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terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Dezembro Laranja: O câncer de pele influencia na fertilidade?

Entenda quais tratamentos podem impactar a fertilidade e quais cuidados são essenciais para quem sonha em ter filhos após o câncer de pele

 

Dezembro é o mês de conscientização sobre a prevenção do câncer de pele. Também conhecido como Dezembro Laranja, traz à tona uma discussão essencial para quem quer ter filhos: o impacto dos tratamentos oncológicos na fertilidade. O câncer de pele é o tipo de tumor mais frequente no Brasil, respondendo por mais de 30% de todos os casos de câncer no País, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Embora, seja curável na maioria dos casos, se não identificado logo no começo, pode evoluir para um tipo mais grave e demandar tratamentos complexos, como quimioterapia, o que pode afetar a capacidade reprodutiva das pessoas de modo geral. 

Segundo o ginecologista, especialista em reprodução humana e membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida, Marco Antonio Melo, a relação entre câncer de pele e infertilidade não está no tumor em si, mas nos tratamentos utilizados em casos mais graves, especialmente em melanomas avançados: “Os carcinomas basocelular e espinocelular, que são os mais comuns, raramente representam risco para a fertilidade. Já o melanoma em estágio avançado pode exigir terapias como quimioterapia, imunoterapia e radioterapia, que têm potencial de comprometer a função reprodutiva do paciente”, explica. 

Tratamentos mais invasivos podem afetar temporariamente, ou permanentemente, as células reprodutivas. Nas mulheres, o impacto está na reserva ovariana, já que algumas medicações podem destruir os folículos – local onde os óvulos se desenvolvem. Já nos homens, o efeito ocorre sobre as células responsáveis pela produção dos espermatozóides.

 

Quem deve receber orientação sobre preservação da fertilidade?

De acordo com o especialista, o alerta é para pessoas diagnosticadas com melanoma avançado, que podem precisar de terapias sistêmicas com maior toxicidade: “Esses pacientes devem ser orientados antes do início do tratamento sobre opções de preservação da fertilidade, porque alguns quimioterápicos, especialmente os agentes alquilantes, têm maior risco de causar infertilidade”, reforça o especialista.

As alternativas incluem:

  • Homens: congelamento de espermatozoides.
  • Mulheres: congelamento de óvulos (a opção mais indicada), congelamento de embriões para quem tem parceiro fixo ou ainda o congelamento de tecido ovariano, que pode ser reimplantado futuramente.


E depois do tratamento: quando é seguro tentar engravidar?

Para os homens, o retorno da fertilidade pode levar de 6 meses a 2 anos, dependendo do tipo de tratamento. Caso a produção de espermatozóides não se restabeleça, o material congelado antes do tratamento se torna uma alternativa segura.

Para as mulheres, o intervalo recomendado para tentar engravidar costuma variar entre 2 e 5 anos após o tratamento do melanoma, justamente o período com maior risco de recorrência. “Em melanomas mais avançados, esse tempo pode ser ainda maior do que 5 anos. A decisão é sempre individualizada, considerando idade, risco de retorno da doença e saúde geral da paciente”, destaca Melo.


Prevenir ainda é a melhor estratégia, mas informação também protege

O Dezembro Laranja existe para conscientizar e reforçar o papel essencial da proteção solar, do diagnóstico precoce e do acompanhamento dermatológico. Mas, para além da prevenção, a conscientização também abre espaço para falar sobre cuidados durante e pós-tratamento, como ter filhos: “informação clara salva não apenas vidas, mas projetos de vida. Quando falamos de câncer e reprodução, a preservação da fertilidade precisa fazer parte do cuidado integral ao paciente”, finaliza Marco.


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