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sexta-feira, 18 de julho de 2025

Com redes sociais em alta, FOMO cresce e afeta saúde mental dos adolescentes

Ansiedade e depressão estão entre os principais impactos emocionais causados pela hiperconexão digital 

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o suicídio já é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos — um dado alarmante que evidencia o sofrimento emocional dessa geração. Com o aumento da exposição digital, principalmente entre os mais jovens, e a elevação dos índices de ansiedade e depressão, a FOMO tornou-se um tema central nas discussões sobre os efeitos psicológicos do uso excessivo das redes sociais.

Mas o que é a FOMO? A Síndrome de FOMO (sigla para Fear of Missing Out, ou “medo de estar perdendo algo”) é um fenômeno psicológico que provoca uma constante sensação de ansiedade ou inquietação, baseada na ideia de que outras pessoas estão vivendo experiências melhores, mais divertidas ou mais gratificantes enquanto você está de fora.

Já uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), divulgada no início deste ano, revelou outro dado importante: 62% dos jovens brasileiros relatam sentimentos de tristeza ou ansiedade após longos períodos nas redes — especialmente ao consumir conteúdos ligados a padrões de beleza, estilo de vida e conquistas profissionais. Estudos também associam diretamente o uso exagerado da internet ao aumento das tentativas de suicídio e ao agravamento de transtornos mentais.

As redes sociais, que funcionam como vitrines digitais altamente editadas e filtradas, frequentemente provocam frustração e sensação de inadequação. A constante exposição a essas “vidas perfeitas” gera uma pressão psicológica nos jovens, que se veem tentando alcançar padrões irreais de felicidade. A comparação estética, por sua vez, tem contribuído para o crescimento dos transtornos alimentares e da baixa autoestima.

Segundo a neuropsicóloga da ESAMC Jundiaí Adriana Sanged Durante, há um conjunto de fatores emocionais, comportamentais e até neurológicos por trás desse comportamento. “Muitos acabam conectando sua autoestima ao número de curtidas, comentários e seguidores que recebem, como se o valor pessoal estivesse medido ali, nas reações das outras pessoas”, explica.

A especialista também comenta como a FOMO contribui para esse ciclo de uso constante da internet. “A FOMO faz com que os jovens chequem compulsivamente as redes, como se precisassem estar sempre atualizados, mesmo que isso custe o tempo real, o descanso ou até a paz mental. É uma demanda silenciosa que pesa, sem que muitos sequer percebam o quanto estão sendo afetados”, completa Adriana.

Apesar de toda a interação virtual, muitos jovens têm se afastado do convívio presencial sem perceber. Acham que estão mantendo vínculos saudáveis, mas, na prática, vivem uma falsa sensação de segurança emocional. Estar atrás das telas dá a ilusão de conexão, enquanto os laços humanos reais se enfraquecem.

“É essencial que pais e responsáveis estabeleçam limites de tempo de tela, com pausas planejadas e um uso mais consciente das redes. Também vale incentivar atividades presenciais, como esportes, arte, rodas de leitura, encontros com amigos e família — tudo que possa reconectar com o mundo fora da internet”, orienta a neuropsicóloga.

No campo da psicologia, há abordagens terapêuticas eficazes para ajudar os jovens a encontrarem um equilíbrio mais saudável entre o digital e o presencial. Uma das mais indicadas é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que atua na identificação e na reestruturação de pensamentos distorcidos, como a constante comparação com os outros, a necessidade de validação externa e a sensação de inadequação.

Outro ponto fundamental é a participação ativa da família no processo terapêutico. Um ambiente acolhedor, com apoio emocional e limites bem definidos, pode ser decisivo para a recuperação do bem-estar emocional dos adolescentes. Práticas complementares, como a meditação e a adoção de atividades offline, também são indicadas para promover o equilíbrio emocional e reduzir a dependência digital.

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as plataformas digitais podem ser responsabilizadas por conteúdos prejudiciais publicados por usuários, mesmo sem decisão judicial prévia, em casos como discurso de ódio e fake news. A medida representa um avanço importante na responsabilização das empresas. “Essas plataformas têm grande influência sobre o comportamento e a saúde emocional de seus usuários, principalmente de crianças e adolescentes, ainda em fase de desenvolvimento. Apesar de iniciativas nesse sentido, as mudanças seguem ocorrendo de forma lenta”, alerta a Dra. Adriana.


Adriana Sanged Durante - Neuropsicóloga, atua como psicóloga com mais de 30 anos de experiência clínica, pós-graduada em Neuropsicologia e atualmente pós-graduanda em Psiquiatria Infantil e da Adolescência. Trabalha com atendimentos psicológicos particulares, tanto presenciais em Jundiaí quanto online, alcançando pacientes em diferentes regiões do Brasil e do mundo. Conduz acompanhamentos voltados a crianças, adolescentes, adultos e idosos, lidando com diversas demandas como TDAH, TOD, TAG, TOC, depressão, transtornos alimentares, transtorno bipolar, tentativas de suicídio e relacionamentos abusivos. Realiza também, avaliações neuropsicológicas para todas as faixas etárias. Além da atuação clínica, compartilha sua experiência no mundo acadêmico, como docente na ESAMC Jundiaí, lecionando disciplinas como Psicologia, Psicologia do Consumidor, Projetos e PGEs, nos mais diversos cursos superiores.
 
ESAMC Jundiaí - instituição de ensino superior reconhecida pela excelência acadêmica, infraestrutura moderna e forte conexão com o mercado de trabalho


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