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| Atividades ao ar livre demandam o uso de protetor solar e chapéus |
.Mudanças climáticas aumentam o risco de câncer de pele: casos diagnosticados por ano cresceram 20% entre 2014 e 2025 no Brasil
Para a médica especializada em câncer de pele
Camila Jappour Naegele, da Oncologia D’Or, as medidas preventivas devem ser
reforçadas nesta época de eventos climáticos extremos
As
mudanças climáticas têm um grande impacto sobre a saúde, causando doenças como
o câncer de pele não melanoma — o tumor o mais frequente entre os brasileiros,
que responde por 31,3% de todos os tipos de câncer1. O aumento da
temperatura e a intensificação da radiação ultravioleta, em razão da redução da
camada de ozônio, estão contribuindo para um aumento significativo nos casos de
câncer de pele2.
Nos últimos 11 anos no Brasil, os novos casos identificados da doença por ano aumentaram 20%. Em 2014, 182 mil brasileiros receberam o diagnóstico de câncer de pele. Em 2025, esse número saltou para 220 mil3. Nesse mesmo período, a população do país cresceu pouco mais de 5%, passando de 202 milhões pessoas para 213 milhões4,5.
Outra preocupação dos especialistas é o rápido aumento na
incidência de câncer de pele melanoma, que, embora raro, tem alto potencial de
causar metástase. Nos Estados Unidos, o número de novos casos da doença
triplicou nas últimas quatro décadas. Em âmbito global, sua incidência cresceu,
em média, de 4% a 5% ao ano6.
Somado
às consequências das mudanças climáticas, o calor também promove o estilo de
vida ao ar livre, aumentando a exposição ao sol. “Muitas pessoas vão à praia,
praticam esportes, fazem caminhadas, ciclismo e turismo, sem a devida proteção
solar“, observa a médica da Oncologia D’Or Camila Jappour Naegele,
especializada em câncer de pele. “A situação se agrava quando vestem roupas
mais curtas, sem mangas e decotes, sem usar o protetor solar”, destaca.
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| Consultas regulares ao dermatologista propiciam o diagnóstico precoce da doença. |
Câncer de pele e raios ultravioleta
A
relação entre a exposição aos raios ultravioleta e o câncer de pele é complexa.
Envolve fatores como a intensidade e a duração da exposição, a localização
geográfica e a suscetibilidade individual. Condições atmosféricas mais quentes
reduzem a capacidade de absorção desses raios, em especial nas regiões
equatoriais, permitindo que eles atinjam as superfícies terrestres com maior
intensidade2.
As mudanças ambientais afetam desproporcionalmente grupos vulneráveis, como
crianças, idosos e populações em regiões geográficas de alto risco2.
Um estudo da Universidade de Oxford e do Wexham Park Hospital7 no
Reino Unido, comprova que casos de câncer não melanoma crescem
em 5% a cada grau Celsius a mais de temperatura.
Para
suavizar o efeito do câncer de pele associado aos eventos climáticos extremos,
é preciso reforçar as medidas preventivas. Entre elas, estão aplicar protetor
solar, vestir uma roupa com proteção contra os raios ultravioleta e evitar a
exposição ao sol entre as 10 e as 16 horas. A médica Camila Jappour Naegele
chama a atenção para a proteção contra o sol no couro cabeludo. “Também nesta
região é preciso passar protetor solar ou usar boné ou chapéu”, destaca a
oncologista.
Autoexame e consulta ao dermatologista
Além
da prevenção, os especialistas recomendam medidas para facilitar o diagnóstico
precoce da doença e o início do tratamento apropriado. Idealmente, as pessoas
devem fazer consultas anuais ao dermatologista para a identificação de lesões
suspeitas.
O
método ABCDE8 é um dos mais eficazes para ajudar a própria
pessoa a avaliar pintas e manchas que surgem no corpo, assim como suas
características e alterações. Trata-se de um autoexame, que associa cada uma
dessas letras a potenciais mudanças
dessas lesões. São elas: A=Assimetria, B=Borda, C=Cor, D=Dimensão e E=Evolução.
“Quem possui pintas com posições e bordas assimétricas, cores não uniformes ou
diâmetros superiores a 6 milímetros deve adiantar a consulta ao
dermatologista”, conclui Camila Jappour Naegele.
Oncologia
D'Or
Referências
- Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Estimativa 2023:
incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2022.
- Li Wong et al. The impact of climate change on skin cancer
incidence: mechanisms, vulnerabilities, and mitigation strategies. Front.
Public Health. Environmental Health and Exposome. Volume 13 – 2025.
- Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil / Instituto
Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação de Prevenção e
Vigilância. Rio de Janeiro: INCA, 2014.
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Disponível em Link.
- IBGE. Disponível em Link.
- Eva Rawlings Parker, The influence of climate change on skin
cancer incidence – A review of the evidence, International Journal of
Women's Dermatology, Volume 7, Issue 1, 2021.
- AK Bharath et al. Impact of climate change on skin cancer. J R Soc Med. 2009 Jun 1;102(6):215–218. doi:
10.1258/jrsm.2009.080261.
- Portal
do INCA. Disponível em: Link


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