pessoa gosta muito, são sinais de depressão. Quando apresenta esse quadro e ainda verbaliza que ‘não aguenta mais viver’, a pessoa pode estar realmente em risco", alerta Claudia.

A profissional ainda destaca que é fundamental não só levar os indícios à sério, mas também estimular conversas mais profundas. "Muitos de nós não prestamos atenção de fato ao que está acontecendo com o outro. Mas não é raro que a ideia (de suicídio) não seja manifestada claramente, o sofrimento é mais silencioso, a pessoa consegue escondê-lo", diz a psicóloga.

Assim como nosso corpo, a mente também pode adoecer, por isso é importante cuidar da saúde mental e saber lidar com as emoções. Ter uma rotina organizada, manter relações interpessoais (mesmo que remotamente), dormir e se alimentar bem e fazer atividades físicas são algumas das práticas aconselháveis para manter o bem-estar, além de considerar a procura por acompanhamento psicológico, especialmente após surgirem sintomas de desequilíbrio emocional.

 

 

 

Claudia Pimentel - Psicóloga clínica e Gestalt-terapeuta, é psicoterapeuta Sistêmica Familiar; psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental (TCC); especialista em Psicologia Positiva e Clínica Infantil. Claudia é life coach, Master Practitioner em Programação Neurolinguística (PNL) e hipnoterapeuta Ericksoniana.

Desfrute dos óleos essenciais como perfume funcional

Young Living Essential Oils - Lavender 
Divulgação Young Living Essential Oils


Substâncias aromaterápicas perfumam e levam conforto e relaxamento


Os óleos essenciais sintetizam em suas fragrâncias a pureza da natureza. Baseados na aromaterapia, eles são perfumes funcionais únicos pelo seu poder em reestabelecer o equilíbrio da mente e do corpo.  Líder mundial nesse segmento há 25 anos, a Young Living reúne o frescor de plantas, flores e frutos em suas linhas de produtos para tratamentos de autocuidado, com aromas que remetem ao conforto e à liberdade.

Em contato com a pele, óleos essenciais apresentam compostos que percorrem um longo caminho no organismo por meio da corrente sanguínea entregando seus mais diferentes benefícios de acordo com o óleo essencial escolhido para uso tópico. Pela inalação ou via difusor tem uma ação intensa e rápida, que acessam o sistema límbico, que controla a memória e as emoções. Por isso, são capazes de produzir e estimular sensações de bem-estar, apoiar no foco ou nas atividades, ou ainda no controle da ansiedade, entre outros benefícios.


Muito além da fragrância

Com notas fresca e florais, características de uma fragrância clássica, o óleo essencial Lavender inspira a calma e a combater eventuais tensões, suas propriedades ajudam a acalmar a mente e o corpo. Para renovar as energias e contribuir com a concentração, Peppermint, um dos best-sellers da Young Living, atua no hipocampo e diminui os níveis de cortisol, um hormônio ligado ao stress com aroma refrescante que ajuda a recuperar músculos cansados após atividade física.

Outro coadjuvante da perfumaria funcional é o Stress Away, que possui aroma cítrico com uma pitada adocicada por reunir óleo de limão e extrato de baunilha, além dos óleos de copaíba, lavanda e cedro. Ele é ideal para ajudar no ânimo das manhãs e estimular a sensação de conforto, sendo uma fragrância versátil para qualquer momento do dia. Peace & Calming tem uma fragrância reconfortante que cria uma atmosfera de paz e tranquilidade, um blend popular por ser sido desenvolvido pelo fundador da marca, Gary Young, combinando Ylang Ylang, Orange, Tangerine, Patchouli e Blue Tansy.

“O convite da perfumaria funcional é colocar esse aroma para trazer benefícios adicionais que vão além do cheiro, por atuar em diferentes regiões do cérebro como um neurotransmissor para estimular, apoiar e reequilibrar os estados emocionais”, segundo Paloma Doro, diretora de Marketing da Young Living Brasil.

Segundo Dr. Álvaro Machado Dias, neurocientista e professor livre-docente da Universidade Federal de São Paulo, os princípios ativos que compõem os óleos essenciais fazem um convite aos hábitos mais saudáveis e conduzem a jornadas afetivas e sensoriais que alteram nossas relações com o momento presente. “Esses compostos carregam moléculas que efetivamente adentram o organismo, afetando sua homeostase. Por isso, têm efeitos comprovados por estudos científicos”, finaliza.

