No primeiro ano de
incorporação ao SUS, 30 mil pessoas serão beneficiadas. O novo tratamento
garante mais qualidade de vida e conforto ao paciente
Uma
nova terapia que aumenta as chances de cura e diminui o tempo de tratamento aos
pacientes com hepatite C estará disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) até
dezembro deste ano. Composto pelos medicamentos daclatasvir, simeprevir e
sofosbuvir, o novo tratamento vai beneficiar cerca de 30 mil pessoas nos
próximos 12 meses. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (27) pelo ministro
da Saúde, Arthur Chioro, durante solenidade que marca o Dia Mundial de Luta
Contra as Hepatites, celebrado amanhã (28), em Brasília.
Na cerimônia, foi apresentada a
nova campanha publicitária de prevenção às Hepatites Virais 2015 e o novo
boletim epidemiológico da doença. Também foi lançado o novo Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções. “Estamos incorporando no
SUS o que tem de mais moderno no tratamento para a hepatite C. Com isso, o
Brasil assume a vanguarda na oferta desta terapia, como já fizemos com a aids,
com a oferta de antirretrovirais, afirmou Arthur Chioro durante a solenidade.
O ministro ressaltou que o Brasil
é um dos primeiros países em desenvolvimento ofertar, de forma pública e
sustentável, este tipo de tratamento. “Isso se deu graças aos esforços de
negociação que possibilitaram descontos de até 90% no mercado internacional”,
frisou Chioro.
INDICAÇÃO DO TRATAMENTO - As
novas medicações vão beneficiar pacientes que não podiam receber os tratamentos
ofertados anteriormente, entre eles os portadores de coinfecção com o HIV,
cirrose descompensada, pré e pós-transplante e pacientes com má resposta à
terapia com Interferon, ou que não se curaram com tratamento anterior. A meta é
ampliar a assistência às hepatites virais, minimizando as restrições impostas
pelo tratamento anterior. A nova terapia garante ao paciente mais conforto e
qualidade.
Pacientes que venham a solicitar,
ou que já estejam em tratamento com Boceprevir e Telaprevir, não serão
prejudicados, uma vez que o fornecimento desta medicação será assegurado até o
final do tratamento. O documento também padroniza uma rotina de exames e de
consultas médicas, permitindo maior conhecimento por parte dos profissionais de
saúde, do agravo e da assistência necessária aos pacientes.
O diretor do Departamento de
DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, destacou
que a grande vantagem do novo protocolo é a ampliação do acesso do ao tratamento
de hepatite C crônica. “O protocolo prevê que os novos medicamentos sejam
disponibilizados aos pacientes com co-infecção HIV/Hepatite C, aos
pós-transplantados de fígados e outros órgãos e outras indicações específicas.
Isso irá possibilitar que possamos dobrar o número de pacientes atualmente em
tratamento”, ressaltou o diretor.
Para a compra dos medicamentos,
apenas neste ano, a previsão é de que sejam investidos até R$ 500 milhões. O
Ministério da Saúde conseguiu negociar os preços dos medicamentos com as
indústrias farmacêuticas, com descontos de mais de 90% em relação aos preços de
mercado. Além do novo tratamento, o Protocolo apresenta também as novas
diretrizes para o monitoramento da hepatite C. O Brasil é um dos primeiros
países em desenvolvimento a incorporar esse novo tratamento.
CAMPANHA - Focada
no incentivo ao diagnóstico e ao tratamento, a campanha traz mensagens
com alertas a população. Uma delas, direcionada à população a partir dos
40 anos, incentiva a testagem: “Se você fez cirurgia antes de 1993, precisa
fazer o teste para hepatite C. O teste é o primeiro passo para a cura”.
Nesse público entram pessoas que
sofreram acidentes nessa época (antes de 1993) e precisaram de transplantes,
transfusão de sangue ou que se expuseram a algum tipo de contato com sangue
(por meio de compartilhamento de seringas, objetos cortantes). Os personagens
do filme para TV são pessoas reais que passaram por cirurgias, transfusões ou
transplantes antes de 1993. A campanha conta ainda com material jingle rádio,
cartazes, folhetos, mobiliário urbano e ação de internet.
Outro foco da campanha é a
hepatite tipo B, com jovens adultos como público-alvo. O slogan “Vacina
de três doses Hepatites B. Eu me amo, eu me previno, eu tomo a vacina”,
acompanha as seguintes peças: filme para internet, estratégia rede social,
outdoor nas cidades de Recife, Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Ceilândia (DF) e Mauá (SP), além de exibição de filme em TV internas
de universidades.
Hepatite C – O SUS
garante o acesso aos medicamentos de combate à doença para todos os pacientes
diagnosticados e com indicação de tratamento medicamentoso. Vale ressaltar, que
nem todas as pessoas que contraíram o vírus precisam ser medicadas, sendo uma
recomendação estabelecida por protocolo e avaliação médica.
