Ansiedade e depressão estão entre os principais
impactos emocionais causados pela hiperconexão digital
Segundo a
Organização Mundial da Saúde, o suicídio já é a terceira principal causa de
morte entre jovens de 15 a 29 anos — um dado alarmante que evidencia o
sofrimento emocional dessa geração. Com o aumento da exposição digital,
principalmente entre os mais jovens, e a elevação dos índices de ansiedade e
depressão, a FOMO tornou-se um tema central nas discussões sobre os efeitos
psicológicos do uso excessivo das redes sociais.
Mas o que é
a FOMO? A Síndrome de FOMO (sigla para Fear of Missing Out, ou “medo de estar
perdendo algo”) é um fenômeno psicológico que provoca uma constante sensação de
ansiedade ou inquietação, baseada na ideia de que outras pessoas estão vivendo
experiências melhores, mais divertidas ou mais gratificantes enquanto você está
de fora.
Já uma pesquisa
da Universidade de São Paulo (USP), divulgada no início deste ano, revelou
outro dado importante: 62% dos jovens brasileiros relatam sentimentos de
tristeza ou ansiedade após longos períodos nas redes — especialmente ao
consumir conteúdos ligados a padrões de beleza, estilo de vida e conquistas
profissionais. Estudos também associam diretamente o uso exagerado da internet
ao aumento das tentativas de suicídio e ao agravamento de transtornos mentais.
As redes
sociais, que funcionam como vitrines digitais altamente editadas e filtradas,
frequentemente provocam frustração e sensação de inadequação. A constante
exposição a essas “vidas perfeitas” gera uma pressão psicológica nos jovens,
que se veem tentando alcançar padrões irreais de felicidade. A comparação
estética, por sua vez, tem contribuído para o crescimento dos transtornos
alimentares e da baixa autoestima.
Segundo a
neuropsicóloga da ESAMC Jundiaí Adriana Sanged Durante, há um conjunto de
fatores emocionais, comportamentais e até neurológicos por trás desse
comportamento. “Muitos acabam conectando sua autoestima ao número de curtidas,
comentários e seguidores que recebem, como se o valor pessoal estivesse medido
ali, nas reações das outras pessoas”, explica.
A
especialista também comenta como a FOMO contribui para esse ciclo de uso
constante da internet. “A FOMO faz com que os jovens chequem compulsivamente as
redes, como se precisassem estar sempre atualizados, mesmo que isso custe o
tempo real, o descanso ou até a paz mental. É uma demanda silenciosa que pesa,
sem que muitos sequer percebam o quanto estão sendo afetados”, completa
Adriana.
Apesar de
toda a interação virtual, muitos jovens têm se afastado do convívio presencial
sem perceber. Acham que estão mantendo vínculos saudáveis, mas, na prática,
vivem uma falsa sensação de segurança emocional. Estar atrás das telas dá a
ilusão de conexão, enquanto os laços humanos reais se enfraquecem.
“É essencial
que pais e responsáveis estabeleçam limites de tempo de tela, com pausas
planejadas e um uso mais consciente das redes. Também vale incentivar
atividades presenciais, como esportes, arte, rodas de leitura, encontros com
amigos e família — tudo que possa reconectar com o mundo fora da internet”,
orienta a neuropsicóloga.
No campo da
psicologia, há abordagens terapêuticas eficazes para ajudar os jovens a
encontrarem um equilíbrio mais saudável entre o digital e o presencial. Uma das
mais indicadas é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que atua na
identificação e na reestruturação de pensamentos distorcidos, como a constante
comparação com os outros, a necessidade de validação externa e a sensação de
inadequação.
Outro ponto
fundamental é a participação ativa da família no processo terapêutico. Um
ambiente acolhedor, com apoio emocional e limites bem definidos, pode ser
decisivo para a recuperação do bem-estar emocional dos adolescentes. Práticas
complementares, como a meditação e a adoção de atividades offline, também são
indicadas para promover o equilíbrio emocional e reduzir a dependência digital.
Recentemente,
o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as plataformas digitais podem ser
responsabilizadas por conteúdos prejudiciais publicados por usuários, mesmo sem
decisão judicial prévia, em casos como discurso de ódio e fake news. A medida
representa um avanço importante na responsabilização das empresas. “Essas
plataformas têm grande influência sobre o comportamento e a saúde emocional de
seus usuários, principalmente de crianças e adolescentes, ainda em fase de
desenvolvimento. Apesar de iniciativas nesse sentido, as mudanças seguem
ocorrendo de forma lenta”, alerta a Dra. Adriana.
ESAMC Jundiaí - instituição de ensino superior reconhecida pela excelência acadêmica, infraestrutura moderna e forte conexão com o mercado de trabalho
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