 



Young Living Essential Oils

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Youtube: Óleos essenciais


Setembro Amarelo: 7 dicas para cuidar da saúde mental em tempos de pandemia

Especialista do CEJAM recomenda atenção especial na quarentena e dá dicas para fortalecer a saúde mental

 

Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das doenças mais incapacitantes do mundo, a depressão atinge mais de 12 milhões de brasileiros. Embora mais frequente entre mulheres, o transtorno não escolhe gênero, faixa etária ou classe social e pode, quando não tratada, levar ao surgimento de outras doenças e, até mesmo, ao suicídio.

De acordo com a psicóloga e Supervisora Técnica de Saúde Mental do CEJAM, Dra. Tatiana Mendes Alencar, o momento atual pede atenção redobrada para sinais que podem indicar depressão. "O isolamento social é uma medida sanitária e necessária para o enfrentamento de grandes pandemias. Contudo, ele pode desencadear ou agravar manifestações psicopatológicas, aumentando o risco do desenvolvimento de um quadro depressivo", alerta.

Entre os problemas que podem surgir nesse período, a especialista cita alterações do humor, ansiedade, estresse, alterações do sono (insônia ou sono em excesso), alteração no apetite (falta de apetite ou apetite em excesso), luto patológico, abuso de drogas, transtornos de adaptação, entre outros.

Diante da importância de trazer esclarecimento à população sobre o tema, a especialista traz recomendações que podem ser feitas em casa e que contribuem para reduzir, prevenir ou evitar essas condições.


7 dicas para fortalecer a saúde mental

1- Realize atividades prazerosas, como meditação, leitura, exercícios de respiração, artesanato, jardinagem, entre outros;

2- Evite a exposição excessiva às notícias diárias, sempre checando a veracidade das informações;

3- Pratique atividade física, que auxilia na redução dos níveis de estresse, além de liberar hormônios que trazem sensação de bem-estar físico e mental;

4- Mantenha contato com amigos e familiares, seja por telefone, videochamadas, redes sociais, etc., compartilhando sentimentos e anseios com pessoas de confiança;

5- Evite o consumo de álcool, tabaco e outras drogas para lidar com as emoções, a fim de não se torne um hábito e traga problemas futuros como a dependência de substâncias psicoativas;

6- Crie uma rotina e busque segui-la. Essa estrutura favorece o equilíbrio emocional e ajuda a reduzir a ansiedade. Isso inclui: refeições saudáveis em horários pré-determinados, manutenção do horário do sono e tempo destinado às atividades profissionais e de lazer em equilíbrio;

7- Compartilhe e participe de ações de cuidado e solidariedade, como por exemplo, campanhas solidárias ou mobilizações que o façam sentir-se parte do meio social.

Dra. Tatiana destaca, ainda, que é importante buscar ajuda especializada quando as estratégias adotadas não forem suficientes, mantendo-se atento caso os sintomas persistam ou se tornem mais intensos.


Tratamentos na rede pública

A especialista explica que o tratamento para depressão envolve diversas áreas, devendo ser feito por uma equipe multiprofissional que possibilite a troca de conhecimentos para a criação de um projeto terapêutico singular, focado nas necessidades específicas de cada paciente.

"Na Saúde Pública, há serviços na Atenção Primária e na Especializada que ofertam apoio em saúde mental. Entre eles há os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), nas modalidades Adulto, Infanto-juvenil e Álcool e Drogas", orienta.

Os CAPS são voltados ao atendimento de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo as enfermidades decorrentes do uso de substâncias psicoativas (álcool e outras drogas). "O CEJAM atua em diversas unidades de São Paulo, oferecendo acompanhamento em saúde mental à população geral, entre eles o CAPS AD III Jardim Ângela, o CAPS Infanto-juvenil II M´Boi Mirim, o Rede Hora Certa II M´Boi Mirim, as UBS com equipe NASF e AMA Especialidade, em Capão Redondo".

Em situações mais graves, a psicóloga ressalta que questões relacionadas à instabilidade financeira, vulnerabilidade social, desemprego, alterações abruptas da rotina entre outras adversidades ampliadas com o isolamento social podem contribuir para a piora de casos de depressão e riscos de suicídio.

"Nesse momento, é fundamental contarmos com estratégias preventivas para diminuir o impacto da pandemia na população. Um importante canal a ser divulgado é o serviço de apoio emocional e prevenção de suicídio do CVV (Centro de Valorização da Vida), acessível a qualquer pessoa pelo telefone 188 ou site http://www.cvv.org.br", reforça.