Em 13 anos de assistência à doença
no SUS, foram notificados e confirmados 120 mil casos, e realizados mais de 100
mil tratamentos. Atualmente são 10 mil casos notificados ao ano. Estima-se que
a tipo C seja a responsável por 350 e 700 mil mortes por ano no mundo. No
Brasil, são registrados cerca de três mil mortes por associadas à hepatite C.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil registra 8.040 novos
casos de câncer de fígado ao ano. A doença é responsável de 31% a 50% dos
transplantes em adultos.
Desde 2011, o país também
distribui testes rápidos para a hepatite C. Naquele ano, foram distribuídos 15
mil testes, já em 2014 o número saltou para 1,4 milhão de testes. Este ano,
está prevista uma compra de 8,6 milhões de testes a serem distribuídos nos
próximos anos.
Sem diagnóstico até 1993, a
hepatite C, como a hepatite B, também é uma doença de poucos sintomas. Outras
formas de transmissão são o compartilhamento de objetos de uso pessoal e para
uso de drogas. A transmissão sexual ainda é um tema muito debatido por
pesquisadores de todo o mundo, estando presente nas populações de jovens;
homens que fazem sexo com outros homens, trans e travestis.
Hepatite B - Um
terço da população mundial – aproximadamente dois bilhões de pessoas – já foi
exposta à hepatite B. No Brasil, estima-se que cerca de 14 milhões de pessoas
(aproximadamente 7,4% da população) podem ter sido expostos à doença. No
entanto, apenas 1% não se curaram espontaneamente, apresentando infecção
crônica. Trata-se de uma doença de poucos sintomas, e que pode passar
despercebida.
A hepatite B apresenta cerca de 17
mil casos confirmados a cada ano no Brasil. Em 2000, foram notificados 1.169
casos, já no ano de 2013 e 2014 foram notificados 17.814 e 17.940 casos
respectivamente, indicando uma estabilidade nos últimos anos. Nesses registros
estão contempladas desde infecções recentes até infecções antigas, mas que
somente foram diagnosticadas naquele ano.
Os dados mostram ainda uma
expressiva queda nos casos de hepatite B em menores de 15 anos de idade dentre
todos os casos notificados. Nesta faixa etária, constatou-se uma redução de
46,2% nos casos de hepatite B. Em 2005, eram 594 casos e já em 2014 o número é
de 320.
A vacinação contra a hepatite B
nas faixas etárias abaixo de 15 anos, que foi implementada pelo Ministério da
Saúde desde 1996, tem uma cobertura nacional acima de 97%, sendo uma das razões
para os índices menores de infecção nessas faixas etárias.
A partir dos 15 anos de idade há
crescimento dos índices da doença em todas as regiões do país. Para reverter
essa situação, a campanha lançada nesta segunda-feira (27) é focada neste
público de adolescentes e adultos jovens para alertar sobre a importância da
vacinação. A vacina está disponível em unidades de saúde para a população até
49 anos de idade ou casos pessoas que apresentarem um fator de risco para
exposição à doença.
A hepatite B é uma doença
transmitida pelo contato com sangue contaminado, podendo também ser adquirida
em relações sexuais sem proteção. Apesar da possibilidade cura espontânea, é
uma doença de maior transmissibilidade que o HIV, resultando em crônica em
cerca de 20% dos casos. Nos casos mais graves, pode levar à cirrose hepática e
câncer de fígado.
HEPATITE A - Desde
2005, a doença vem apresentando redução progressiva de 69,7% no número de
casos. Em 2005, eram 21.554 casos e, em 2014, os dados preliminares apontam
6.520 novos casos.
O novo boletim também demonstra
que, além a queda no número de casos nos últimos anos, a hepatite A permanece
concentrada em faixas etárias mais jovens. As crianças entre 5 e 6 anos de
idade são as mais afetadas. Na faixa etária de menores de 5 anos, são 878
casos, na de 5 a 9 anos são 1.796 casos, totalizando 41% do total de casos.
VACINA - Desde o
ano passado, a vacina para hepatite A é ofertada para crianças entre 1 a 2 anos
de idade incompletos. Esta estratégia tem como objetivo proteger essas crianças
antes de atingirem a idade em que a doença é mais comum. A hepatite A é uma
doença caracterizada, muitas vezes, por diarreia e icterícia (cor amarela de
pele, olhos e mucosas). Entretanto, a doença é frequentemente assintomática e
de elevada transmissibilidade. É transmitida por alimentos, água e objetos
contaminados e, até mesmo, por contato pessoal, se não houver higiene adequad
Nivaldo Coelho
Agência Saúde