Entenda quais tratamentos podem impactar a fertilidade e quais cuidados são essenciais para quem sonha em ter filhos após o câncer de pele
Dezembro é o mês de conscientização sobre a prevenção do câncer de pele. Também conhecido como Dezembro Laranja, traz à tona uma discussão essencial para quem quer ter filhos: o impacto dos tratamentos oncológicos na fertilidade. O câncer de pele é o tipo de tumor mais frequente no Brasil, respondendo por mais de 30% de todos os casos de câncer no País, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Embora, seja curável na maioria dos casos, se não identificado logo no começo, pode evoluir para um tipo mais grave e demandar tratamentos complexos, como quimioterapia, o que pode afetar a capacidade reprodutiva das pessoas de modo geral.
Segundo o ginecologista, especialista em reprodução humana e membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida, Marco Antonio Melo, a relação entre câncer de pele e infertilidade não está no tumor em si, mas nos tratamentos utilizados em casos mais graves, especialmente em melanomas avançados: “Os carcinomas basocelular e espinocelular, que são os mais comuns, raramente representam risco para a fertilidade. Já o melanoma em estágio avançado pode exigir terapias como quimioterapia, imunoterapia e radioterapia, que têm potencial de comprometer a função reprodutiva do paciente”, explica.
Tratamentos
mais invasivos podem afetar temporariamente, ou permanentemente, as células
reprodutivas. Nas mulheres, o impacto está na reserva ovariana, já que algumas
medicações podem destruir os folículos – local onde os óvulos se desenvolvem.
Já nos homens, o efeito ocorre sobre as células responsáveis pela produção dos
espermatozóides.
Quem deve receber orientação sobre preservação da fertilidade?
De acordo com o especialista, o alerta é para pessoas
diagnosticadas com melanoma avançado, que podem precisar de terapias sistêmicas
com maior toxicidade: “Esses pacientes devem ser orientados antes do início
do tratamento sobre opções de preservação da fertilidade, porque alguns
quimioterápicos, especialmente os agentes alquilantes, têm maior risco de
causar infertilidade”, reforça o especialista.
As
alternativas incluem:
- Homens: congelamento de
espermatozoides.
- Mulheres: congelamento de
óvulos (a opção mais indicada), congelamento de embriões para quem tem
parceiro fixo ou ainda o congelamento de tecido ovariano, que pode ser
reimplantado futuramente.
E depois do tratamento: quando é seguro tentar engravidar?
Para os homens, o retorno da fertilidade pode levar
de 6 meses a 2 anos, dependendo do tipo de tratamento. Caso a produção de
espermatozóides não se restabeleça, o material congelado antes do tratamento se
torna uma alternativa segura.
Para
as mulheres, o intervalo recomendado para tentar engravidar costuma variar
entre 2 e 5 anos após o tratamento do melanoma, justamente o período com maior
risco de recorrência. “Em melanomas mais avançados, esse tempo pode ser
ainda maior do que 5 anos. A decisão é sempre individualizada, considerando
idade, risco de retorno da doença e saúde geral da paciente”, destaca Melo.
Prevenir ainda é a melhor estratégia, mas informação também
protege
O
Dezembro Laranja existe para conscientizar e reforçar o papel essencial da
proteção solar, do diagnóstico precoce e do acompanhamento dermatológico. Mas,
para além da prevenção, a conscientização também abre espaço para falar sobre
cuidados durante e pós-tratamento, como ter filhos: “informação clara salva
não apenas vidas, mas projetos de vida. Quando falamos de câncer e reprodução,
a preservação da fertilidade precisa fazer parte do cuidado integral ao paciente”,
finaliza Marco.
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