 


 

Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim - (CEJAM)

http://cejam.org.br/


MULHER CONFORME O DICIONÁRIO

Eu tinha dez anos e duas paixões. Uma se chamava Graça: loirinha, linda, dona do mundo, obrigava-me a manter limpa a bicicleta. Com ela, as coisas eram tratadas de igual para igual: comigo, com a professora, com quem quer que fosse. O nome da outra era Regina. Aluna mais sabida da sala, era, entretanto, tímida, jamais polemizava com alguém. Um dia Guida, colega com um pouco mais de idade, xingou Regina. Interferi. Guida injuriou-me de cavalo. No ato, insultei Guida de vaca.

 

Juro que só troquei uma invectiva por outra. Equivalência: animal por animal. Mas houve um alarido. Sem entender porque um quadrúpede era havido por menos honroso do que outro, ouvi sermão e ameaças de castigo por parte de uma professora furibunda. Só resisti valente ao alvoroço porque contava com o sorriso que Regina me dirigira. Ele me acompanhou por toda a batalha incompreendida que me travaram. Mas não me foi nada fácil sustentar aquela luta sem causa inteligível.

 

Apenas muito mais tarde compreendi, contudo pela metade, a confusão, e só porque ouvi uma senhora, com más caras, referindo-se a sua vizinha. Dizia, com ira na voz e faísca nos olhos: “aquela vaca”. Claro, concluí, vaca é palavrão. Mas o entendimento completo, com vaca querendo significar puta, isso só veio algum tempo depois. Daí – eureca! – o alvoroço da professora. Mas jamais entendi como ela não entendeu que eu não estava entendendo nada. E quase me permiti: “aquela vaca”.

 

Assim fui iniciado na percepção às diferenças. Notei que bastava estar associada ao masculino ou ao feminino para o significado de inúmeras palavras despegar-se completamente do seu sentido léxico oficial, tornando-se dignificador ou pejorativo. Acho curiosas as disciplinas que estudam as relações sociais de poder não nomearem essas distintas acepções. Gostaria de saber como analistas do discurso denominariam, se o fazem, esse fenômeno, que se me ressalta ser de gênero.

 

Há muitos exemplos dessa hedionda discriminação que refiro. O Houaiss me ajuda na demonstração. Tomemos o vocábulo mulher: “na tradição, como indivíduo e/ou coletivamente, representação de um ser sensível, delicado, afetivo, intuitivo; fraco fisicamente, indefeso (o 'sexo frágil'), idealmente belo (o 'belo sexo'), devotado ao lar e à família (mulher do lar) etc”. Já, homem é aquele ser “em que sobressaem qualidades como coragem, força, determinação, vigor sexual”. E o Houaiss é moderno.

 

O Aurélio não difere na carga minorante dos significados. O verbete mulher: “dotada das chamadas qualidade e sentimentos femininos (carinho, compreensão, dedicação ao lar e à família, intuição)”. Formando palavra composta: “mulher-dama; mulher-da-rótula; mulher-da-rua; mulher-da-vida; mulher-da-zona; mulher-de-amor; mulher-de-má-nota; mulher-de-ponta-de-rua; mulher-do-fandango; mulher-do-mundo; mulher-do-pala-aberto; mulher-errada”. Todas são categorizadas como meretriz.

 

Ainda o Aurélio, homem: “dotado das chamadas qualidades viris, como coragem, força, vigor sexual etc”. Em palavras compostas: homem da lei; homem da rua; homem de ação; homem de bem; homem de Deus; homem de empresa; homem de espírito; homem de Estado; homem de letras; homem de negócios; homem de palavra; homem de prol; homem de pulso; homem de sociedade; homem do mundo; homem do povo; homem público. Todas são palavras que enaltecem, proporcionam dignidade.

 

Um texto que roda na internet, denominado A Sociedade Feminina Brasileira queixa-se do tratamento machista, porém, mais ainda do que o dicionário, arremata a comprovação da minha suspeita. Não identifiquei o autor, talvez a manifestação seja da SFB, mas o escrito arrola exemplos bem-acabados do machismo que, na produção de sentido histórico e ideológico das palavras, habita o vocabulário vinculado a gênero nesse nosso caro Brasil. Transcrevo-o sem comentário. Ele fala por si:

 

Cão = melhor amigo do homem; Cadela = puta \\ Vagabundo = desocupado; Vagabunda = puta \\ Touro = homem forte; Vaca = puta \\ Pistoleiro = assassino; Pistoleira = puta \\ Aventureiro = destemido, desbravador; Aventureira = puta \\ Garoto de rua = menino que vive na rua; Garota de rua = puta \\ Homem da vida = pessoa com sabedoria; Mulher da vida = puta \\ O galinha = o "bonzão", que traça todas; A galinha = puta \\ Peixe = bom nadador; Piranha = puta \\ Puto = irritado, bravo; Puta = puta.

 

 

Léo Rosa de Andrade

Doutor em Direito pela UFSC.

Psicanalista e Jornalista.

O consumismo aumentou pois a ansiedade usa a compra como válvula de escape

O cientista e pesquisador Fabiano de Abreu diz que o varejo virtual lucra com a ansiedade

 

Vivemos na era do consumo, da compra, dos bens descartáveis. O ato de querer sempre mais quase perdeu o controle. O neuropsicólogo, psicanalista e especialista em estudos da mente humana Fabiano de Abreu atribui essa necessidade de obter os bens materiais como uma forma de colmatar outras situações da nossa vida.

 

"A ansiedade é um mecanismo de defesa natural, a pulsão necessária para resolvermos pendências. Hoje em dia não só estamos ansiosos devido ao medo e receio do futuro por causa da doença e da questão econômica, estamos mais ansiosos por diversos motivos incluindo o receio, também não estamos usando a ansiedade como utilizávamos já que não temos a mesma rotina causando assim uma pendência, uma falta, já que estávamos programados para o cotidiano repetido, há também o excesso de informações ao dedilhar a rede social e a internet num todo.", explica.

 

Segundo o especialista, o stress e a ansiedade são os gatilhos deste gênero de comportamentos.

 

"Ou seja, temos diversos gatilhos para potencializar a ansiedade gerando assim um stress, já que o stress não é um sentimento nem uma emoção e sim uma reação para uma ação que a ansiedade não resolve. Recebi diversos relatos em minha empresa de empresários que dizem estar faturando em dobro com compras online, inclusive há métodos para aumentar as vendas em uma situação dessas. As pessoas com esta ansiedade potencializada, com tantas pendências sem resolver, enganam o próprio organismo comprando, a compra libera dopamina, neurotransmissor da recompensa e assim disfarça a pendência de conquistas de metas que a liberam.", refere Abreu.

 

Ainda segundo o neuropsicólogo, devemos estar atentos a estas situações, especialmente porque elas podem estar a encobrir quadros mais graves e de difícil resolução.

 

"Somos um circuito que precisa funcionar e o mau funcionamento resulta em disfunções que levam a doenças, então, buscamos saídas mesmo que inconscientemente para “tapar o sol com a peneira” satisfazendo assim neurotransmissores viciantes como a dopamina e ativando outros neurotransmissores pois temos a necessidade de buscar a felicidade.", concluí.

 

 

 

Fabiano de Abreu - Neurofilósofo - neurocientista, neuropsicólogo, neuropsicanalista, neuroplasticista, psicanalista, psicopedagogo, jornalista, filósofo, nutricionista clínico, poeta e empresário. 

 

Registro e currículo como pesquisador: http://lattes.cnpq.br/1428461891222558

Especialistas alertam: cuidados com a saúde mental dos idosos evitam outras doenças



 Com o isolamento social, idosos estão mais sujeitos à ansiedade e estresse. Conforto de profissionais e familiares podem amenizar os danos à saúde. Foto: Arquivo/Solary


O isolamento ocasionado pelo coronavírus (COVID-19) está trazendo um alerta para famílias que têm idosos vivendo sozinhos em casa: o reflexo da saúde mental na saúde física. Profissionais da área de saúde que atuam no cuidado destes pacientes relatam o desenvolvimento de doenças que comprometem a saúde mental e podem afetar o restante do organismo, acarretando em um cenário favorável para o adoecimento físico. "Pessoas que enfrentam quadros de estresse, ansiedade e depressão são afetadas. Elas podem apresentar uma redução da imunidade, maior suscetibilidade de infecções, não só do covid-19, mas pneumonias e infecções urinárias que são mais frequentes em idosos", considera o geriatra Kleber Xavier. O isolamento ocasionado pelo coronavírus (COVID-19) está trazendo um alerta para famílias que têm idosos vivendo sozinhos em casa: o reflexo da saúde mental na saúde física. Profissionais da área de saúde que atuam no cuidado destes pacientes relatam o desenvolvimento de doenças que comprometem a saúde mental e podem afetar o restante do organismo, acarretando em um cenário favorável para o adoecimento físico. "Pessoas que enfrentam quadros de estresse, ansiedade e depressão são afetadas. Elas podem apresentar uma redução da imunidade, maior suscetibilidade de infecções, não só do covid-19, mas pneumonias e infecções urinárias que são mais frequentes em idosos", considera o geriatra Kleber Xavier. 

A psicóloga Regina Celebrone, doutora em Distúrbios da Comunicação que atende idosos há quase duas décadas, destaca a importância do afastamento dos corpos para evitar o contágio, mas da aproximação emocional para preservar a saúde física e psicológica. Para ela, as redes de apoio são fundamentais durante o distanciamento social. "A qualidade de pensamentos, de emoções e afetos atingem diretamente o corpo. A saúde mental está ligada ao biopsicossocial. Neste momento, como os relacionamentos sociais estão tolhidos, cerceados, isso vai interferir na qualidade psicológica e física", explica Regina.


ATENÇÃO E CUIDADOS - Os familiares dos idosos podem contribuir muito para amenizar os riscos de desenvolvimento de doenças durante a pandemia. Conversas interessantes sobre histórias antigas e inclusão em atividades interativas são exemplos de acolhimento. 

Para o geriatra, os idosos que estão vivendo o isolamento acompanhados têm apresentado uma resposta melhor aos desafios do que aqueles que estão completamente sozinhos. "A gente observa que idosos que estão em quarentena com outros idosos, casais, familiares e Casas de Repouso, têm estímulos para contato, estão produzindo e tendo algum tipo de resposta na questão psicossocial", explica Kleber. 


ALTERNATIVA QUE FAZ BEM - Para familiares que não podem estar perto dos idosos constantemente, as casas de hospedagem são uma boa opção. Muitas delas adaptaram o atendimento para proteger os seus hóspedes da contaminação contra o COVID, mas intensificaram as atividades sociais, físicas e a interatividade com amigos e familiares. "Beijos e abraços foram suspensos temporariamente, mas incluímos chamadas de vídeo e áudio diária com os para que eles possam ver e ouvir mães e avós que estão hospedadas conosco", afirma a fundadora da Solary, Roberta Bombonatto. 

Ela conta ainda que o espaço está promovendo visitas pelo portão de entrada, onde a família vê a idosa com distância de três metros. "Nossas cuidadoras acompanham esse momento e garantem a proteção de todos. Também aumentamos as opções de atividades diárias para estimular e garantir a saúde física e mental das nossas moradoras", pontua. 


CUIDADOS ESPECIALIZADOS - Atividades físicas também fazem parte do cotidiano das idosas que participam de aulas de dança, música e fazem fisioterapia. "A interação aumenta para espantar a ansiedade, estresse, tristeza e sentimento de abandono. Doenças oportunistas podem ser geradas com idosos fragilizados. Nosso papel é fortalecê-las com cuidados, carinho e atenção", destaca Jane Mendes, responsável técnica da Solary.

No local, a convivência com pessoas da mesma idade e o acompanhamento integral de profissionais especializados são essenciais para o enfrentamento deste momento. A rotina das moradoras inclui uma série de atividades, como rodas de conversa, jogos de memória, bingos e dominós, e momentos de religiosidade para fortalecer a espiritualidade.

Precisamos fazer hoje o que queremos viver amanhã

Transitoriedade, finitude e imprevisibilidade. A pandemia trouxe impactos para a vida de todas as pessoas, em todo o mundo, e também explicitou para cada um de nós o quanto tudo é transitório, finito e imprevisível. Diante de uma realidade para a qual ninguém estava preparado, com rapidez, tivemos que entender e internalizar essa constatação. Em relação à transitoriedade, muito do que tínhamos ou fazíamos deixou de ter importância - e os modelos e formas de viver se transformaram ou sofreram adaptações. Sobre a finitude, com as notícias da morte de milhares de pessoas, nos lembrando diariamente que nossa vida tem um fim, não há também como não imaginar que tudo, inclusive as coisas, terminarão um dia. E de uma hora para outra, imprevisivelmente, fomos obrigados a dar um turning point, uma virada de 360 graus.

Para algumas pessoas, ou alguns setores, um ou outro aspecto citado acima pode impactar mais ou menos que outros. No caso da Educação, a imprevisibilidade foi o que atingiu em cheio escolas e profissionais dessa área. Nenhuma escola estava preparada para o que aconteceu. Nenhum planejamento realizado para o ano letivo de 2020, que mal havia começado, se encaixou na realidade repentina. E diante disso, muitas lições estão sendo aprendidas, não apenas no plano pessoal, mas também no profissional e educacional. A primeira delas é que o projeto pedagógico de uma escola é um instrumento vivo. Mais do que um documento que muitos imaginavam existir apenas para ser apresentado quando necessário, ele se mostrou realmente como um elemento vivo, que deve ser alterado e adaptado sempre que for preciso. 

Se ele precisar sofrer mudanças todo ano, não há nenhum problema, porque a realidade também pode mudar de um ano para outro (ou em questão de poucos dias). Apenas dessa forma ele conseguirá ser uma ferramenta de apoio e ajuda aos professores, mostrando como atingir os objetivos, chegar às metas definidas e fazer com que os alunos aprendam. Manter um projeto pedagógico, sem fazer alterações, pela simples comodidade do fato de que ele já está pronto, é o que de pior uma escola pode fazer. Ele precisa representar não apenas a escola, mas um contexto, deve dialogar com a realidade e se adaptar a ela. Essa foi a primeira lição que as escolas aprenderam nessa pandemia. 

Outra lição que foi preciso ser aprendida às pressas foi que o uso das mídias digitais não pode mais ser ignorado no processo de aprendizagem. Mais do que nunca, se alguém ainda duvidava do fato de que uma aula pode ser realizada sem ser presencial, acho que agora já está provado que isso é possível. E dessa constatação, abre-se a reflexão para um outro aprendizado: é um erro querer dar uma aula on-line aplicando a mesma metodologia e modus operandi que se aplicaria na modalidade presencial. A tendência de muitos professores de querer fazer igual se faz presencialmente foi o que fez muita gente patinar no início da pandemia. Uma aula de 50 minutos presencial, com 40 alunos numa sala é uma coisa. Querer aplicar a mesma aula, com a mesma prática, na modalidade on-line é diferente. Nem alunos, nem professor conseguirão cumprir seus papéis como fazem quando estão interagindo entre si num mesmo espaço. Então, está claro que não é a mesma coisa, mas não é impossível de se realizar e se obter resultados positivos. Basta adaptar a metodologia. 

Por isso mesmo é que o ensino híbrido se apresentou como uma opção que veio para ficar. Um ensino híbrido integra o melhor das modalidades offline e on-line. E é muito importante que as escolas não esqueçam essa lição depois que tudo isso passar. Essa será uma herança positiva da pandemia para a Educação. Os alunos não serão os mesmos quando as aulas presenciais forem retomadas, após toda essa experiência de interação pedagógica com as mídias digitais. Então, não poderemos continuar oferecendo o mesmo que era oferecido antes da pandemia. A tecnologia a serviço dos processos de aprendizagem será uma realidade ainda maior.

E numa época em que se fala tanto em protagonismo do aluno, essa situação de ensino remoto elevou essa condição. O estudante teve que assumir a responsabilidade de estudar sozinho, fazer pesquisas, formular ideias sem aquela troca natural de experiências e impressões que é possível em sala de aula, com o professor e seus colegas. Mais do que nunca, o aluno se tornou o protagonista do seu processo de aprendizagem. É claro que não se pode deixá-lo sozinho nessa caminhada, largado à própria sorte e, por isso mesmo, escolas e professores precisam (e vão precisar sempre) oferecer a este aluno as melhores possibilidades de aprendizagem, dando orientações e fazendo intervenções.

Por fim, acho que a reflexão que devemos fazer para a Educação é que as escolas foram desafiadas a viver o hoje, o presente. Escolas sempre se apoiaram muito no passado, recorrendo a ele para avaliar quais as melhores experiências, o que deu certo e deve ser mantido (o que também é importante). E além disso, sempre se preocuparam muito com o futuro, com um planejamento para o que está por vir. E aí, chega uma pandemia e mostra que todos nós precisamos dar conta do presente. E isso é muito desafiador. Podemos prever, planejar muitas coisas, mas o que temos de real mesmo é o dia de hoje. Então devemos cuidar do hoje. Precisamos fazer hoje o que queremos viver amanhã.




 Joseph Razouk Junior - diretor editorial do Sistema Positivo de Ensino

 

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